Recentemente, li o estudo exclusivo de uma empresa especialista em soluções de prevenção e gerenciamento de risco que mapeou o cenário de golpes no e-commerce brasileiro durante 2022. Nele, conferi que, ao todo, foram 5,6 milhões de tentativas de fraude durante o ano, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro.
O estudo analisou 312,2 milhões de pedidos realizados no e-commerce brasileiro feitos via pagamento por cartão de crédito, que totalizou R$ 5,8 bilhões em ações fraudulentas. Aqui, se compararmos as pesquisas do ano passado, as tentativas de fraude apresentaram uma queda de 0,3%, mas os valores ainda foram 4,8% maiores do que em 2021.
Além disso, outras duas informações apresentadas foram muito relevantes e gostaria de destacá-las: o ticket médio das fraudes, que teve um aumento em comparação com o ano passado, registrando R$ 1.046 em 2022 contra R$ 981 em 2021. E o marketplace, que apresentou 972 mil tentativas de fraudes, e seu ticket médio da fraude é de aproximadamente 2,4 vezes o ticket médio dos pedidos positivos.
Com esses dados, podemos notar que os números apontam um crescimento controlado no número de tentativas de fraudes em razão da desaceleração do comércio eletrônico, o que já era esperado. O ano de 2022 foi marcado por um crescimento moderado do e-commerce brasileiro e, pelas incertezas financeiras do consumidor para 2023, fatores contribuíram para a queda diante dos anos anteriores. Porém, mesmo assim, o período ainda apresentou altos números de golpes.
Enfim, os consumidores e os varejistas precisam ficar atentos. Afinal, o número de fraudadores no e-commerce é equivalente à quantidade de consumidores que migra para o varejo digital todos os dias, tendo em vista que os golpistas procuram vigiar os comportamentos dessas pessoas para enganá-las. Algumas das principais ferramentas utilizadas são a fragilidade emocional dos consumidores, que acabam sendo atraídos pelas falsas narrativas criadas, e a exclusão digital, fortemente presente no Brasil.
As categorias mais procuradas pelos fraudadores
Entre as categorias que mais sofreram tentativas, o estudo mostra que estão celulares (8,2%), com ticket médio de R$ 2.650, eletrônicos (8,0%), representando R$ 2.442, e informática (4,3%), com R$2.589. Essas categorias também foram as líderes em 2021, com apenas uma mudança: o terceiro lugar foi ocupado pela categoria automotivos, que este ano seguiu para o quarto lugar (3,4%).
Por dentro das regiões mais fraudadas
Mais uma vez, assim como no ano anterior, a região Norte segue na dianteira, com o maior índice de tentativas de fraude sobre a quantidade total de transações – 3,4%. Ela também é a primeira no ranking do ticket médio da tentativa de fraude com o valor de R$ 1.420,00. Em seguida, vêm Nordeste (2,8%), Centro-Oeste (2,5%), Sudeste (2,1%) e Sul (1,1%).
Gênero
Ao olharmos para os gêneros, concluímos que o público masculino é o que mais sofre com tentativas de fraudes (3,1%), enquanto que o público feminino representa 1,5% do número de fraudes. Já em relação à faixa etária, pessoas de até 25 anos foram as que mais sofreram tentativas, totalizando 4%, seguidas pelo grupo de pessoas acima de 51 anos (2,1%).
Dia, mês e hora da fraude
A maior concentração de tentativas de fraude é de terça a quinta-feira, quando o ticket médio da fraude gira em torno de R$ 1.230. Já em meses, o período de fevereiro a maio apresenta os maiores números de tentativas. Ademais, os fraudadores costumam agir de madrugada, tendo em vista que as maiores taxas de tentativas se concentram de 1h às 4h.
Confira as principais datas comemorativas
Por fim, as datas comemorativas que mais apresentaram tentativas de fraudes foram o Dia das Mães (2,5%), Dia do Consumidor (2,2%) e Dia dos Namorados (2,1%). Já a Black Friday apresentou (1%) – essa data não é tão atrativa, pois possui foco em grandes promoções, o que não faz diferença para os fraudadores. Em contrapartida, nesse período, os golpistas procuram produtos com preços maiores. Em 2022, o ticket médio dos pedidos fraudulentos foi de R$ 1.463, número 21,3% maior do que na Black Friday de 2021.