O Brasil está passando por grandes revoluções no setor financeiro. Lançado em outubro de 2020, o Pix (arranjo brasileiro de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central) instaurou uma nova era em que transações bancárias são concluídas em qualquer dia e horário, de uma forma prática e rápida.
Agora é a vez do open banking. O sistema traz a possibilidade e a liberdade de compartilhar dados bancários com empresas. Ele abre uma grande margem de oportunidades no mercado, com o potencial de impulsionar o varejo digital.
O open banking consiste em um conjunto de tecnologias e diretrizes padronizadas que permitem que o usuário compartilhe seus dados bancários com instituições financeiras. Assim, movimentações bancárias, histórico de crédito, transações com cartões, entre outros registros, poderão ser repassados a terceiros a partir do consentimento do usuário.
A ideia básica por trás do open banking é que o cliente é o dono dos seus próprios dados e ele tem o direito de compartilhar suas informações com quem desejar. A partir dessa nova visão, o Banco Central instituiu uma série de regras e tecnologias para que o compartilhamento ocorresse de forma segura.
Apesar de ser uma iniciativa bastante avançada, não é nova. Outros países já têm seus próprios modelos de sistema bancário aberto, a exemplo do Reino Unido, que foi o primeiro a implementar o sistema em 2018. Canadá, Estados Unidos e Índia também estão avançando nesse movimento.
O open banking e as inovações no varejo digital
Sem dúvida, o open banking representa grandes vantagens para o consumidor, e as empresas também poderão ser beneficiadas. Os serviços financeiros compreendem modelos de negócios que podem ser escalados com maior amplitude, e com menores custos fixos. Por isso, os varejistas que adotarem este novo sistema poderão ver sua receita aumentar.
O início do open banking, na visão de diversos especialistas, será uma base para a geração de muitas ideias e oportunidades de serviços financeiros. Sem dúvida, muitas empresas serão criadas, e os varejistas com um alto fluxo de caixa poderão assumir um novo papel na relação com seus clientes, com muito mais facilidade.
Já observamos muito claramente um movimento de inclusão financeira, em que grandes varejistas passam a oferecer também serviços financeiros, como contas digitais, seguros e cartões com sua marca própria. O que muda com o open banking é que esses serviços poderão ser feitos de modo independente, sem a intermediação de um banco para fazer a liquidação das operações.
Além disso, poderemos ver serviços financeiros, que hoje são fornecidos sobretudo por grandes varejistas, sendo utilizado em estratégias de pequenas e médias empresas, como uma grande oportunidade de ampliar os negócios e reter clientes.
No modelo atual de compartilhamento (ou não compartilhamento) de dados, os registros do cliente ficam presos na instituição ou onde o usuário tem conta. Dessa forma, outras instituições não têm acesso a dados importantes que poderiam servir de base para fornecer serviços, produtos competitivos e vantajosos para clientes em potencial.
Com o open banking, porém, o cliente poderá criar um banco personalizado. Ao compartilhar seus dados com quem desejar, ele pode buscar serviços financeiros nas instituições que melhor lhe atenderem: cartão de crédito do banco A; conta digital do banco B; seguro da empresa C; investimentos da corretora D. E não faltarão soluções para reunir todos esses serviços e produtos em uma só plataforma, simples e intuitiva.
Com essa abertura, inicia-se uma corrida pelo fornecimento da melhor experiência do cliente. O varejo digital (que conta com uma ampla carteira de clientes) tem a oportunidade de aumentar seu portfólio com novos serviços e produtos financeiros. E, de quebra, ainda conhecer seu cliente com maior profundidade com base em seus hábitos de consumo, histórico financeiro, relacionamentos bancários e muito mais.
Nesse cenário, o varejista se posiciona em um local muito confortável, pois tem um contato próximo com seus clientes e conseguirá fornecer soluções que realmente impactam suas vidas.
Dessa forma, a expectativa é que surja uma nova cultura no relacionamento entre instituições financeiras, empresas do varejo e consumidores. Todos os lados serão beneficiados.
Do ponto de vista do consumidor, por exemplo, teremos a oportunidade de mais crédito disponível. Afinal, as instituições poderão “enxergar”, com a autorização do usuário, os dados financeiros de onde ele tem conta. Com mais crédito à sua disposição, o cliente compra mais, aumentando o faturamento do varejista.
O open banking representa uma forte oportunidade de o varejo digital impulsionar suas vendas e se posicionar ainda mais próximo de seus clientes. As pessoas estão cada vez mais imersas no digital em seu dia a dia, e se inserem no sistema financeiro com mais facilidade. Esse novo movimento sem dúvida representa mais crescimento para as empresas de diversos setores.