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O crescimento das soluções "Link-Centric" no comércio eletrônico

Por: Paulo Moreira

Mestre em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing pela FGV e Bacharel em Comunicação Social pela PUC. Professor e Pesquisador-Acadêmico, possui mais de 09 anos de experiência em Comércio Eletrônico, tendo especializado-se em projetos de implantação. Já atuou em diversas empresas de todos os portes pelo Brasil, tais como: Novo Mundo, Tend Tudo, Casa Show, Pontal Calçados, SurfCo e World Comexx. Conta com Certificação Google Advertising Professional (GAP) & Google Analytics Individual Qualification (GAIQ). Atualmente atende projetos de e-commerce pela sua empresa, a Ecommerce Jump.

Hoje em dia, quando se quer saber mais a respeito daquela influenciadora digital que segue no Instagram, um lugar que muitos costumam olhar é o “link da bio”. Por mais incrível que possa parecer, este singular e poderoso espaço vazio deu início a algumas empresas chamadas link-cêntricas (ou “link-centric“, em inglês). Falando assim, talvez você não conheça o termo, mas provavelmente já deve ter visto ou até utilizado em algum momento, navegando em redes sociais como o próprio Instagram ou no TikTok.

Ferramentas llink-centric são aquelas que oferecem a possibilidade de se reunir diversos outros websites de interesse em um único endereço externo à rede social.

Para facilitar o entendimento, imagine que você disponibilize as páginas favoritas em seu navegador. É como se, agora, cada um de nós pudéssemos ter um micro-website próprio de forma simples (e muitas vezes gratuita) para ser encontrado e para compartilhar na internet tudo que é importante para nós. Contatos nas redes sociais, o próprio site ou blog, os endereços virtuais que mais gostamos de acessar, como aquele streaming de filmes ou site de download de arquivos, seu perfil no Spotify, ou o endereço da entidade que você apoia, da sua própria lojinha virtual, enfim, basta usar a imaginação.

É aí que entra todo o poder dos micro-sites, que, em tempos de pandemia da Covid-19 e com aumento de desemprego em todo o mundo, tem crescido enormemente. Eles estão surgindo como um novo canal para divulgação e renda-extra por meio da promoção deste espaço online com seus seguidores. Atualmente, os locais onde este tipo de solução mais contribui é, sem sombra de dúvidas, o Instagram e o TikTok.

Leia também: O ano nas redes sociais: tendências sobre o que esperar em 2021

Não preciso falar do que significa o Instagram e o TikTok no mundo contemporâneo. O Instagram tem como particularidade a restrição na inclusão de hyperlinks nos conteúdos das postagens. Como muitos leitores já devem saber, o famigerado “link da bio” do Instagram é tudo o que se pode promover em postagens padrão em termos de redirecionamento externo (leia-se “saída”) da rede social.

Surge o Linktree

O Linktree, empresa australiana fundada em 2016 por Alex Zaccaria, percebeu que esta limitação era um obstáculo a ser superado para os clientes da agência de marketing Bolster, que tinha músicos em sua carteira e que via nesta limitação um grande empecilho na trabalho junto aos mesmos. Os artistas clientes da agência, com muitos seguidores em seus próprios perfis, sabiam que suas páginas eram ótimos veículos de divulgação, porém com retorno financeiro limitado devido à restrição de publicação de links nas postagens.

Assim surgiu o Linktree. Com esta solução, os músicos poderiam colocar no “link da bio” do Instagram o perfil do Linktree deles, e dentro deste, os seguidores teriam acesso a tudo aquilo que eles queriam promover: links para vendas de ingressos, o link do site da banda, o link da loja virtual ou até diretamente de algum produto específico (se assim desejar), a divulgação de um patrocinador, o endereço de outras redes sociais, tudo reunido em uma única e simples landing page.

Então, ao invés de constantemente ter de trocar o link da bio do Instagram, por exemplo, um usuário Linktree poderá deixar um link permanente para seu perfil, sendo que este poderá ser atualizado sempre que necessário. Ou seja, abre-se espaço para uma nova categoria de veículos, o dos hubs únicos de interação.

Oque começou como uma ferramenta para músicos, ganhou espaço com influenciadores. Em particular, influenciadores Amazon utilizam bastante a solução do Linktree para obter comissões através do programa de afiliados. Hojée há 375 mil contas que contém links para o programa de afiliados Amazon.

Marcas como a HBO, Red Bull e L’Oreal criaram perfis na plataforma Linktree, além de celebridades como Selena Gomez e Dua Lipa, o que os levou a atingir a marca de 1 bilhão de visitantes em setembro do ano passado. De acordo com o CEO da rede social, atualmente mais de 28 mil novos usuários se cadastram diariamente.

Desde o lançamento em 2016, Zaccaria viu o Linktree crescer vertiginosamente no ano de 2020, o mesmo momento em que o mundo todo começou a enfrentar a pandemia da Covid-19. Em agosto de 2019, o Linktree tinha cerca de 2,7 milhões de “micro-sites” cadastrados em sua base. Já em maio de 2020, o número tinha atingido 5 milhões. De forma similar, o CEO viu a receita da sua empresa crescer 250% se comparado ao ano anterior.

A partir da decretação de lockdown em várias partes do mundo, o aumento no número de novos usuários por dia está na casa dos 70%. Com isso, a Linktree também recebeu pela primeira vez investimento externo, a empresa conseguiu capitalizar 10,5 milhões de dólares via Insight Partners (investidor na Shopify) e Airtree Ventures (investidor Canva).

 

Apesar de ser muito importante para o crescimento recente da plataforma,  o Instagram representa somente uma parcela do tráfego atual do sistema. Segundoa rede social, aproximadamente 25% de tráfego já vem de visitantes diretos eo o e-commerce tem sido uma vertical de grande crescimento nos últimos meses. O TikTok é como um combustível que tem ajudado muito na divulgação da plataforma australiana.

Outro movimento que ajudou bastante no crescimento da Linktree (mas não só deles) foi o “Black Lives Matter”. A participação de ativistas, artistas e outros usuários que usaram seus perfis para redirecionar para websites que aceitavam doações foi grande. Inclusive, o Linktree disponibilizou um banner do movimento para que qualquer usuário pudesse incluir em seu perfil.

E como fica para o e-commerce?

O crescimento desta vertical “link-centric” tem levado empresas a questionarem alguns paradigmas, como a necessidade da existência de websites padrão, assim como possibilitou pequenos players, com pouco recurso financeiro, a construir seu próprio espaço.

Por sinal, espaço este fácil de administrar e que geralmente são mobile-friendly (adaptáveis a dispositivos móveis). O surgimento deste novo modelo de negócio nasce em meio a um sentimento de sobrecarga que existe nos dias de hoje, e um desejo genuíno por redução de ruídos que muitos usuários-web tem. Para AJ, o CEO e fundador do Carrd (outra empresa link-cêntrica), 80 a 90% dos usuários ativos de sua empresa afirmam que tudo que eles querem é um site simplificado, que reúna tudo que elas precisam.

Já o benefício para grandes empresas é um pouco nebuloso. Se soluções como o Linktree estão se transformando em intermediadores de negócios, sendo visto por muitos como uma vitrine virtual, esta é, no mínimo, uma solução “estranha” e de certa forma até “retrógrada”, se comparada com o restante do universo do e-commerce.

Uma página típica do Linktree não é uma loja virtual similar àquelas populares, com as quais estamos acostumados a acessar para comprar. Ao invés de ser organizado com imagens de produtos e preços, uma landing page deste tipo de ferramenta apresenta botões com hiperlinks, geralmente em formato retangular e dispostos em fila. Sendo assim, como podem imaginar, este não é um ambiente muito amigável para descoberta de novos produtos, principalmente se tiver um portfólio grande, ainda que se opte por um plano pago.

Normalmente, os planos pagos oferecem recursos adicionais de customização por cores, thumbnails, emojis, ícones de redes sociais, links de vídeo, inclusão de links sem limite, web-analytics avançado, retirada do logotipo do fornecedor, dentre outros. Inclusive, esta costuma ser a principal forma de remuneração deste tipo de serviço, que em média tem custo considerado acessível, em torno de 10 dólares por mês.

Dependência de outras redes sociais

Outro problema latente para este “novo mercado” é que o modelo de negócio parece ser muito dependente do Instagram, do Tiktok e de outras redes sociais para descoberta, o que pode torná-los não muito sustentáveis ao longo do tempo. Parte do valor do Linktree pode ser reduzido com a liberação de postagens que permitem a venda diretamente pela rede social, como já está em testes pelo Instagram ou, de forma similar, pelas lives do Tiktok, como experimentou o Walmart recentemente.

Por enquanto, este tipo de postagem ou live não ameaça muito, isso porque a maioria das soluções para venda ainda são mais amigáveis para as marcas interessadas do que para influenciadores ou usuários. Além disso, o Instagram, por exemplo, ainda não possui forma de influenciadores serem comissionados por meio de seus esforços de divulgação, diferentemente dos diversos programas de afiliados que existem por aí.

Vale lembrar ainda que não há somente o Linktree na vertical link-cêntrica, apesar de ser a mais conhecida no mercado atual. A cantora Selena Gomez, por exemplo, utiliza a Carrd para atualizar seu próprio perfil com links de seus últimos lançamentos de vídeos e músicas, da sua própria marca de cosméticos (a Rare Beauty), da sua loja oficial, além de seus trabalhos e causas sociais.

A Carrd viralizou recentemente também graças ao movimento “Black Lives Matter” e aos ativistas que começaram a promovê-la, dentre elas, a socialite Kim Kardashian. Com isso, eles obtiveram cerca de 80 mil novos cadastros nos últimos 3 meses somente vinculados ao movimento Black Lives Matter. A Carrd agora conta com 1 milhão de “micro-sites” em sua base.

A seguir, colocarei de forma resumida as principais características do Linktree, como também farei a citação de algumas outras soluções do mercado, dentro elas a Willow, que descobri recentemente e estou testando.

Linktree

No momento, o Linktree oferece um plano gratuito básico por tempo ilimitado, e um plano PRO que custa R$ 16 por mês. No plano gratuito você pode optar entre alguns poucos temas, incluir uma foto de perfil, utilizar o programa de afiliação da Amazon, ter acesso ao número de visitas e outras informações. Já no PRO, entre outras vantagens, tem a possibilidade de incluir vídeos, SMS, e-mails, além da integração com soluções como o Facebook, Youtube, Twitch, Mailchimp e muitas outras.

Como ideias para utilização, sugiro pensar no Linktree para trabalhar com links de afiliados, para campanhas de marketing digital, para divulgar cupons de descontos, perfis de redes sociais, para captura de leads, divulgar vídeos, músicas ou produtos, para divulgar um evento, um menu de restaurante, levar ao download de e-books, a agendar consultas, compartilhar uma localização e etc., basta deixar a criatividade aflorar.

Lista de outras soluções “link-cêntricas”:

  • BioLinky
  • Carrd.co
  • ContactIn.bio
  • Faarlo
  • Feedlink
  • Followme.ai
  • Linkin.bio by Later
  • LinkInProfile
  • Linkr.in
  • LinkUpWithMe
  • Lnk.bio
  • Lynx
  • Many.links
  • Shorby
  • Sked.link
  • Slink
  • TapBio
  • Willow

E aí, você já está utilizando algum serviço de link-centric? Coloque aqui nos comentários! E se gostou deste conteúdo ou acha que ele pode ser relevante para alguém que conhece, fique à vontade para compartilhar.