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Shein transforma rede de fornecedores em serviço para marcas de moda

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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A Shein passou a oferecer sua rede de produção de vestuário na China como serviço terceirizado para outras marcas de moda. A decisão, revelada por fontes à Bloomberg News, acontece em um momento de forte pressão sobre o negócio da varejista, especialmente pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, e representa uma tentativa de criar novos fluxos de receita.

Sacolas da Shein
(Imagem: reprodução)

A iniciativa transforma a cadeia de suprimentos da gigante chinesa em uma plataforma de serviços. Outras marcas podem acessar fábricas capazes de produzir novos designs em cinco a sete dias, desde que participem do marketplace da Shein. O modelo vem sendo preparado há quase dois anos e, nos últimos meses, entrou em fase de recrutamento formal. Hoje, cerca de 20 empresas já utilizam o sistema, promovido por meio de um site lançado em agosto.

Além da fabricação, a Shein também oferece desenvolvimento de amostras, armazenamento, vendas e atendimento de pedidos. Esses serviços, em geral, ficam fora do alcance de marcas menores, mas a empresa consegue disponibilizá-los com a mesma eficiência e os baixos custos que sustentam seu modelo de negócios.

Estratégia diante de um cenário mais competitivo

Com a transformação de sua rede de fornecedores em produto, a Shein tenta abrir uma nova avenida de crescimento. As vendas de itens de baixo valor, como camisas de US$ 2,46 e vestidos de US$ 6,75, perderam força após os EUA retirarem as isenções fiscais para pequenas encomendas, conhecidas como de minimis. Embora ainda esteja à frente da Temu, da rival PDD Holdings, a Shein tem registrado oscilações significativas em suas vendas no mercado norte-americano.

Em resposta à Bloomberg, a empresa confirmou que o programa se chama Xcelerator e tem como meta apoiar marcas parceiras na superação de desafios da cadeia de valor. A proposta inclui produção sob demanda e acesso a canais de vendas globais. Diferentemente de plataformas como Alibaba e 1688, a Shein condiciona o uso de seus fornecedores à abertura de lojas no marketplace, estratégia que busca fortalecer seu ecossistema e atrair mais parceiros para dentro da plataforma.

Resultados financeiros e entraves para abrir capital

De acordo com dados obtidos pela Bloomberg News, a Shein registrou lucro líquido superior a US$ 400 milhões e receita próxima de US$ 10 bilhões no primeiro trimestre, impulsionados pela antecipação de compras antes da aplicação das tarifas norte-americanas. Apesar disso, as vendas voltaram a perder força nos meses seguintes, refletindo os efeitos do novo ambiente regulatório.

A empresa também enfrenta obstáculos em seu plano de abrir capital. A listagem nos EUA foi descartada diante de questionamentos sobre sua cadeia de suprimentos e práticas trabalhistas. Em seguida, avaliou o Reino Unido e agora se concentra em Hong Kong, onde apresentou confidencialmente um prospecto preliminar. A companhia considera ainda uma reorganização voltada para a China, medida que pode facilitar a aprovação do IPO em Hong Kong.