A pandemia do coronavírus vem deixando clara a diferença entre as marcas de Varejo preocupadas com a experiência do cliente e aquelas que agora precisam correr atrás da digitalização — e acelerar um movimento que vinha sendo adiado desde o fim do século passado.
Com lojas fechadas, obviamente todos terão algum impacto negativo. Mas quem apostou antes e foi pioneiro na transformação digital agora está em uma posição privilegiada. Está conseguindo manter o relacionamento com consumidores, que também passam a reconhecer mais essa diferença.
Setor de Moda em crescimento
Prova disso é o levantamento que mostra que os consumidores brasileiros não estão comprando apenas alimentos e remédios na internet durante a quarentena. O segmento de Moda — que inclui as categorias de Vestuário, Acessórios e Calçados — teve crescimento de 48,9% em março deste ano em relação ao mesmo mês de 2019.
Isso deixou ainda mais clara a perda de eficiência do marketing de massa, com estratégias de broadcast que impactam as pessoas com mensagens genéricas. Ganham mais força as ações segmentadas de relacionamento, que realmente são centradas no consumidor.
O comportamento do consumidor brasileiro de Moda
O dado é da Pesquisa “Impactos do Covid-19 no Comportamento do Consumidor Brasileiro de Moda”, realizada pela Dito CRM. Foram analisadas 731 mil compras, que totalizaram cerca R$ 200 milhões. O estudo englobou apenas varejistas de marca própria com presença on e offline há mais de 2 anos. Juntos eles possuem cerca de 2.500 lojas físicas, que estão todas fechadas neste momento.
Receita
Volume
Em volume de vendas, o crescimento observado em março foi um pouco menor, de 37,7%, na comparação com o mesmo mês de 2019. O aumento expressivo da receita e do volume de vendas no e-commerce reflete a migração de consumidores do mundo físico para as lojas virtuais.
Ticket médio
As vendas do segmento de Moda vêm crescendo nos últimos anos e março conta com uma data sazonal que vem ganhando mais importância, o Dia do Consumidor (15/3). Mesmo assim, o resultado do mês ficou muito acima da média. Com ações agressivas para enfrentar o fechamento das lojas físicas, principalmente na segunda quinzena, o ticket médio apresentou queda de 10,4%.
As marcas que se destacaram na migração de seus consumidores para o e-commerce tiveram um ponto em comum: o aproveitamento das vendedoras das lojas físicas — que estão atuando remotamente no contato com sua base de clientes. Elas são fundamentais para esta migração do offline para o online, ajudando as consumidoras como consultoras digitais.
Varejo: um prestador de serviços
O medo do Coronavírus revela, assim, a fronteira entre as empresas que enxergam mais longe com base em seu propósito e aquelas que olham apenas para o curto prazo. Essas, ainda olham muito para dentro e não compreenderam que o Varejo é um grande prestador de serviço à população.
Talvez seja tarde para algumas marcas que ainda não tinham começado o movimento de mudança de eixo. No entanto, se continuarem ignorando as necessidades do consumidor, é certo que vão sofrer uma “seleção natural” — e infelizmente acabarão extintas, deixando apenas uma lição do que não deve ser feito.