Com a decisão de encerrar a principal operação de comércio eletrônico na Índia a partir desta terça-feira, 29, a Sea (SE), proprietária da Shopee, poderá enxergar no Brasil uma possibilidade de transferir os esforços de investimentos nos próximos meses.
Após anunciar o fechamento do negócio, que contava com 300 funcionários e 20 mil vendedores locais na Índia em dezembro do ano passado, afirma que deve continuar a tratar os pedidos feitos antes deste período e apoiar os comerciantes durante a transição.
Segundo a Sea, um dos principais motivos para o encerramento das atividades parte de uma decisão de Nova Délhi, de fevereiro deste ano, de banir o Free Fire, um dos jogos de celular mais popular da Sea, colocando ainda mais empecilhos para as operações da companhia na Índia, introduzindo uma nova camada de incertezas em seus negócios. Apesar disso, outras operações globais não devem ser afetadas, segundo a Shopee em comunicado.
Cenário desfavorável para a Shopee na Índia
Nos últimos dois anos, a Índia já baniu centenas de aplicativos chineses. No entanto, a administração da Sea e seus investidores foram pegos de surpresa com essa nova regra. Vale lembrar que a startup foi fundada por Forrest Li, que nasceu na China, mas se tornou cidadão de Cingapura.
De acordo com a Infomoney, o Itaú BBA aponta que, considerando que o custo de capital está substancialmente elevado, a Sea sugere que não é possível apostar em um mercado específico sem a assistência do Custo de Aquisição ao Cliente (CAC) e fluxo de caixa do seu setor de jogos.
Os analistas do Itaú BBA também ressaltam que “a Sea muda de direção rapidamente quando vê grandes mudanças na atividade de um mercado”. Para eles, a Índia foi um foco importante para a Sea, assim como o México e o Brasil. Com as portas sendo fechadas, uma das possibilidades é que os outros dois mercados ganhem ainda mais relevância para o crescimento marginal da companhia.
Brasil entra no jogo
Dessa forma, é possível que investidores encarem essa notícia como “marginalmente negativa” para algumas empresas do e-commerce brasileiro, analisando o já concorrido cenário do segmento. O mercado, apostam os analistas, acredita que a Shopee/Sea continuarão investindo fortemente no Brasil e no México. Contudo, “se as notícias mudarem as perspectivas para a América Latina, seria apenas marginalmente negativo, sem efeito substancial para as ações”, impactando principalmente o Mercado Livre (MELI34), informaram.
Para o UBS Banco de Investimentos, do ponto de vista da Shopee, a notícia não surpreende, enquanto mostra maior foco na disciplina de capital. Analistas do banco suíço, encaram a saída da empresa como algo positivo, pensando pelo mercado para a Shopee.
Entre as razões estão o fato de a situação embasar o comentário da companhia após os resultados de 2021, que indicava que eles adotariam uma abordagem mais calibrada para investimentos especialmente em oportunidades internacionais fora do Sudeste Asiático e Taiwan (com o Brasil como o foco principal). Em segundo lugar, também elimina o potencial de alta queima de caixa em um mercado de e-commerce ultracompetitivo como o indiano, com gigantes globais e locais como Amazon, Flipkart e JioMart.
Fonte: Infomoney
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