Na última semana, a Uber Eats anunciou que não atuará mais no Brasil a partir do dia 6 de março. Em resposta, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, se mostrou preocupado com a situação. “Fomos pegos de surpresa. E foi uma surpresa muito ruim, porque, em dezembro, nós obtivemos o fechamento do Delivery Center, que já foi horrível para o mercado, porque era uma esperança para o setor por atuar no conceito de open delivery ”, afirmou para a revista Veja.
O principal motivo pela saída da empresa, segundo Solmucci, é o monopólio por parte da outra gigante de entrega, o iFood. Segundo a Nexo Jornal, em junho de 2021, o iFood já concentrava mais de 83% da fatia do mercado, enquanto a Uber Eat ficou com 13% e o Rappi, 4%.
A saída da Uber Eats do mercado de entregas coloca o iFood em uma posição de ainda mais privilégio. Por isso, Solmucci pede intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a situação seja controlada.
Em 2020 a Uber Eats entregou, junto à Rappi, uma ação contra o iFood, alegando práticas anticompetitivas no mercado. Até então, o iFood exigia contratos de exclusividade com restaurantes, o que impossibilitou o avanço das concorrentes no Brasil. Além disso, há também os descontos agressivos que saem da margem de lucro dos donos dos restaurantes, por falta de opção.
Em março de 2021, o Cade deu parecer favorável à Uber e ao Rappi ao determinar que novos contratos de exclusividade não podiam mais acontecer. A decisão pode ser revertida ao fim do processo.
“Nós vamos apertar o cerco no Cade para ver se conseguimos limitar um pouco a iFood, porque o negócio está feio. Nós temos basicamente um monopólio. Criamos um monstro cheio de dinheiro para comprar exclusividade e dar cashback ”, disse Solmucci à Veja.
“O pior de tudo é que, no fim das contas, uma estratégia de descontos que eles praticam só ferram com o dono do restaurante. Ora, se eles querem fazer promoção, eles têm de bancar esse custo. Como o iFood tem um poder de mercado cada vez maior, os donos de restaurantes acabam se submetendo. A situação é muito complicada. Nós precisamos de uma intervenção via Cade. Na hora em que só houver o iFood, esse custo vai acabar nas mãos do consumidor”, completou.
Em contrapartida, o iFood mantém sua posição de que as afirmações não fazem sentido e de que suas práticas de mercado são completamente regulares.
Fonte: Nexo Jornal e Veja
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