A pandemia de coronavírus vem afetando o mundo todo, em diversos aspectos. E, no varejo e publicidade, obviamente, não poderia ser diferente. Para Washington Olivetto, é hora de repensar posicionamento de marcas para se manter vivo no mercado. O renomado publicitário brasileiro, que atualmente reside em Londres, na Inglaterra, abriu o primeiro dia do Fórum E-Commerce Brasil 2020 – Global Edition, nesta terça-feira (28).
Segundo Olivetto, as empresas que melhor se reinventaram foram que as não buscaram vender, mas informar e prestar serviços, enaltecendo a ideia do propósito. “O conceito era usado, às vezes, de maneira errônea e modal. Anunciantes e agências de publicidade faziam campanhas campanhas enaltecendo um propósito, mas, na verdade, só queriam ganhar prêmio ou reconhecimento. A partir da pandemia, as ideias de propósito precisam ser verdadeiras, pertinentes e correspondentes às atitudes da empresa. O propósito chegou para valer”, crava.
Além do propósito, diante da crescente polarização no cenário político, os consumidores mais engajados cobram cobram posicionamento das empresas. Para o publicitário, ninguém é obrigado a se posicionar politicamente, mas depende de cada caso. “Na vida e nos negócios, cada vez mais, vão se diferenciar o oportuno do oportunista. Quem for coerente vai se dar cada vez melhor tento postura política ou não”.
“Cada vez mais vamos assistir empresas privilegiar algumas minorias, rever conceitos de comportamento. Isso é muito bom. Assim como não é nenhum pecado empresa se propor, pura e simplesmente, apenas vender produtos com altíssima qualidade. O que não pode nunca ocorrer é ser falso, mentiroso”, explica Olivetto.
“Fazer uma empresa não é corrida de metros rasos, é maratona. Se atrelar por interesses políticos distorce a verdade. Seja qual for o consumidor, seja qual for o receptor da mensagem, tenha ele dinheiro ou não, seja culto ou analfabeto, ele sempre é sensível”, reitera.
Papel da publicidade daqui para frente
Conversando com amigos e colegas da área publicitária, Olivetto afirma ter encontrado um ponto em comum: os clientes agora querem conversar com quem manda ou quem com teve a ideia. “Evidentemente, as agências de publicidade vão encolher, de pessoal e de espaço. O que vai colocar diversos profissionais bons no mercado como freelancers, que poderão fazer trabalhos com preços razoáveis para o varejo. Os maiores anunciantes do mundo foram pequenos”, afirma o especialista.
Ainda segundo ele, a cultura do home office vai se desenvolver fortemente, o que vai impactar nas escolhas do dia a dia. “Na hora de escolher um cachorro, por exemplo, as pessoas vão preferir uma raça que late menos, senão ele vai latir no meio da reunião”, exemplifica.
“O surgimento do novo não impede a continuidade da existência do bom existente, assim como ocorre com as mídias, que precisam se integrar. Uma “guerra” entre online e offline não tem vencedores. A somatória precisa de uma grande ideia que possa ganhar com as características de cada mídia”, afirma.
Varejo na pandemia para Olivetto
Morando na Inglaterra, Olivetto usou o exemplo do que acontece no país para falar sobre como o varejo precisa se reinventar na era pós-covid. “Me surpreendeu que, além das farmácias, estão abertas as lojas de construção porque as pessoas aproveitaram o tempo em casa para fazer pequenas reformas. Uma franquia de sorvete pela qual sou aficionado também começou a trabalhar com delivery, por exemplo”.
“Existe muita dúvida sobre o futuro da aviação porque as pessoas não se sentem seguras nos aviões, o uso das máscaras durante os voos também são desconfortáveis etc. Por outro lado, os hotéis estão mais vazios e devem ficar mais baratos. Um grande amigo meu dizia que o carro viraria o cigarro do século XXI. Isso pode acontecer com os aviões”, complementa.
Ainda de acordo com o publicitário, a forma de comprar também mudou e pode ressuscitar outras formas de consumo. “Talvez não seja mais possível provar roupas como antigamente. Isso pode ser ruim para as lojas, mas talvez seja uma boa notícia para as revistas, pois podem mostrar como o modelo fica no corpo”, finaliza Olivetto.
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Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil