A digitalização dos serviços financeiros está promovendo transformações significativas e o Open Finance vem ganhando destaque ao permitir o compartilhamento de informações financeiras entre instituições – com o consentimento dos clientes. A partir disso, há um aprimoramento da análise de dados, aumento na eficiência da concessão de crédito, gestão de riscos e personalização de ofertas.
Diferente do Open Banking, que lida apenas com dados bancários, o Open Finance abrange produtos como crédito, investimentos e seguros, oferecendo aos consumidores mais controle sobre suas informações. No Brasil, o sistema vem ganhando participação tanto com os consumidores quanto com instituições financeiras.
Segundo o Open Finance Maturity Index Brasil 2024, desenvolvido pela Capgemini, o Brasil está entre os ecossistemas de Open Finance mais avançados globalmente, com uma maturidade de 77% – similar a mercados líderes, como Reino Unido e Austrália.
Esse progresso é percebido no aumento da confiança dos usuários: até o final de 2023, mais de 5,6 milhões de brasileiros haviam autorizado o compartilhamento de seus dados financeiros. Em 2024, o número superou 42 milhões no primeiro semestre.
Educação financeira precisa avançar primeiro
No entanto, mesmo com um crescimento expressivo, o Open Finance ainda enfrenta desafios em termos de conscientização e adoção em larga escala no país. Uma pesquisa do Datafolha observa que metade dos brasileiros ainda desconhecem o Open Finance. Entre os entrevistados, 55% nunca ouviram falar do sistema, e 19% relataram estar mal-informados sobre o tema.
Os dados evidenciam que, embora o sistema esteja ganhando popularidade, sua ampla adoção exige tempo e investimentos em educação financeira.
As fintechs e os bancos digitais lideram o movimento, concentrando a maior parte dos 17 milhões de consentimentos ativos até 2024, de um total de 30 milhões computados no sistema. Entretanto, apenas 5% dos brasileiros se consideram “bem informados” sobre o Open Finance, enquanto 22% afirmam estar “mais ou menos” informados.
Murilo Rabusky, diretor de negócios da Lina Open X, explica: “esses números evidenciam a necessidade de iniciativas robustas por parte das próprias instituições financeiras para que os benefícios do Open Finance sejam amplamente percebidos. Embora a tecnologia ofereça oportunidades significativas, ainda há um longo caminho até que o sistema seja totalmente compreendido e adotado por todas as camadas da população”.
Apesar dos desafios, o levantamento sugere que o ecossistema de Open Finance, no Brasil, pode contribuir para um aumento de 25% no volume de negócios financeiros até 2025, impulsionado pela inovação e pelo uso mais eficiente dos dados.
Benefícios do sistema
Utilizando o Open Finance as empresas conseguem acessar uma visão consolidada dos dados financeiros de seus clientes, melhorando os processos de análise. Entre os principais benefícios estão: avaliação de risco, personalização de ofertas, facilidade na concessão de crédito e identificação de fraudes.
Primeiramente, na avaliação de risco, as organizações têm acesso a um histórico financeiro completo, abrangendo dados de diversas instituições, permitindo uma avaliação de crédito mais precisa. O relatório da Capgemini aponta que 74% das instituições que fazem uso do Open Finance reduziram significativamente as taxas de inadimplência, em função da melhora na análise de risco.
Quanto à personalização de ofertas, é possível desenhar uma visão mais clara do comportamento financeiro dos clientes. As empresas podem personalizar as ofertas de crédito, investimentos e seguros. De acordo com a Capgemini, 80% dos consumidores têm maior propensão a contratar produtos financeiros a partir de ofertas personalizadas baseadas nos dados compartilhados.
O Open Finance torna o processo de concessão de crédito mais ágil e eficiente. Segundo o Banco Central do Brasil, a adoção total do Open Finance pode diminuir, em até 30%, o tempo de concessão de crédito.
Por fim, na identificação de fraudes, o sistema também desempenha um papel fundamental na segurança financeira, ajudando a detectar comportamentos irregulares e prevenir fraudes. A partir de dados em tempo real, identificar movimentações suspeitas com maior rapidez se torna possível. Além disso, empresas que utilizam o Open Finance relataram uma redução de 27% nas fraudes relacionadas a produtos financeiros, de acordo com a Capgemini.
“Com a expansão contínua do Open Finance no Brasil e no mundo, as instituições que utilizarem esses dados de forma estratégica estarão melhor posicionadas para oferecer soluções financeiras que atendam às necessidades reais dos consumidores”, conclui Rabusky.