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A ilusão do custo baixo: por que o amadorismo em tecnologia coloca sua loja virtual em risco

Por: Tiago Tartari

Executivo e Consultor Estratégico em Negócios e Tecnologia

Tiago Tartari é Executivo e Consultor Estratégico em Negócios e Tecnologia, com mais de 20 anos de experiência. Ao longo de sua trajetória, Tartari acumulou 18 anos de atuação no setor de varejo brasileiro. Com vasta experiência em Tech Due Diligence, é também reconhecido como Microsoft MVP, uma premiação que destaca sua influência e capacidade técnica na comunidade de software no Brasil.

Você está começando um negócio online e, como qualquer novo varejista, quer economizar onde puder, certo? Aliás, não apenas novos varejistas, mas também aqueles com mais experiência. Certamente, uma das primeiras tentações é contratar aquele desenvolvedor recém-formado ou o famoso “sobrinho de um amigo” para criar sua loja virtual. Afinal, ele fez faculdade de TI, e o preço é muito mais em conta. Parece a solução perfeita, não?

Veja por que economizar na criação da sua loja virtual com desenvolvedores amadores pode sair caro e como investir em profissionais experientes garante segurança, performance e sucesso para o seu negócio online.

Errado! O que parece uma economia no curto prazo pode, na verdade, colocar todo o seu negócio em risco no médio e longo prazo. E isso pode sair muito mais caro. Mesmo com a ilusão de que é só para começar o negócio.

Insights

– O amadorismo em tecnologia pode levar a desperdícios financeiros e problemas de performance graves, especialmente em momentos de crescimento.

– A otimização da infraestrutura em nuvem, incluindo o uso eficiente de cache e servidores, pode reduzir drasticamente os custos operacionais sem comprometer a qualidade do serviço.

– Soluções especializadas em performance de software são essenciais para garantir que a infraestrutura do site suporte picos de tráfego e continue funcionando de forma eficiente.

Se você abrisse uma loja física, faria de qualquer jeito?

Vamos imaginar que, em vez de abrir uma loja online, você estivesse abrindo uma loja física. Você deixaria um “amador” cuidar de toda a infraestrutura? Alguém sem “cicatrizes” seria o responsável pela instalação elétrica, pela segurança e pela escolha dos materiais de construção? Claro que não! Então, por que o mesmo raciocínio não é aplicado ao abrir uma loja virtual?

Montar uma loja online vai além de simplesmente colocar um site no ar. A estrutura é tão importante quanto o prédio físico de uma loja. Se ela não estiver bem construída, os clientes terão uma péssima experiência, o que pode resultar em abandono de carrinho, problemas de pagamento, falhas de segurança e, o pior de tudo, perda de reputação, de confiança no seu negócio e de dinheiro.

Onde está o verdadeiro perigo?

Primeiro, precisamos esclarecer: a questão não é sobre a pessoa em si, como o “sobrinho do amigo” ou o recém-formado. Todos começamos de algum lugar, e a falta de experiência, por si só, não é o problema. O verdadeiro perigo está na dependência de alguém sem repertório suficiente para lidar com os desafios reais de um negócio digital.

Amadorismo, no contexto de tecnologia, significa a falta de preparação prática para enfrentar problemas complexos. Na teoria, a pessoa pode ter o conhecimento técnico. Mas, na prática, sem cicatrizes e vivência, o cenário é bem diferente. Ao colocar o futuro da sua loja virtual nas mãos de alguém com pouca experiência, você está apostando no desconhecido.

Segurança dos dados não pode ser comprometida

Lojas virtuais lidam diariamente com dados sensíveis, como informações pessoais e financeiras dos clientes. Um amador pode não estar preparado para implementar as medidas de segurança adequadas, o que aumenta o risco de vazamento de dados e roubo de informações. Além de prejudicar a confiança dos seus clientes, isso pode acarretar grandes perdas financeiras e problemas legais.

Performance lenta pode custar vendas

Se o site da sua loja virtual demora para carregar, a tendência é de que o cliente desista da compra e procure outra alternativa mais rápida. A performance do site está diretamente relacionada ao volume de vendas, e um desenvolvedor inexperiente pode não otimizar a loja adequadamente para garantir um carregamento eficiente. Cada segundo de atraso pode resultar em carrinhos abandonados e oportunidades perdidas.

Experiência do usuário define o sucesso

A navegação da loja virtual precisa ser intuitiva, fácil e agradável. O cliente não pode encontrar dificuldades no processo de compra. Qualquer barreira nesse caminho pode ser motivo de desistências. Desenvolvedores amadores podem não ter a vivência necessária para criar uma experiência de usuário (UX) fluida, o que afasta os consumidores e prejudica o desempenho do seu e-commerce.

Os varejistas e a tentação de gastar menos

Para muitos novos varejistas, a pressão por manter os custos baixos é real. Afinal, as margens no varejo são apertadas, e cada decisão precisa ser pensada com cuidado para evitar desperdícios. No entanto, a escolha por um “desenvolvedor amador” muitas vezes parece uma solução econômica, mas pode se transformar em um erro caro.

Além do risco imediato de problemas de performance e segurança, há questões práticas no dia a dia da operação. Quem você vai chamar quando a loja cair? Quem estará disponível para solucionar um vazamento de dados ou corrigir bugs em um momento crítico? Desenvolvedores amadores geralmente não oferecem um SLA (Service Level Agreement), ou seja, um acordo formal de suporte técnico com garantias de tempo de resposta e solução.

Outro ponto importante é a adaptação constante que o varejo exige. Se você precisa mudar rapidamente uma funcionalidade ou ajustar algo no site durante uma campanha, o desenvolvedor amador pode não conseguir acompanhar a dinâmica do mercado.

Um caso real em que até os experientes enfrentam desafios

Uma empresa de mercado de nicho havia contratado desenvolvedores experientes para construir internamente sua loja virtual e, inicialmente, tudo correu bem. No entanto, conforme a operação crescia e a complexidade aumentava, começaram a surgir problemas que não tinham sido previstos no estágio inicial de desenvolvimento.

O principal problema aqui não foi a falta de conhecimento técnico, mas sim a falta de planejamento e de repertório para lidar com o crescimento rápido. O aumento do tráfego e das demandas da operação expuseram limitações na arquitetura da plataforma e na infraestrutura de TI, forçando a empresa a rever toda a estratégia e buscar alternativas para solucionar os gargalos que surgiram.

Esse caso mostra que até mesmo equipes experientes podem enfrentar dificuldades quando o desenvolvimento não é feito com o futuro em mente. O planejamento para escalabilidade e adaptação a novas demandas é tão importante quanto o planejamento das vendas. Esse exemplo serve como um alerta para quem pensa que basta montar uma loja online e “esquecer” que ela está “vendendo”. O crescimento de um negócio digital traz novos desafios e, sem o preparo adequado, o risco de falhas é alto.

A solução encontrada para reduzir gargalos e gastos excessivos foi a contratação de uma empresa especializada em performance e arquitetura de software

À medida que a operação da loja virtual crescia, a estrutura, que inicialmente parecia sólida, começou a apresentar problemas. Sem um planejamento adequado para a escalabilidade, a loja começou a enfrentar problemas sérios de performance, principalmente durante picos de tráfego, e os custos com a infraestrutura em nuvem dispararam, chegando a mais de R$ 4 mil mensais – um valor extremamente alto para o porte da operação.

Com esses gargalos tornando-se cada vez mais evidentes, a solução foi a contratação de uma empresa especializada em performance e arquitetura de software. O objetivo era claro: otimizar o desempenho da loja e reduzir os custos com a infraestrutura de nuvem, sem comprometer a qualidade do serviço oferecido aos clientes.

Como a especialização resolveu os problemas de performance e custos

A primeira etapa foi uma análise detalhada da infraestrutura da loja. A equipe especializada identificou rapidamente que a arquitetura de software e a configuração dos recursos em nuvem não estavam adequadas à demanda real. Embora o site estivesse funcional, ele não havia sido projetado para escalar de maneira eficiente, resultando em desperdício de recursos e em uma queda de performance, especialmente durante os momentos de maior tráfego.

A análise da Imagem 1 mostra o tráfego de dados ao longo dos dias. Observam-se picos significativos de uso de dados que não eram sustentáveis para uma operação de pequeno a médio porte. Esses picos, não controlados, aumentavam os custos de forma exponencial.

Imagem 1

Ajustes na configuração da nuvem e redução de custos

A configuração inicial da infraestrutura em nuvem estava consumindo muito mais recursos do que o necessário. A equipe especializada reestruturou o uso de servidores, ajustando o balanceamento de carga e adotando uma abordagem mais eficiente para o gerenciamento de dados. Isso permitiu uma redução significativa dos custos mensais, que antes chegavam a mais R$ 4 mil. Após a otimização, os gastos foram ajustados para refletir as reais necessidades da operação.

A Imagem 2 mostra a queda nos custos de operação após a otimização. Entre os dias 9 de fevereiro e 9 de março, houve uma redução expressiva dos gastos diários com nuvem, com o valor inicial próximo de R$ 80,00 por dia, caindo para uma fração desse valor após as melhorias serem aplicadas, principalmente ao final do período.

Imagem 2

Otimizações no código e gerenciamento de tráfego

Além das melhorias na infraestrutura, foram realizados ajustes no código da loja virtual e na forma como o sistema gerenciava o tráfego. A otimização do banco de dados, a implementação de técnicas de caching e o uso de ferramentas mais eficientes garantiram que o site carregasse mais rápido e funcionasse de forma consistente, mesmo durante momentos de alta demanda.

A Imagem 3 mostra claramente o impacto dessas otimizações no uso de cache via Cloudflare. Antes da implementação de cache otimizado, a maior parte do conteúdo estava sendo servida diretamente da origem (servidor principal), o que sobrecarregava a infraestrutura e aumentava os custos operacionais. Após a implementação, houve uma inversão: a Cloudflare passou a servir grande parte do conteúdo diretamente do cache, aliviando a carga sobre os servidores de origem.

Podemos observar que, dos 50,97 GB de dados transferidos, 20,07 GB foram servidos pela Cloudflare, enquanto 30,9 GB vieram da origem. Esse gráfico mostra claramente como o uso do cache foi otimizado, com 19,4 GB de dados servidos diretamente do cache (cache “hit”), enquanto apenas 8,64 GB foram servidos diretamente da origem após falhas de cache (cache “miss”). O cache dinâmico também passou a desempenhar um papel importante, ajudando a garantir que o site continuasse a entregar conteúdo de forma eficiente, sem sobrecarregar a infraestrutura.

Desenvolver a plataforma de e-commerce internamente ou contratar fora?

Com todos esses desafios em mente, surge a pergunta: desenvolver internamente ou contratar fora? A resposta depende do porte do seu negócio e dos recursos que você tem à disposição.

O core do varejista não é o desenvolvimento de software

O foco do varejista é seu produto e seu mercado. O desenvolvimento de software, apesar de ser uma parte importante, não é o centro do negócio. Ao tentar desenvolver uma solução internamente, muitas vezes sem o conhecimento técnico necessário, o varejista corre o risco de perder tempo e dinheiro em algo que não é sua especialidade.

Responsabilidade do fornecedor externo

Ao contratar uma equipe externa ou optar por uma plataforma SaaS, o varejista transfere a responsabilidade técnica para quem realmente entende do assunto. Isso garante não apenas a construção de uma loja sólida, mas também o suporte contínuo para lidar com qualquer imprevisto. A lição que tiramos desse caso é clara: mesmo com desenvolvedores experientes, o crescimento rápido pode trazer desafios inesperados. Por isso, contar com uma solução escalável e que já esteja preparada para lidar com o aumento da demanda é uma escolha prudente.

Conclusão: não se trata apenas de economizar, mas de fazer as escolhas certas

Optar por soluções amadoras pode parecer vantajoso no início, mas os riscos são muito maiores do que as vantagens aparentes. Uma loja virtual mal construída pode prejudicar seu negócio de formas que você nem imagina. A segurança, a performance e a experiência do usuário não são elementos que podem ser negligenciados.

Considere que o barato pode sair caro. Se você quer que sua loja virtual seja competitiva e funcione sem surpresas desagradáveis, contar com profissionais experientes, ou escolher uma plataforma SaaS robusta, é a escolha mais sensata. Seu negócio merece uma base sólida e segura para crescer e prosperar.