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Varejo deve investir agora no metaverso, aponta especialista

Uma das palavras mais mencionadas quando o assunto é tendência, no último ano o termo metaverso furou a bolha da tecnologia e passou a ser popular em diversas rodas de conversa. Ainda que seu significado não esteja exatamente claro para todos, é comum referir-se ao conceito como algo muito distante do que vivemos hoje – mas, de acordo com Daniel Bottas, se você pensa assim, está perdendo tempo.

Daniel Bottas tem oito anos de experiência na Meta e hoje é CCO da 20Dash

Com oito anos de experiência na Meta, o antigo Facebook, Bottas, hoje CCO da 20Dash, se especializou no assunto e garante que a interação com o metaverso está muito mais próxima da realidade do que se imagina. Em sua palestra durante o Fórum E-Commerce Brasil 2022, ele prometeu provar que em um futuro próximo (mais especificamente, em dois anos) todos nós estaremos completamente inseridos neste ambiente virtual.

Ao questionar quem já teria tido contato com metaverso, poucas pessoas, de uma plenária lotada, ergueram os braços. Em seguida, ele emendou outra pergunta, querendo saber quem já havia usado um filtro do instagram. Em contraste com a resposta tímida dada anteriormente, a maioria dos presentes se manifestou e Bottas concluiu: “Então vocês podem dizer que vocês já interagiram com o que chamamos hoje de metaverso. Quando a gente fala sobre metaverso, não estamos falando apenas sobre realidade virtual, óculos e outros dispositivos tecnológicos, mas também sobre NFT, influenciadores virtuais, MMO e muito mais”.

No entanto, o executivo reconhece que o metaverso é algo em desenvolvimento, e ressalta que o varejo dentro do metaverso é um campo ainda mais embrionário. “Mas nós já podemos imaginar o que pode vir nos próximos anos”, pondera. 

Varejo no metaverso na prática

Ainda que seja uma aposta, marcas grandiosas estão se arriscando e apresentando ótimos resultados dentro deste ambiente virtual. Bottas aponta que o dinheiro investido nesse universo já está navegando pelo mercado, esperando por desenvolvedores, ideias e empresas que enxerguem esse crescimento. 

Ele separou alguns dados que apontam que a Meta deve criar 10 mil empregos na UE nos próximos cinco anos relacionados a esse segmento. Além disso, a expectativa é de que o metaverso possa valer US$ 800 bilhões até 2024, devido a um aumento no interesse – sobretudo durante a pandemia. Esse valor é bem maior do que os U$ 47 bilhões avaliados em 2020. E quando se fala apenas sobre realidade aumentada e realidade virtual, o mercado global promete atingir US$ 300 bilhões. 

“Ou seja, quem acreditar nisso vai se dar bem, mas tem que ser agora, porque se deixar para investir daqui a dois anos, vai ser mais complicado”, aconselha o executivo, reforçando que, não é necessário esperar que todos os conceitos estejam completamente formados para estar “dentro”.

Pensando nisso, ele aponta alguns cases de sucesso que envolvem tecnologias atreladas ao metaverso que já estão sendo utilizadas pelo varejo. 

Realidade aumentada

Conhecida como a “porta de entrada” para esse universo, essa é a forma mais popular para interagir com o metaverso. Mas a RA é muito mais do que os efeitos que a câmera coloca no seu rosto, explica Bottas, que usa o exemplo das lojas de móveis para ilustrar. 

Muitas empresas utilizam essa tecnologia para que os usuários consigam conhecer os produtos e ainda visualizar como eles ficariam em suas casas, proporcionando uma experiência mais interessante do que a visita à loja presencial.

Outro exemplo é uma ferramenta que funciona como um “gps” de supermercado, que auxilia o consumidor a encontrar o produto desejado na loja.

AR Game

Em sua apresentação, Bottas reforçou que os avatares serão os protagonistas de jogos que são controlados através do movimento do rosto do usuário. Ao final, o usuário pode converter sua pontuação em descontos na loja, por exemplo.

Esse tipo de tecnologia se destaca porque é possível, além de interagir e entreter o usuário, entregar para ele mais informações sobre o produto, sobre o pagamento, ou sobre o que quiser, de um jeito que causa engajamento no consumidor e consegue garantir que ele vá cada vez mais para o fim do funil de compras. Nessa modalidade, Bottas destaca o setor fashion como o que mais avança. 

Realidade virtual

Apesar de depender de devices com preços ainda muito altos para se popularizar no Brasil, Bottas vê que a curva de preço vem caindo à medida que mais concorrentes aparecem. 

As plataformas já existentes possibilitam grandes oportunidades para as marcas. Um exemplo é o restaurante Wendy’s fez dentro do Horizon Worlds. A empresa lançou uma lanchonete virtual dentro do universo, onde é possível conversar com as pessoas, jogar, visualizar os lanches, passar horas interagindo com a marca, o que traz um potencial incrível de audiência.

Outro exemplo de uso de realidade virtual é a partir do modo que a empresa apresenta o produto. Assim como com a RA, a partir da RV você consegue ter uma experiência ainda mais sensorial e completa do produto, com possibilidade de fazer um test drive de um carro sem sair de casa, ou visitar 5 apartamentos que estão para alugar, em menos de 10 minutos.

MMO

Massively multiplayer online game (MMO) é um tipo de jogo eletrônico capaz de suportar grandes quantidades de jogadores simultaneamente (como Roblox, Free Fire, Fortnite e GTA) e que possibilitam que os players interajam com as marcas. Nike, Adidas e outras gigantes já estão se aproveitando dessa tecnologia.

Virtual influencers

Hoje há vários influenciadores virtuais que são controlados por humanos, mas a inteligência artificial caminha rápido para que isso acabe. O Brasil tem ótimos exemplos de influenciadores conhecidos que ajudam no engajamento e vendas online. Bottas cita o exemplo do Bahianinho, da Via Varejo, que passou a ser chamado de CB e hoje faz lives shoppings no Facebook e apresenta promoções e vendas ao mesmo tempo em que joga.

NFT

Em uma explicação simples, Bottas afirma que NFT é como “um arquivo digital que não pode ser duplicado, baseado na tecnologia de blockchain”. Marcas estão se aproveitando desse diferencial para venderem seus produtos que podem ser utilizados pelo avatar do usuário.

E para quem acha que esse tipo de aposta parece pouco interessante, o executivo provoca: “Hoje nós já compramos roupas só pra postar no Instagram. Por que não comprar para o avatar? Imagina ter a única camisa 10 do Barcelona em NFT?”.  E completa: “Qual é a forma funcional do NFT? Talvez ter a camiseta que só você tem. Dentro disso a gente vê um movimento de fidelidade com a marca bem interessante”.

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Por Marina Teodoro, para a Redação do E-Commerce Brasil