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A expansão das logtechs e o novo cenário do setor logístico

Por: Diego Fernando Vieira

Graduado em Logística pela Universidade de Sorocaba (Uniso), com MBA em Gestão de Projetos. Professor e pesquisador, possui experiência em Logística e Administração de materiais, transporte nacional e internacional (Exportação). Empreendedor e Investidor. Escreve sobre logística e tecnologia.

Novos modelos de negócios estão surgindo a todo momento, assim como uma nova economia. A cada dia temos novas formas de serviço sendo criada pelos grandes players mundiais de tecnologia e principalmente, por startups. Startups são empresas jovens e inovadoras que possuem baixos custos de manutenção. Os modelos atuais de negócio são diretamente impactados por essas empresas.

Como revela o site startup base, existem milhares de startups no Brasil, em sua maioria composta de 1 a 5 membros. Temos vários tipos de startups para segmentos diversos. Porém, apenas 10% delas sobrevivem, uma vez que a maioria fracassa diante das inúmeras dificuldades que encontram no caminho.

Imagem de miniaturas de caixas de papelão sobre o teclado de um notebook

No mercado atual existem logtechs prontas para fornecer a logística necessária e muitas vezes por um bom preço.

Para este modelo de negócio dar certo é preciso que seja escalável, replicável e lucrativo, sendo escalabilidade o fator-chave para o sucesso. Afinal, é um modelo de negócio que deve crescer rapidamente em receita e com os custos crescendo de forma mais lenta para que possa ter um aumento na margem de lucro. Como sabemos, acumular lucro gera cada vez mais riqueza. Por isso, quanto mais escalável mais lucrativa será a startup.

As logtechs

Escalabilidade se refere à capacidade operacional da empresa, no entanto, não se restringe somente a isso. Esse termo também se refere a capacidade de se aumentar a demanda sem a necessidade de altos investimentos na expansão das suas operações. Para tanto, é preciso processos escaláveis, e é aí que entram as logtechs, as startups que atuam no setor de logística.

A maioria das pessoas que nunca trabalharam no setor logístico não vê a relação existente entre tecnologia e logística. Afinal, acreditam que logística se refere apenas à movimentação de bens tangíveis — e por isso não tem nenhuma relação com softwares. Porém, quem atua na área sabe que logística não se trata apenas de bens materiais, mas também sobre as informações relacionadas a esses bens. Até porque é com essa camada de informação que se torna possível otimizar a logística e a cadeia de suprimentos em geral.

Por isso mesmo a logística é tão relevante para empreendedores de tecnologia e atualmente para as empresas de e-commerce. Sempre que houver informação, há valor a ser adicionado pelos softwares voltados ao gerenciamento da cadeia de suprimentos.

Hoje você não precisa ter uma empresa grande para ter sua própria logística adaptada às suas necessidades. Sim, você pode se destacar com um excelente processo logístico mesmo que seja uma empresa pequena. Isso porque existem logtechs prontas para fornecer a logística necessária e muitas vezes por um bom preço.

Maior agilidade por meio das tecnologias escaláveis

Os processos escaláveis são importantes na otimização de etapas específicas de uma empresa para que se possa atender mais sem a necessidade de aumentar naquele momento os recursos atuais. Com o grande crescimento do e-commerce na pandemia (dados mostram que tivemos 1 loja online sendo aberta por minuto), muitas empresas dobraram seus pedidos. E, para atender a esse aumento de demanda, as logtechs encontraram na crise a oportunidade para inovar e se desenvolver agregando valor a outros setores — principalmente às empresas afetadas pela pandemia. Podemos notar claramente esse crescimento ao observar a quantidade de empresas renomadas comprando pequenas startups de logística.

O objetivo principal das logtechs é conectar as pontas do setor logístico. Ou seja, tornar possível a entrega de produtos através de um setor de vendas eficiente, uma logística de armazenagem organizada e otimizada. E, principalmente, permitir aumentar a agilidade na etapa de last mile, uma das mais custosas para muitas empresas. Tudo isso para garantir uma entrega no tempo certo e com segurança.

As logtechs podem variar suas atividades dentro das inúmeras funções abrangidas pelo setor logístico. Separei a seguir suas 5 áreas de atuação:

Gestão logística

São as mais comuns. Ou seja, aquelas que trazem soluções para tornar a gestão dos processos logísticos mais eficientes através do uso da inteligência artificial e o uso aplicado de dados (analytics).

Entrega

Geralmente são voltadas ao last mile. Neste caso, tornam a última etapa da logística mais ágil por meio de inúmeros modais de transporte e controle apurado dos veículos.

Logística Reversa

É referente ao retorno de mercadorias para a cadeia de suprimentos. São serviços intermediários que facilitam o retorno dos produtos danificados ou incorretos. O sistema de pós-venda, por exemplo, é indispensável para o varejo online e ajuda a fidelizar o cliente.

Estoque

Aqui, são empresas voltadas para tecnologia de armazém e fluxo da logística de armazenagem em centros de distribuição. Uso como um bom exemplo as operações com o uso de smart lockers, que fazem uma integração entre operações físicas e online (muito importante no e-commerce). Nesse sistema o cliente pode retirar seu produto poucas horas após a compra no local mais próximo de sua localização, sem fretes ou atrasos.

Marketplace de frete

Empresas que trazem soluções através de análises comparativas sobre cotações e contratações de fretes eficaz. Ou seja, a tecnologia conecta os dois lados fazendo o intermédio entre transportadores autônomos e fornecedores. É ideal para entregas fracionadas.

Conclusão

A logística vem assumindo uma posição cada vez mais estratégica nas organizações, integrando suas atividades ao longo da cadeia de valor e nos negócios voltados para e-commerce. Afinal, torna os processos mais ágeis por meio da tecnologia, transformando o ambiente logístico nacional. O novo mercado de consumo exige experiência e qualidade em seus serviços. Nesse cenário, as habilidades digitais e o empreendedorismo ganham cada vez mais importância.

A pandemia desencadeou importantes mudanças e inovações no futuro do supply chain. E, neste caso, as logtechs estão à frente dessas inovações provenientes da digitalização na logística. Com o crescimento dos grandes marketplaces, como Mercado Livre e Amazon, as startups de logística têm sido determinante para suprir as altas demandas e integrar suas atividades — o que exige rapidez e qualidade nos serviços de entrega. Destaco ainda que as logtechs também foram essenciais para a sobrevivência de empresas menores afetadas pela pandemia. A era atual não será marcada apenas por uma nova economia, mas também pelo mundo das startups.