Comprar uma bolsa da Louis Vuitton ou uma roupa da Gucci pode estar fora do alcance da maioria, mas o mercado de luxo continua sendo motor de consumo global. Em 2024, o setor movimentou cerca de 1,48 trilhão de euros no mundo, segundo a Bain & Company. Agora, o tarifaço de 15% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos da União Europeia, origem dos principais artigos de luxo, coloca em xeque parte dessa engrenagem comercial.

Impacto das tarifas no consumo de alto luxo
Especialistas avaliam que as tarifas dificilmente vão afastar os consumidores habituais das marcas de prestígio. Esse público, mais imune a variações de preço, tende a absorver aumentos sem alterar substancialmente seus hábitos de compra. Além disso, a ampla margem de lucro dessas grifes permite que muitas optem por não repassar integralmente o custo extra ao consumidor.
No entanto, o impacto pode ser maior em marcas menos consolidadas ou em itens de maior rotatividade, como bolsas, calçados, perfumes e cosméticos, em que a sensibilidade de preço é mais perceptível. A preocupação cresce porque os Estados Unidos representam um dos maiores mercados para o luxo europeu: a relação comercial entre o país e a União Europeia respondeu por 30% das trocas globais em 2024, movimentando cerca de US$ 2 trilhões, segundo o Conselho Europeu.
O setor de bebidas também sente o efeito direto das tarifas. A Federação de Exportadores de Vinhos e Licores Franceses (FEVS) alertou que as medidas podem reduzir as vendas em até 25% nos EUA, o que equivale a perdas de 1 bilhão de euros e ameaça 600 mil empregos ligados à cadeia produtiva.
A crise silenciosa da moda de luxo
Mesmo antes do tarifaço, o mercado de luxo já vinha enfrentando turbulências. Em 2024, o setor de moda italiano, que inclui roupas, joias, óculos e beleza, faturou 96 bilhões de euros, queda de 5,3% em relação ao ano anterior, segundo a Câmara Nacional da Moda.
Grupos gigantes também sofrem. A francesa Kering, controladora da Gucci, registrou queda de 62% no lucro líquido em 2024, para 1,13 bilhão de euros. A receita caiu 12%, para 17,19 bilhões de euros, impactada principalmente pela queda de 23% nas vendas da Gucci, que enfrenta dificuldades persistentes.
Mudança de gerações e novos hábitos
Parte da crise se explica pela transformação do perfil do consumidor. Enquanto o público acima dos 40 anos segue sendo o principal cliente das grifes, os mais jovens demonstram menor apego a bens de alto valor. Experiências, tecnologia e estilo de vida pesam mais do que itens como bolsas icônicas ou carros de luxo.
Além disso, fatores como insegurança urbana e instabilidade econômica global influenciam na decisão de compra. Em tempos de guerras e inflação, cresce a tendência de austeridade mesmo entre os consumidores mais ricos.
O que esperar daqui para frente
Se o tarifaço de 15% vai ou não redesenhar o futuro do mercado de luxo europeu, só o médio e longo prazo dirão. Por ora, o cenário mostra um setor que já vinha em retração e que agora enfrenta um desafio extra em um de seus maiores mercados consumidores. A combinação de tarifas, instabilidade econômica e mudança de hábitos das novas gerações pode acelerar um processo de transformação estrutural para as grifes globais.
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