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PMEs impulsionam economia brasileira crescendo 8,6% no terceiro trimestre de 2024

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) cresceu 8,6% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Esse resultado evidencia uma aceleração em comparação ao desempenho observado no primeiro semestre do ano (+4,3% YoY), resultando em um aumento acumulado de 5,8% em relação ao ano anterior.

O IODE-PMEs serve como um indicador econômico das empresas com faturamento anual de até R$50 milhões, abrangendo 701 atividades econômicas, divididas em quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, explica que o crescimento do mercado de PMEs demonstra o bom momento da economia nacional, impulsionado pelo consumo forte das famílias. 

O mercado de trabalho mais aquecido, com a taxa de desemprego abaixo de 7% e rendimentos reais em alta, além de uma política fiscal expansionista, com destaque para a ampliação dos programas de transferência de renda, tem impulsionado o consumo doméstico. 

“Adicionalmente, ainda que o BCB tenha voltado a elevar as taxas de juros diante das maiores preocupações com a inflação, o ciclo modesto de quedas entre agosto de 2023 e maio de 2024 pode ter beneficiado alguns segmentos do mercado, mesmo que marginalmente”, completa.

As PMEs do setor de Comércio foram as principais responsáveis pela melhora geral, com um crescimento de 15,7% YoY no terceiro trimestre, consolidando a retomada iniciada no trimestre anterior (+4,6% YoY). 

Houve avanços tanto no varejo (10,9% YoY) quanto no atacado (17,4% YoY), com destaque para os segmentos de embalagens, alimentos e máquinas e equipamentos para uso industrial. No varejo, destacaram-se produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas, tintas e materiais para pintura e material elétrico.

Outros destaques

Na Indústria, a tendência positiva do primeiro semestre (+11,5% YoY) continuou, com um crescimento adicional de 9% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior. 

De acordo com Beraldi, “a expansão do setor continua disseminada entre a maioria das atividades, considerando que, dos 22 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo IODE-PMEs, 16 mostraram progresso no período”. Os destaques ficam para equipamentos de transporte, móveis, impressão e reprodução de gravações e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Já o setor de Serviços, após uma desaceleração no segundo trimestre com alta de 0,6% YoY, voltou a registrar crescimento no terceiro trimestre (4,0% YoY). Apesar do aumento das expectativas inflacionárias e da alta dos juros, a renda familiar em expansão tem garantido dinamismo em várias atividades, como transporte e armazenagem, atividades administrativas e serviços complementares e serviços para edifícios e paisagismo, comenta o economista.

As PMEs de Infraestrutura, que vinham de dois trimestres de queda, registraram um crescimento de 6,5% YoY no terceiro trimestre de 2024. Esse resultado demonstra o avanço em segmentos como coleta, tratamento e disposição de resíduos, eletricidade e serviços especializados para construção. 

Porém, o fraco desempenho em áreas da construção civil, como obras de infraestrutura e construção de edifícios, limitou um resultado mais expressivo.

Em termos regionais, as PMEs do Sudeste e Nordeste registraram alta de 7,9% em relação ao 3T2023, enquanto a região Sul teve um avanço de 8,8%. Por outro lado, as regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram retração de 3,1% e 1,6%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Expectativas para o curto prazo

As PMEs devem continuar apresentando bom desempenho no curto prazo, com expectativa de crescimento de 6,4% em relação ao ano anterior. A expectativa para o último trimestre de 2024 é de que datas comerciais, como a Black Friday e as festividades de fim de ano, impulsionem ainda mais o setor.

Para 2025, a projeção é de um crescimento mais moderado, de 2,2% YoY, acompanhando a desaceleração esperada do PIB brasileiro (+1,9%). Beraldi alerta que o aumento da inflação e a continuidade da alta dos juros podem frear o consumo e os investimentos, impactando as PMEs a partir do segundo trimestre de 2025. 

A estabilização do mercado de trabalho e a redução dos estímulos fiscais também contribuem para um crescimento mais lento.

“Setorialmente, espera-se que a alta das PMEs continue concentrada em setores de Serviços e Comércio, impulsionados pelo consumo familiar. Já os setores de Indústria e Infraestrutura, mais dependentes de crédito, tendem a ser afetados pelos juros elevados no curto prazo”, conclui o executivo.