O Governo brasileiro reagiu publicamente à abertura de uma investigação comercial pelos Estados Unidos contra o país, em um processo que menciona, ainda que de forma indireta, o Pix. A resposta veio por meio das redes sociais oficiais, com uma campanha que busca reforçar o apoio à ferramenta de pagamentos instantâneos e rebater suspeitas de práticas desleais.
A iniciativa foi publicada na tarde de quarta-feira (16), com a frase “O Pix é nosso, my friend” estampando uma peça visual no perfil oficial do Governo no X (antigo Twitter). A publicação ironiza a reação norte-americana:

“Parece que nosso PIX vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema Seguro, Sigiloso e Sem taxas.”
Na mesma mensagem, o Planalto reforça a confiança da população na ferramenta:
“Só que o Brasil é o quê? Soberano. E tem muito orgulho dos mais de 175 milhões de usuários do PIX, que já é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros. Nada de mexer com o que tá funcionando, ok?”

Campanha busca conter ruídos e reafirmar soberania
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, a campanha tem como objetivo transmitir segurança à população quanto à legalidade e à continuidade do Pix, mesmo diante da pressão externa. A comunicação também visa evitar novos boatos, como os que circularam recentemente sobre uma suposta taxação do sistema, o que gerou forte repercussão negativa nas redes.
Até o momento, o Governo não definiu um único porta-voz para o tema. A estratégia de resposta deve ser coordenada entre o Itamaraty, os Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, da Justiça e o Banco Central.
Investigação dos EUA mira comércio digital e pagamentos eletrônicos
A reação do Planalto ocorre um dia após o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) anunciar a abertura de uma investigação formal contra o Brasil. O processo foi iniciado a pedido do presidente norte-americano Donald Trump.
Embora o Pix não seja mencionado diretamente no documento, o texto aponta preocupações com “serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, incluindo sistemas gerenciados por governos.
O USTR alega haver indícios de que o Brasil adota “atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.
Repercussão e próximos passos
A investigação norte-americana ainda está em fase inicial, mas já repercute tanto no mercado quanto nos canais institucionais brasileiros. Enquanto isso, o Governo Federal tenta transformar a ofensiva internacional em uma oportunidade para consolidar a imagem do Pix como símbolo de inovação nacional.
A expectativa é de que o Brasil mantenha o posicionamento firme em defesa da própria regulação do setor, ressaltando a soberania sobre suas políticas de pagamento digital.