Toda vez que uma nova tecnologia surge ou se expande, o mercado como um todo se transforma, e o comércio eletrônico, por ser essencialmente digital, precisa se atualizar para acompanhar o ritmo do novo cenário.
A bola da vez é a tecnologia de voz e isso se comprova em números. Segundo um relatório realizado pela Strategy Analytics, em 2019, 75 milhões de norte-americanos usavam dispositivos de voz e uma em cada oito pessoas que assistiam TV usavam a voz para procurar filmes, séries, mudar de canal, controlar o volume, desligar o aparelho, entre outras coisas.
E por que nas vendas online seria diferente? Não é. Mas, calma que eu já chego lá. Antes, quero contar uma coisa e refletir sobre outras, para você entender como tudo isso impacta o comércio eletrônico.
A tecnologia de voz é o canal que mais cresce
Em janeiro de 2020, estive no Open Voice Network, um evento totalmente focado em tecnologia de voz. Havia pessoas de vários países e eu estava lá representando o Brasil pela ABComm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. Todos estavam falando sobre como a tecnologia de voz é o canal de comunicação que mais cresce no mundo inteiro. E a conclusão era unânime: “isso vai ser uma revolução”.
Um dos especialistas, Jon Stine, mencionou que hoje, muitas vezes, nós ainda precisamos de intermediários para nos comunicar com as máquinas, como teclados, mouse, ou até mesmo nossos dedos e braços. Enquanto for assim, haverá limitação nessa comunicação, haverá certa dificuldade e lentidão nos processos. Mas, em breve, não precisaremos de nada disso, pois utilizaremos apenas um recurso: a nossa voz.
A comunicação por voz é a última barreira entre o homem e a máquina
Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, sonhava que os computadores fossem a extensão do ser humano. Foi assim que lançou o primeiro iPhone, tecnologia que revolucionou os smartphones e transformou a forma como nos comunicamos até hoje. Na época, uma das principais preocupações dele era eliminar os botões e ter acesso a teclados somente quando necessário.
Mas, mesmo assim, a comunicação com a máquina ainda não é direta, ainda há intermediários, como pontuou Jon Stine. Não é como conversar com alguém pessoalmente, falando ao telefone ou até mesmo por videochamada. Quando pudermos nos comunicar com o computador com a nossa própria voz, sem intermédio de qualquer dispositivo, aí sim o sonho de Jobs estará mais perto de ser realizado. É a última barreira entre o homem e a máquina.
Entre os próprios seres humanos a comunicação por voz é muito mais assertiva, mais fluida. É só pensar em como se dá uma discussão em um grupo de WhatsApp: se todos estão digitando, escrevendo suas ideias, muitas vezes há dificuldade de entendimento, acontecem mal-entendidos.
Tecnologia de voz como canal de vendas online
Como já comentei, a tecnologia de voz está cada vez mais presente no dia a dia dos norte-americanos e está transformando o uso e a comunicação com as máquinas. Mas também já começou a impactar o comércio eletrônico. Afinal, esse é também o canal de vendas que mais cresce e isso já era falado na Shop.org desde 2018.
Nos Estados Unidos, hoje as pessoas compram muito dentro do carro através dos dispositivos de voz. Lá essa infraestrutura já funciona muito bem.
Acontece porque as pessoas geralmente moram muito longe do trabalho. Portanto, enquanto estão se deslocando de um local para o outro, aproveitam para fazer compras. E isso é muito mais fácil de fazer usando a voz. Depois a compra chega diretamente na casa delas — ou seja, é muito prático!
No Brasil, essa tendência vai começar a ficar cada vez mais forte também. Segundo uma pesquisa realizada no país pela Ilumeo, 48% dos brasileiros entrevistados usam assistentes de voz pelo menos uma vez por semana e 87% deles tem como principal uso a busca por voz.
Reconhecimento de fala
Algumas lojas virtuais, como a Lego Brasil, Spicy, TVZ e Sapatinho de Luxo, perceberam isso e já começaram a usar a busca por voz — já disponibilizam essa opção para os seus clientes. No campo de busca, aparece o microfone e o consumidor pode clicar ali e falar o que deseja, sem ter que digitar nada. Isso é feito através do reconhecimento de fala com inteligência artificial, que identifica os fonemas e automaticamente transcreve para texto.
Isso é importante, porque, segundo a pesquisa da Ilumeo, 84% disseram que usar a voz é mais prático do que digitar. Mas, além da praticidade, essa tecnologia também facilita a busca por itens que muitas vezes o consumidor já ouviu falar, sabe pronunciar, mas não sabe a grafia correta.
Principalmente no caso de palavras estrangeiras, como cabernet sauvignon, Nike e soutien, em que o som do vocábulo é diferente de como se escreveria em português. Mas, nesses casos, basta o consumidor ativar o microfone da busca por voz, dizer o que procura, e a inteligência vai transcrever de forma correta e mostrar os resultados.
Essa funcionalidade elimina dificuldades e diminui a lentidão do processo, mencionados por Jon Stine em sua análise da interação entre o homem e a máquina. Ainda não chegamos ao ponto de eliminar todos os intermediários nessa comunicação. Entretanto, temos tecnologias à disposição capazes de facilitar muito essa interação e elevar a experiência do usuário.
No comércio eletrônico, a busca por voz sem dúvidas é uma delas e também um diferencial de mercado. Afinal, segundo a Ilumeo, 70% acreditam que as marcas que utilizam essa tecnologia apresentam mais valor.
E aí, o seu e-commerce está preparado para essa revolução?