Recentemente publicamos no E-Commerce Brasil um conteúdo sobre a preferência do consumidor brasileiro por empresas que prezam questões sociais e ambientais. Nos Estados Unidos, ao que tudo indica, esta preocupação também está bastante em voga. Aliás, é ainda mais forte quando o produto em evidência é derivado da floresta, como é o caso dos móveis. “Pessoas estão percebendo que aquela compra online barata, alegre e divertida tem um custo ambiental alto e precisa ser repensado”, disse Gregg Brockway, CEO e cofundador da Chairish.
Dentro desse comentário de Gregg existe um número alarmante levantado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Afinal, os americanos descartam cerca de 12 milhões de toneladas de móveis todos os anos — é quase seis vezes a quantidade descartada em 1960, por exemplo. Devido a esse posicionamento ambiental, a Chairish viu em 2020 suas vendas de móveis de segunda mão aumentarem 60%. Com essa mudança de comportamento, a empresa descobriu que para 70% de seus compradores, lidar com as mudanças climáticas é mais importante do que nunca. Além disso, 80% dos clientes afirmam que a qualidade dos produtos é importante na escolha de móveis e decoração, uma vez que durará mais.
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Em 2020, as vendas online de móveis e utensílios domésticos nos Estados Unidos atingiram mais de US$ 36 bilhões. Espera-se que até 2027 o mercado de móveis e utensílios domésticos ultrapasse os US$ 177 bilhões, representando um crescimento de vendas de 127%. Um ponto interessante no aumento da procura por móveis de segunda mão está na logística. Afinal, a peça vintage e exclusiva está pronta para ser enviada, enquanto um modelo novo (ou feito com exclusividade) pode levar de 12 ou mais semanas para a entrega.
Mercado de móveis reciclados
Para Gregg, o crescimento maior das vendas da Chairish ocorreu em áreas com maior concentração de designers de interiores. “Centros populacionais nas costas leste e oeste, por exemplo, assim como em certas áreas do centro-oeste e do Texas, foram as que mais compraram de nós”, afirmou. Outra empresa americana que descobriu o nicho dos móveis usados foi a REDU, que possui sede no Brooklyn. Segundo Madi Rogers, gerente de marketing, “a indústria de sustentabilidade tem crescido constantemente nos últimos 20 anos. Entretanto, apenas agora o impacto dessa produção no meio ambiente se tornou inevitável”.
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No caso da REDU, a questão da sustentabilidade é ainda maior, uma vez que a empresa literalmente recria móveis com resíduos de outras peças. Aliás, suprimento nesta área é o que não falta: em Nova Iorque, 60% dos resíduos secos de construção são reutilizáveis! “Cada peça que criamos é feita a partir de um produto existente que resgatamos e transformamos, ou é feita do zero”, disse Rogers. E ela completou: “A economia circular é o futuro e estamos prontos para liderar o caminho”. Para tanto, há um enorme esforço da REDU no sentido de identificar os fluxos de resíduos de empresas e fabricantes vizinhos — para, enfim, reaproveitar os materiais em criações exclusivas de móveis domésticos. “O que é lixo para alguém, para nós é um tesouro”, conclui.
Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil