Não é segredo para ninguém que o e-commerce amplia sua importância ano após ano. Se olharmos para trás, regressando até 2011, o comércio eletrônico brasileiro saltou de 18,7 bilhões de reais em vendas para os atuais 87,4 bilhões, de acordo com os dados do relatório Webshoppers 43 da Ebit|Nielsen.
A quarentena ao longo da pandemia, que iniciou com força no Brasil a partir de março de 2020, com certeza deu um boost nos números: a maior alta em 20 anos aconteceu no ano passado. Engana-se, porém, quem pensa que o isolamento é a única explicação para o que temos hoje. O impacto, na verdade, acelerou uma tendência que vinha sendo desenhada há pelo menos uma década.
Em 2019, um ano antes da pandemia infelizmente começar, o levantamento feito pela NZN Intelligence já apontava que 74% das pessoas tinham preferência pela modalidade online em relação às compras realizadas em lojas físicas. O mesmo estudo também indicou que 82% dos consumidores brasileiros já haviam feito compras online.
Essas marcas históricas serviram, inclusive, para transformar o e-commerce em um dos pilares que mantêm outros setores de pé, como o Logístico, ao sustentar o transporte de cargas. Com tudo isso em mente, o que todos nós queremos saber sobre o futuro do comércio eletrônico brasileiro não é se ele vai se manter relevante, mas de que forma isso vai se desenvolver.
Até onde vai a prosperidade do e-commerce?
Vai longe. Para sustentar essa afirmação, temos alguns indicadores promissores. Destaco dois deles: 1) há mais crescimento no primeiro trimestre de 2021, se comparado ao mesmo período do ano anterior; 2) 17% do total de consumidores em 2020 são novos.
Nos primeiros três meses de 2021 foram feitas 78,5 milhões de compras online, de acordo com a Neotrust – 57,4% maior do que no mesmo período de 2020. Outro aspecto importante desses dados a ser observado é o aumento de 9,4% no valor do ticket médio, igualmente comparado ao primeiro trimestre do ano passado. Hoje, o gasto está em R$ 447,90.
Já em relação aos novos consumidores, o relatório Webshoppers 43 da Ebit|Nielsen apontou que o número total foi de 79,7 milhões de consumidores em 2020 – uma variação positiva de 29% em relação ao ano anterior. Destes, 13,2 milhões foram novos.
O ticket médio, inclusive, foi parecido entre os novos e recorrentes: R$ 443 e R$ 453, respectivamente. O que subjetivamente indica que as pessoas, mesmo aquelas que nunca haviam comprado online, confiam no e-commerce para suprir suas necessidades e adquirir novos hábitos.
São justamente essas novas formas de consumo que vão sustentar a prosperidade do e-commerce, especialmente pós-pandemia. Conforme o mesmo estudo da Ebit|Nielen, 83% dos novos consumidores declararam que voltariam a fazer compra online, um indicativo de que os novos podem ser recorrentes.
Para onde vamos?
Com mais pessoas habituadas a comprar pela internet, o e-commerce é uma realidade capaz de originar novos padrões de consumo. No pós-pandemia, por exemplo, uma forte tendência é o maior apelo por uma boa experiência multicanal (omnichannel).
Além de unir os ambientes online e offline, a estratégia omnichannel também perpassa pela sincronia entre os diferentes canais de venda. Afinal, novos métodos para comprar e vender estão surgindo – é possível citar o WhatsApp Pay, do WhatsApp, e o Payments 2.0, do Telegram, oferecendo ao consumidor mais uma opção para consumir pelo smartphone.
Ainda dentro disso, vale observar as adesões ao PIX, ao pagamento por aproximação e aos links e QR Code de pagamento. São novas tendências que já estão sendo abraçadas pelos consumidores, sejam eles recorrentes ou novos. Afinal, a maioria das compras online são feitas no ambiente mobile.
Por fim, diferentes segmentos mostram muito potencial. O de Petshop, por exemplo, cresceu 143% em quantidade de pedidos e 108% no faturamento em 2020, de acordo com o relatório da Ebit|Nielen. Outro segmento que merece atenção é o de Alimentos e bebidas, uma das tendências apontadas já para o decorrer de 2021, encabeçado sobretudo pelo e-grocery.