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Pingentes viram aposta das grifes de luxo em meio à desaceleração global

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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Depois de quase duas décadas de crescimento contínuo, o setor de luxo vive um momento de freio inédito. Um levantamento da Bain & Company mostra que, pela primeira vez em 15 anos, o consumo de produtos de alto padrão perdeu fôlego. Desde 2023, a base global de clientes das grandes maisons encolheu em cerca de 50 milhões de pessoas. O movimento reflete um desinteresse crescente da Geração Z, que prefere gastar em experiências ou em produtos mais conectados às tendências digitais e culturais.

Pingentes de luxo de bolsas
(Imagem: reprodução)

Esse novo cenário pressiona marcas como Louis Vuitton, Gucci, Dior e Prada a repensarem estratégias. O caminho encontrado foi justamente abandonar a postura de exclusividade rígida e se aproximar do que circula nas ruas e nas redes sociais. É nesse contexto que surge a aposta nos pingentes para bolsas e malas, acessórios irreverentes que, apesar de caros, se tornam mais acessíveis do que os clássicos ícones do luxo.

Impacto imediato no mercado

Do croissant da Longchamp ao caranguejo colorido da Louis Vuitton, os pingentes podem ultrapassar US$ 1,4 mil, mas ainda representam uma porta de entrada mais democrática para quem sonha em carregar um símbolo de grife. A mudança marca um contraste com a postura anterior do setor, que por anos desprezou com orgulho esse tipo de tendência popular.

E, ao que tudo indica, a aposta tem dado resultado. A Tapestry Inc., dona da Coach e da Kate Spade, registrou receita recorde de US$ 1,7 bilhão no último trimestre, avanço de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Só a Coach cresceu 14%.

“Estamos arrebentando com os pingentes de bolsa”, afirmou Todd Kahn, CEO da companhia.

Para Neil Saunder, diretor-gerente da GlobalData, arriscar é indispensável para que as marcas continuem relevantes em meio à transformação do mercado.

A origem da tendência

O movimento, no entanto, não nasceu no luxo. Em 2024, celebridades como Rihanna e a cantora Lisa, do Blackpink, foram vistas com bolsas decoradas por bonecos estranhos e chamativos. Os labubus, como ficaram conhecidos, misturam traços de gremlin, duende e coelho, com dentes pontudos e olhos arregalados.

Criados pela chinesa Pop Mart, os brinquedos se tornaram fenômeno colecionável nas redes sociais e despertaram atenção imediata das grifes. O sucesso transformou a empresa: avaliada em cerca de 420 bilhões de dólares de Hong Kong, a Pop Mart já vale mais de nove vezes a Mattel e quase cinco vezes a Hasbro. Entre outubro de 2024 e agosto de 2025, suas ações dispararam 210%.

O que esperar daqui para frente

Para Deborah Aitken, analista da Bloomberg Intelligence, os pingentes devem representar uma fatia pequena, mas estratégica, no faturamento das maisons.

“A tendência mantém as marcas ativas na mente dos compradores, mas com impacto financeiro limitado”, afirmou ao Business of Fashion.

Ainda que especialistas vejam o movimento como passageiro, o fato é que as grifes têm recorrido a diretores criativos mais jovens. A ideia é acompanhar de perto a velocidade das mudanças culturais e atender às expectativas de uma nova geração de consumidores, cada vez mais exigente e conectada.

Da artesania às experiências digitais, o luxo vive um momento único de redescoberta. Quer entender como tradição e inovação se encontram nesse novo cenário? O Congresso E-Commerce de Luxo 2025, no dia 2 de setembro, em São Paulo, será o palco dessas discussões e de muito networking com líderes e executivos do segmento. Nos vemos lá?