Pode soar repetitivo, mas a inteligência artificial tem cada vez mais dominado o mundo. Seja pelo uso em pesquisas online ou em tarefas mais complexas, grande parte da população já teve contato com a tecnologia, muitas vezes até mesmo sem perceber.
Em determinadas situações, a inteligência artificial ainda é usada de forma negativa, como na criação de deepfakes (vídeos que usam a voz e o rosto de uma pessoa em situações pejorativas). Porém, graças às IAs, já é possível trazer uma maior automação em processos cotidianos e ao mesmo tempo mais comodidade ao usuário.
Atuando nos mercados de entretenimento, alimentação e segurança, a tecnologia agora se destaca também na área de healthcare, um segmento que engloba desde hospitais, clínicas e laboratórios a planos de saúde, insumos, medicamentos e fabricação de materiais.
Com a pandemia de Covid-19, o setor já tinha uma força considerável. Porém, é inegável o impacto causado pela crise sanitária global, que aumentou a procura por soluções tecnológicas capazes de incrementar a qualidade dos atendimentos médicos.
Essa inovação foi seguindo mesmo após o final da pandemia, agora impulsionada por inteligências artificiais mais assertivas, pelo domínio de ferramentas em diferentes empresas (como a Meta AI no WhatsApp e o Google AI Overviews, nova funcionalidade do buscador que auxilia o usuário em suas pesquisas) e pela crescente procura dos consumidores por praticidade. Assim, a área da saúde entra em um novo período de renovação.
IA na área da saúde
Para a saúde, as IAs auxiliam até mesmo no atendimento, desde o diagnóstico de doenças ao seu tratamento. Para isso, é usada a inteligência artificial generativa, ramo tecnológico responsável pela criação de conteúdo novo, baseado em dados pré-existentes e padrões identificados por treinamentos.
Segundo dados da consultoria empresarial McKinsey & Company, o uso de IA somente nos Estados Unidos trouxe um ganho de 25% em eficiência para a área da saúde, além de ser responsável pelo lucro de mais de US$ 265 bilhões ao ano.
Já a Precedence Research acredita que o mercado tem muito a crescer. Avaliado em pouco mais de US$ 15 bilhões em 2022, a expectativa é de que o setor de healthcare chegue a US$ 188 bilhões até 2030, com uma média de aumento de 37% ao ano.
Principais benefícios e usos
Os benefícios da adoção das IAs na saúde são diversos e vão muito além da parte econômica para as empresas do ramo. Apesar do potencial no setor, como o de oferecer diagnósticos clínicos com mais de 90% de precisão, a inteligência artificial contribui para um cuidado mais eficaz aos pacientes.
Com grande volume de dados e um aumento na demanda de análises médicas, as ferramentas conseguem trazer agilidade, assertividade e um contato mais próximo. Veja abaixo alguns exemplos do uso das IAs no mercado da saúde.
Descoberta de novos medicamentos
Um processo recorrente na história da medicina moderna, a descoberta e o desenvolvimento de medicamentos ganha um novo capítulo com o uso da inteligência artificial.
Com ela, é possível otimizar processos e ter um maior controle de qualidade, ao mesmo tempo que a tecnologia melhora a eficiência pelo simples estudo de padrões de dados.
Tratamentos personalizados e diagnósticos precisos
A IA generativa permite uma análise aprofundada de dados genéticos e históricos médicos, sendo possível construir um tratamento personalizado para cada tipo de paciente e situação.
Dessa forma, é possível uma abordagem mais eficaz e que diminua os possíveis efeitos colaterais, gerando uma experiência mais positiva.
Além disso, os algoritmos conseguem analisar dados e imagens médicas com precisão superior à humana, detectando doenças ainda em estágios iniciais. Essa precisão é crucial em patologias como doenças cardíacas, neurológicas e câncer, em que há um senso maior de urgência.
Monitoramento de doenças crônicas
No caso, a IA monitora pacientes com doenças crônicas, ajudando a identificar mudanças que necessitam de intervenção médica, com análise de dados em tempo real que auxiliem a notar qualquer mudança ou deterioração da condição da pessoa.
Tal análise evita casos de hospitalizações desnecessárias, agiliza o atendimento médico em casos de urgência e mais.
Uso em hospitais
Com a tecnologia, é possível criar um sistema unificado de dados, gerenciado o envio e recebimento de documentos importantes, como as carteirinhas médicas e solicitações para pacientes.
Além disso, com o uso de chatbot, os hospitais passam a contar com um canal de atendimento moderno e simples, podendo ser acessado via site ou por WhatsApp.
Planos de saúde e a telemedicina
As seguradoras de saúde usam a inteligência artificial de forma a melhorar determinados processos da empresa e também ao trazer melhorias para seus beneficiários.
No primeiro cenário, a IA auxilia na detecção e prevenção de fraudes (um levantamento da consultoria Ernst & Young mostra que, somente em 2022, as empresas perderam entre R$ 30 e R$ 34 bilhões com o problema). A tecnologia fica responsável por encontrar padrões e comportamentos suspeitos, permitindo a tomada de medidas contra tal risco.
Por outro lado, com a inteligência artificial, as seguradoras passam a aprimorar a telemedicina, uma nova e moderna forma de acompanhamento de pacientes e análises de resultados e exames.
A técnica, como o nome diz, abrange uma prática médica realizada à distância, facilitando o contato entre médico, beneficiário e até vários profissionais ao mesmo tempo, em sintonia para a análise de um caso. Além disso, é possível tratar pessoas onde o acesso aos cuidados de saúde é limitado, como áreas remotas ou rurais.
Dentro da telemedicina, a inteligência artificial atua através do cruzamento de dados e informações entre sistemas, permitindo ao especialista uma visão ampla do paciente.
Impacto das IA Overviews no mercado
Para aqueles que ainda não sabem, as IA Overviews são parte da pesquisa do Google baseadas no uso de inteligência artificial para responder a algumas das perguntas feitas pelos usuários na plataforma. Seu lançamento ocorreu em março/24 nos Estados Unidos, com a chegada oficial ao Brasil em agosto/24.
A ferramenta ainda não aparece em todas as pesquisas realizadas, totalizando atualmente 15% do escopo total, além de variar conforme o mercado. E é aí que as IA Overviews se relacionam com o mercado de saúde.
Dados de uma pesquisa realizada pela Brightedge mostram que healthcare é o detentor do maior número de respostas geradas pela inteligência artificial do Google, justamente pelo seu caráter informativo em comparação com outros mercados como entretenimento, viagens e restaurantes, que têm um comportamento transacional (reservas, endereço ou contato direto).
Conclusão: o futuro da inteligência artificial na saúde
Estudos já mostram que se o presente das IAs na saúde é promissor, o futuro ainda guarda novidades agradáveis e principalmente revolucionárias. Um dos conceitos mais discutidos é o do Digital Twin, por exemplo.
O termo se refere a um sistema capaz de replicar comportamentos humanos de forma a trazer uma conexão online na qual é possível simular situações do mundo real em seu “gêmeo digital”, o que acelera o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos.
Outros casos vão além, como as previsões realizadas por Peter Diamandis, fundador da X Prize Foundation, com uso de nanorrobôs para melhoria do sistema imunológico, resolução de doenças como câncer e até mesmo tratamentos e longevidade que podem prolongar a vida humana em 30 e 40 anos.
Tudo isso ainda conta com um grande caminho para acontecer, mas a verdade é que a relação entre medicina e tecnologia nunca esteve tão unida e em progresso constante com o auxílio das inteligências artificiais.