A publicidade precisa ter cara de publicidade? Se bem sinalizada, ela pode fazer parte da navegação sem interromper o fluxo de entretenimento do usuário.
Rogerio Nicolai, Diretor de Negócios do Pinterest para o Brasil, falou sobre as principais tendências para 2025 durante o Congresso Indústria Digital 2025, realizado pelo E-Commerce Brasil, no dia 16 de outubro.
De acordo com ele, o ser humano sempre buscou prever o futuro, seja para se proteger de perigos ou para planejar colheitas. “Prever o futuro é algo do nosso dia a dia, sempre estamos tentando mapear o que está ao nosso redor para saber como reagir”, argumenta.
“Desde pequenos aprendemos a relação entre causa e consequência: o bebê chora, os pais vêm buscar, e assim por diante”, ele pontua. “Nós não só tentamos prever o futuro como tentamos manipulá-lo”. É isso que a indústria e o e-commerce fazem ao acompanhar tendências para saber o que vender no ano seguinte.
Para ele, o Pinterest é este lugar também para o usuário, ou seja, uma plataforma em que as pessoas busquem idéias e realizem seus sonhos do mundo real com base no que planejaram com os Pins.
A geração Z está mostrando o futuro
Sonhar, planejar, idealizar. Essas são algumas das palavras usadas para descrever a natureza de navegação e consumo de conteúdo dentro da plataforma. “As pessoas não usam a plataforma para compartilhar o que estão vivendo, ou o passado, mas sim para planejar o que pode acontecer, há uma intenção de futuro”.
Dentro deste cenário, 40% dos usuários ativos do Pinterest no Brasil são da geração Z. Eles salvam 2,5 vezes mais do que as outras gerações. Inclusive produtos: “quando os produtos aparecem de maneira relevante, as pessoas tendem a vê-lo como parte do conteúdo”.
Essa é a geração que mais cresce proporcionalmente dentro da plataforma (30% a mais do que as demais).
Por que?
A geração Z carrega consigo alguns estigmas atribuídos pelas gerações mais velhas, entre eles de que são preguiçosos ou superficiais, o que não corresponde à realidade, de acordo com Nicolai.
“Alguns desses rótulos surgem pelo uso massivo dos celulares. No entanto, a geração Z é composta por 50 milhões de pessoas no Brasil, com menor taxa de desemprego desde a década de 1950, com cada vez mais poder de compra”, explica o executivo.
“Precisamos desconstruir a ideia de que a geração Z é dos ‘jovenzinhos’, pois hoje boa parte dessas pessoas já estão no mercado de trabalho”, continua. A confusão, provavelmente, surge por ser uma geração formada por nativos digitais. Ou seja, pessoas que tiveram acesso às tecnologias digitais e conectadas durante a infância ou adolescência.
Os mais velhos dessa geração viveram seu primeiro contato com smartphones já na adolescência, não nasceram com a facilidade, mas se adaptaram de maneira mais ágil do que as gerações anteriores, que já estavam no mercado de trabalho.
O que buscam?
76% dos usuários da geração Z já começam suas buscas de intenção de compra pelas plataformas de interação social. Outro dado relevante é que 69% dos brasileiros compram após serem impactados por anúncios em redes sociais. Por isso, os consumidores brasileiros esperam um comportamento diferente da rede e dos anunciantes.
Para eles, o e-commerce tem a obrigação de oferecer uma experiência com zero fricção, como um atributo essencial, não um diferencial.
Jornada não linear
O executivo explica que a influência da jornada acontece em muitas frentes e em diversos momentos (para todas as gerações). A ideia de funil de vendas se desconstrói em uma espiral que vai e volta. Em alguns momentos, os usuários percebem uma necessidade, procuram o produto no Google, acessam o e-commerce e finalizam uma compra.
Em outros momentos, no entanto, o mesmo usuário é impactado nas redes sociais, desperta-se um desejo de compra, há pesquisa no Google e nas redes sociais e por fim a venda pode acontecer pelo e-commerce ou não.
De olho na saúde do usuário
O ambiente digital oferece muitos estímulos e informações, o que pode embaralhar as decisões e comportamentos de consumo.
Um dos pormenores a serem analisados é a dissipação da atenção do usuário, sobretudo pela sobrecarga das redes sociais.
O estresse e a dificuldade de manter a atenção afastam os usuários de uma navegação saudável. “O Pinterest, por outro lado, é reconhecido por ser uma plataforma positiva. Sua natureza de navegação é diferente, pois ele não é sobre a ‘selfie’, é sobre o ‘self’, sobre ser você mesmo”, explica Nicolai.
“Essa relação de positividade com a plataforma é intencional. Dentro da plataforma, ao realizar pesquisas, você consegue encontrar produtos que vão refletir quem você é, com tipos de pele, tipos de cabelo, tipos de corpos”.
O tempo de scroll dentro do Pinterest é três vezes mais lento do que em outras redes sociais. Existe uma preocupação real em reduzir o estresse do usuário. Um estudo da Universidade de Berkeley sugere que os usuários da plataforma são menos propensos a estresse, burnout e insônia.
E de olho nas oportunidades escondidas
Os contextos de navegação são aplicáveis inclusive a segmentos menos óbvios, mas que com sinergia total com o que o usuário busca. Um dos exemplos pontuados por Nicolai foi o de casa e decoração. Muitas empresas de móveis, decoração e itens para casa já usam e abusam da plataforma.
Os bancos, por sua vez, perdem a oportunidade de visualizar que alguém que está planejando sua casa muito provavelmente precisará financiá-la em algum momento. Dessa forma, estar diante desse consumidor indireto, pode fazer muito sentido mesmo que a marca não perceba.
O que está por vir?
O Pinterest Trends é uma plataforma aberta, que todos podem usar para analisar tendências. O Pinterest Predicts, relatório anual, por sua vez, interpreta tais tendências. O próximo relatório, contendo as tendências para o próximo ano, será disponibilizado pela empresa até o final de 2024.
Nos últimos quatros anos, o Pinterest acertou 80% das tendências previstas para o ano seguinte.
Em 2023, uma das tendências foi a estética envolvendo cogumelos, que foi vista em diversos ambientes, inclusive na decoração de um dos quartos do Big Brother Brasil 2024.
A marca Zunis, que abraçou a tendência ao capturar essa informação, teve 30% mais engajamento envolvendo cogumelos do que outras categorias da marca.
Outra tendência observada foi a de itens de cozinha retrô e mais coloridos, visto em produtos da Electrolux e da Brastemp em 2024.
“A minha provocação é: o que você vai fazer com tudo isso? A oportunidade de ver o futuro está aí, o mar aberto é uma oportunidade enorme”, conclui.