Logo E-Commerce Brasil

Comportamento feminino no digital: marcas precisam atender às particularidades desse segmento

Por: Gustavo Chapchap

Graduado em Marketing com especialização em Gestão de Projetos, trabalha com comunicação há mais de 20 anos e com e-commerce desde 2006. Redigiu o projeto que originou o Dia do Profissional Digital #404DigitalDay aprovado no plenário da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo em 2014. Colaborou com o lançamento do Guia de e-Commerce ABRADi-SP Sebrae-SP escrevendo o capítulo de plataformas, atua como CMO na JET. Em 2019 foi premiado como MVP no Fórum E-Commerce Brasil.

Independentemente do segmento de mercado, são as mulheres que influenciam e concluem mais compras.

No caso do e-commerce, essa situação é ainda mais acentuada, porque há alguns anos elas aparecem nos estudos como o principal público consumidor das compras online. Vale lembrar que nos setores de moda, beleza e saúde, elas predominam.

Saiba como as mulheres lideram o consumo online e o empreendedorismo no e-commerce, e descubra estratégias para conquistar esse público cada vez mais conectado e influente.

E há outro fator a ser considerado: a importância delas no empreendedorismo, o que as coloca como lideranças à frente de muitas operações de e-commerce.

Entre os nossos clientes, essa presença feminina se confirma, uma vez que concentramos muitas lojas no setor de moda e, na maioria delas, a gestão tem à frente mulheres.

Como é o comportamento feminino no digital?

E, como citamos no início, além das vendas diretas, precisamos considerar a influência exercida sobre as compras dos lares brasileiros.

Para se ter uma ideia, de acordo com o IBGE, 50,8% dos lares brasileiros têm mulheres como chefes de família. Ou seja, o sucesso de uma marca hoje depende muito de como ela se relaciona com esse segmento, seja essa mulher usuária ou shopper da categoria.

E se o público feminino responde pela maior parte do consumo online, como indicam as pesquisas, faz sentido que elas também sejam cada vez mais conectadas e engajadas.

Segundo dados divulgados pela ComScore, 90% do total da população digital feminina consomem redes sociais.

Veja as informações:

– a população feminina totaliza hoje 66 milhões de mulheres (de uma base de 132,6 milhões de pessoas), e 60 milhões compõem o grupo que está presente nas redes sociais.

– a principal plataforma é o Instagram, em termos de tempo dedicado, seguida pelo WhatsApp, Kwai, YouTube e TikTok.

– refletindo a movimentação do mercado, no caso do varejo, a liderança, com folga, é da Shopee, seguida pela Shein e pelo Mercado Livre.

O que conquista a atenção do público feminino?

A despeito dos números significativos, o desenvolvimento de estratégias focadas no público feminino no digital deve levar com conta outros fatores além da questão quantitativa.

O estudo Most Influential Celebrities (MIC), da Ipsos, que avalia o impacto das celebridades no país há sete anos, traz insights relevantes para entender melhor o que pode conquistar a atenção das mulheres.

Desde 2021, elas dominam o cenário de influência, representando cerca de 80% dos top 30 nomes. E, na edição deste ano, essa presença aparece muito forte: entre as dez celebridades mais influentes, nove são mulheres, incluindo uma mulher trans e quatro mulheres negras.

O top 5 é encabeçado por Gisele Bündchen, que lidera a pesquisa pela segunda vez e é uma presença frequente no ranking.

Ícone da moda, a influência da modelo vai além das passarelas, uma vez que promove um estilo de vida saudável e encoraja milhões a cuidarem do próprio bem-estar.

O segundo lugar na pesquisa ficou com Rebeca Andrade, atleta brasileira com mais medalhas olímpicas na história do país.

Como destacado no estudo, a ginasta simboliza superação e determinação, servindo de inspiração para jovens atletas e mulheres em todo o Brasil.

A artista Liniker é terceira no ranking, seguida por Jout Jout (mesmo sem publicar novos conteúdos) e pela cantora Iza.

Um dos aspectos a serem considerados pelas marcas é que essas figuras não apenas dominam as mídias sociais, como moldam a percepção pública de valores e engajamento social.

Uma das conclusões do estudo é que a diversidade das trajetórias e histórias dessas personalidades reflete uma nova era de influência, marcada, sobretudo, pela autenticidade e pelo impacto social.

Essa reflexão é reforçada pelo fato de que, em 2023, predominava ainda a valorização da beleza, agora substituído por outros atributos, como credibilidade e transparência.

Segundo o estudo, nesse contexto, confiança e credibilidade emergem como características essenciais para as personalidades influentes em 2024.

Confiança e credibilidade: oportunidades para as marcas

Avaliando o que isso significa para as marcas, trabalhar bem esses valores pode ser uma oportunidade estratégica para as marcas.

Atentar para esses atributos pode fazer a diferença na criação de ações mais relevantes e impactantes.

Refletindo sobre o emprego dos influenciadores, é importante, caso faça sentido para a essência da marca, fazer o alinhamento com personalidades que compartilham valores autênticos e estabelecem conexões genuínas com o público.

Analisando o papel das redes sociais na definição da influência, a pesquisa da Ipsos também enfatiza o papel de plataformas como TikTok, Instagram, YouTube e Facebook, que superaram a televisão como principais fontes de informação sobre celebridades.

Para se ter ideia, em 2017, 46% das pessoas usavam a televisão aberta como veículo para se informar sobre celebridades. O canal era o terceiro principal. Hoje, a TV ocupa a quinta posição entre os meios mais usados para seguir celebridades, atrás do YouTube, do Facebook, do Instagram e do TikTok.

Evidenciando fatores importantes nesse cenário dos influenciadores digitais, o estudo revela que, de 2021 para 2024, houve uma redução de 40% na porcentagem de atores e atrizes entre os 30 mais influentes.

Provavelmente em razão do contexto olímpico, foi verificada a ascensão dos atletas – eles representam hoje 17% das celebridades mais influentes.

Como posicionar as marcas para o público feminino?

Ao refletir sobre o que as empresas devem fazer para se aproximar do público feminino, talvez o principal seja atentar para a diversidade.

É impossível concentrar-se nos estereótipos do passado para se comunicar com esse segmento.

Para começar, há a questão geracional. Ao mesmo tempo em que assistimos à ascensão da geração Z (são aproximadamente 20 milhões, representando 10% da população), não se pode ignorar a presença no mercado de consumo das gerações X (20%), baby boomers (16%) e Y (25%), conforme levantamento do ManPowerGroup.

Diante da necessidade de atender públicos mais diversificados, a saída é a personalização da abordagem.

Essa questão aparece como tendência no e-commerce há alguns anos, mas estamos agora num momento crucial: o consumidor está mais exigente e precisamos, mais do que nunca, evidenciar o nosso comprometimento com as suas necessidades.

No caso do público feminino, vários estudos, como os citados neste artigo, confirmam que as mulheres valorizam a conexão com a marca, o compartilhamento de valores.

No dia a dia, é óbvio que as estratégias desenvolvidas precisam atender às particularidades de cada negócio, mas é um bom começo investir no alinhamento entre os propósitos da marca e as propostas de valor de cada grupo de clientes.