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Como o BNPL está transformando a experiência de fazer compras online

Por: Ricardo Alfaro

Partner na QI Tech

Ricardo Alfaro é Partner na QI Tech, onde atua desde 2022. Com formação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Paraná, Ricardo tem uma carreira marcada por liderança em vendas e transformação de mercados. Ele traz uma sólida experiência em tecnologia, segurança e experiência do cliente, destacando-se no mercado de antifraude e compliance no Brasil.

A pandemia foi um período importante para a digitalização de serviços e para acelerar mudanças no perfil de compra dos consumidores. Em 2020, ano em que convivemos com lockdowns, o e-commerce cresceu mais de 73% – uma expansão expressiva e totalmente atípica, devido às restrições de circulação que obrigaram diversas lojas a fecharem ou a funcionarem em horários restritos, o que estimulou as compras online. Passados mais de quatro anos, o e-commerce no Brasil segue crescendo em um ritmo acelerado e consistente, sendo responsável por ter movimentado mais de R$ 196 bilhões em 2023.

Veja como o BNPL está revolucionando o e-commerce brasileiro ao oferecer mais conveniência, agilidade de crédito e oportunidades de crescimento para lojistas e consumidores.

O uso de tecnologias no e-commerce

Nesse cenário, com um novo perfil de consumidor, muito mais digital e exigente, o uso de tecnologias no e-commerce se tornou exponencial. Atualmente, por exemplo, é inimaginável empresas não utilizarem inteligência artificial (IA) em seus processos, seja para oferecer produtos e serviços personalizados ou para analisar o risco de crédito de seus clientes.

Entre as várias inovações que vêm transformando o mercado, destaco uma forma de pagamento que tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil: o BNPL (Buy Now, Pay Later), ou “Compre Agora, Pague Depois”, em português. Esse modelo permite ao consumidor adquirir um produto e pagar posteriormente, frequentemente sem juros ou com taxas menores do que as aplicadas no cartão de crédito, além de contar com uma liberação de crédito muito mais ágil, muitas vezes imediata.

Embora semelhante ao crediário tradicional, o BNPL tem a vantagem de permitir o financiamento de valores menores, algo nem sempre viável nas opções de crédito convencionais. Para os lojistas, essa modalidade representa a oportunidade de receber o pagamento à vista enquanto oferecem aos consumidores a flexibilidade do parcelamento. Isso não apenas melhora a conveniência para o cliente, mas também reduz a percepção de risco associada às compras, estimulando o consumo e potencialmente aumentando a fidelização.

Apesar de ser uma solução agregadora e aparentemente prática, implementar o Buy Now Pay Later em uma operação comercial pode trazer obstáculos. Isso ocorre porque essa adição requer uma série de etapas específicas, como uma análise de crédito completa, a emissão da CCB (Cédula de Crédito Bancário) sobre o valor total da compra, a transferência dessa dívida para um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e o gerenciamento da cobrança. Além disso, é essencial que cada uma dessas etapas esteja de acordo com as regulamentações vigentes, podendo inclusive demandar licenças específicas do Banco Central do Brasil.

BNPL: vantagens e desafios no mercado brasileiro

Um dos maiores desafios para as empresas é a gestão do risco de crédito, que exige o cumprimento de normas como o Código de Defesa do Consumidor. Além disso, há a possibilidade de o BNPL agravar o endividamento dos consumidores, o que demanda cautela e análises de crédito criteriosas para mitigar esse risco.

Esses desafios podem ser superados ao se estabelecer uma parceria com provedores especializados de BNPL em modelos “as a Service”. Com isso, as empresas conseguem fortalecer sua posição no mercado de pagamentos, aprimorando a experiência de checkout e oferecendo praticidade ao cliente, sem comprometer o processo com questões regulatórias e tecnológicas, que são geridas pela plataforma contratada.

Segundo dados de relatório divulgados pelo banco Morgan Stanley, a aceitação do BNPL no Brasil passou de 11% para 18% no primeiro trimestre de 2024. Em 2022, o número era de apenas 3%. O relatório apontou como principais fatores para o crescimento o fato de o Brasil ter uma grande parcela de consumidores que não têm acesso a cartão de crédito ou que não são bancarizados. De acordo com o estudo, o volume de transações feitas via BNPL no mercado brasileiro pode chegar a US$ 31 bilhões em 2028 (neste ano, a previsão é de US$ 10 bilhões).

Mas oferecer uma facilidade ao cliente não é suficiente se a empresa não estiver preparada para lidar com a nova solução. A relação tem que ser sempre um ganha-ganha: o cliente ganha em ter uma possibilidade concreta de adquirir o bem desejado e, do outro lado, a empresa ganha em aumentar o seu fluxo de caixa e, ao mesmo tempo, em conquistar e fidelizar um novo público com uma experiência de compra fluida, rápida e descomplicada.