A pandemia de Covid-19 mudou o comportamento de compra dos brasileiros. Com as lojas físicas fechadas em muitas cidades, a migração para o comércio eletrônico foi sentida em alguns setores já nas primeiras semanas de isolamento social. Alimentos e bebidas, saúde, pet shop, beleza e perfumaria viram as vendas aumentarem em dois dígitos em março, ante fevereiro.
Entre 24 de fevereiro e 24 de maio, a transformação digital acelerou, culminando em um faturamento de R$ 27,3 bilhões no e-commerce nacional (71% maior que em igual período de 2019). Os dados são da Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado.
O novo coronavírus acelerou vendas de setores ainda pouco explorados no e-commerce (saúde, alimentos e bebidas) e consolidou produtos que já eram comuns nos carrinhos (eletrônicos e brinquedos).
Fiz uma seleção de estudos e pesquisas nacionais que analisaram o impacto da Covid-19 no comportamento de compra online.
Preço e estoque
Descobrir o impacto da pandemia sobre preços e estoque no e-commerce foi objeto de um estudo da Lett. A empresa analisou 182 lojas e 5,8 mil produtos em alimentos e bebidas, bebês, beleza e perfumaria, cuidados diários, petshop, saúde e utilidades domésticas.
Se a procura por alguns produtos aumentou, os preços também sofreram alterações. Veja a variação do valor médio por categoria entre 20 de março e 1º de junho:
- Saúde: +4%
- Utilidades domésticas: +14%
- Cuidados diários: +6,8%
- Alimentos e bebidas: -6,6%
- Beleza e perfumaria: -16,6%
Quanto à disponibilidade de estoque, o abastecimento do e-commerce teve momentos críticos no início da quarentena, quando lojistas e distribuidores enfrentaram dificuldades para atender à demanda. Em abril, porém, os índices voltaram a subir.
Hábitos de navegação
Segundo a Social Miner, o comportamento de navegação online pode ser dividido em dois períodos: pré e durante a pandemia. A recomendação do isolamento social vem deixando as pessoas em casa, o que refletiu em mais tempo livre para atividades do dia a dia, entre as quais as compras. Com isso, o tráfego nos sites passou a ser bem distribuído, com picos entre 13h-14h e 17h-19h.
À noite, os acessos permanecem em alta, revelando um comportamento diferente das semanas anteriores ao isolamento. E isso indica que o varejo virtual se tornou uma forma de distração, substituindo as atividades anteriores à Covid-19.
Em março, com o aumento de casos do novo coronavírus no país, os e-commerces vivenciaram queda nas vendas. Mas, a partir da segunda quinzena os números voltaram a subir. Desde então, o pico de conversões aconteceu nas semanas anteriores ao Dia das Mães (em 10 de maio).
Horários de compras
Os pedidos online vêm sendo realizados a partir do meio-dia, mas com uma distribuição mais uniforme do volume de vendas hora a hora em razão da flexibilidade da agenda e do maior tempo livre.
A distribuição das visitas mostra que os usuários usam o período da manhã para acessar os e-commerces e avaliar as opções. Já a maioria das conversões acontece mais tarde, entre 14h e 17h, e das 19h em diante, completando a jornada de compra.
Volume de pedidos
Em março, no início do isolamento social e receosos sobre o impacto da pandemia no país, os brasileiros reduziram o consumo online, derrubando o volume de pedidos na maioria dos segmentos de e-commerce.
No decorrer da quarentena, e com os comércios físicos fechados, as vendas online subiram, atingindo um crescimento acumulado de 47% em abril, mostra estudo da Konduto e da Abcomm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).
Vendas por gênero
As mulheres estão com maior representatividade nas compras online durante a quarentena. Elas são a maioria nas compras em sete das nove categorias de produtos: beleza, eletrodomésticos e eletroportáteis, farmácia e saúde, livraria, moda e acessórios, moda infantil e multicategoria. Os homens compram mais bebidas, eletrônicos e informática.
Hábitos por geração
Quando dividimos o comportamento por gerações, os millennials são os que mais aumentaram a quantidade de compras online durante o isolamento social. Segundo estudo conduzido pela consultoria Kantar, 39% deles recorreram mais ao comércio eletrônico, ante 30% dos consumidores entre 35 e 54 anos, e 24% acima dos 55 anos.
O millennials também estão usando mais as redes sociais para compras e entretenimento, com destaque para o aumento no uso do TikTok (+35%), Instagram (+69%) e YouTube (+87%).
Novos consumidores
A pandemia vem sendo uma catalisadora de mudanças no varejo e beneficiando, especialmente, as lojas online de produtos e serviços. Em meio à crise, o número de pessoas que aumentaram as compras via internet subiu de 19% para 34%, conforme observação da consultoria Kantar, no relatório Consumer Thermometer #6 — série de pesquisas sobre o impacto do novo coronavírus nos hábitos de consumo no Brasil.
Com os pontos de venda físicos fechados, os compradores recorreram ao e-commerce. Essa migração aconteceu tanto com shoppers já habituados às compras online quanto com os que nunca haviam experimentado esse canal.
Mas como reter essas pessoas pós-pandemia? A saída é fortalecer estratégias do canal para garantir o melhor mix de produtos, rastrear o processo de decisão de compra e utilizar o momento atual para aumentar o conhecimento sobre esses consumidores, se preparar melhor e sair na frente.
Gastos no e-commerce após pandemia
Sete em cada dez brasileiros afirmam que pretendem continuar comprando online mesmo com o fim da quarentena. É o que revela um levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, que ouviu mil consumidores em todo o país.
A pesquisa constatou que 52% estão comprando mais em lojas virtuais e aplicativos durante o isolamento social e que 80% estão satisfeitos com a experiência.
O avanço da Covid-19 vem provocando profundas mudanças no comportamento do consumidor e no varejo físico e online. A sua empresa está preparada para garantir uma boa experiência de compra para o cliente?