O cenário econômico brasileiro, com toda a sua tensão pré-eleitoral, representa um desafio para todos os setores por conta dos impactos negativos sobre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a taxa de desemprego e os índices de inflação. Apesar desses e de outros pontos de atenção que trazem turbulência aos mercados, o e-commerce desponta como o ponto fora da curva, com perspectivas positivas e oportunidades de crescimento para todos os players do ecossistema, inclusive amenizando o impacto que a própria inflação tem sobre os custos do setor.
O PIB brasileiro, que reflete o conjunto das atividades e da riqueza do país, cresceu 1,7% no primeiro trimestre de 2022, em comparação ao mesmo período de 2021, indicando uma recuperação muito lenta da economia. A inflação, outro aspecto de forte influência na atividade econômica, segue elevada – acumula alta de 4,78%, bem acima da meta oficial estabelecida para todo o ano, de 3,25% -, afetada fortemente pelo preço dos combustíveis. E à escalada dos preços somam-se outros desafios, como o cenário internacional recessivo, a falta global de suprimentos e as elevadas taxas de desemprego, que atingiram 11% no primeiro trimestre do ano. Portanto, trata-se de uma conjuntura não muito favorável.
O e-commerce na contramão de qualquer crise
Por outro lado, há uma quebra de paradigma se considerarmos os negócios relacionados ao e-commerce, que está na contramão de qualquer crise. E isso inclui os transportadores e operadores logísticos, especialmente aqueles que atuam para evitar que o transporte de encomendas se torne uma commodity e que buscam a diferenciação nas entregas.
Conforme os números divulgados pela pesquisa Webshoppers, da consultoria NielsenlQ Ebit, o e-commerce registrou um salto de faturamento de R$ 143,6 bilhões em 2020 para R$ 182,7 bilhões em 2021, com um crescimento de 27%, e, pelo ritmo do mercado, neste ano, ele deve permanecer no mesmo patamar. Isso significa mais consumidores ingressando no universo das compras online – entre 2019 e 2021, foram mais de 36,7 milhões de novos e-shoppers – e mais volume de mercadoria a ser transportada, com impacto positivo nas transportadoras e operadores logísticos. Impacto este que já vem ajudando a amenizar a retração econômica, considerando que o setor de serviços no qual os transportes e a logística estão inseridos foi o que mais cresceu e colaborou com o PIB positivo do primeiro trimestre, compensando a queda de produtividade da indústria, por exemplo.
Expectativas para o setor
A expectativa é de que a taxa de penetração do e-commerce no varejo brasileiro continue em alta gradativa e ultrapasse os atuais 12% aferidos em 2021, mesmo com a reabertura total do varejo presencial. Diante disso, cabe às empresas que atuam no segmento de logística surfar a onda do e-commerce com soluções inovadoras e eficientes que aperfeiçoem a experiência dos clientes.
No caso de transportadoras e operadores logísticos, é primordial ouvir embarcadores e consumidores por meio de pesquisas a fim de descobrir suas necessidades e preferências. E, a partir dessas informações, desenvolver serviços que preencham esses desejos.
Os marketplaces ganharam muito em representatividade no e-commerce nos últimos anos e ainda há um enorme potencial de crescimento para esses centros de compras virtuais, de modo que oferecer soluções logísticas a esses players pode trazer ainda melhores resultados aos transportadores.
Alternativas ao home delivery, como as soluções OOH (Out of Home, ou Fora de Casa), que englobam PUDOS (os pontos de Pick up e Drop off) e os lockers, são muito interessantes para esses players, pois permitem que os sellers depositem seus produtos e os consumidores retirem suas encomendas nesses pontos com praticidade, bem como facilitam a logística reversa no caso de trocas ou devoluções de mercadorias.
Num cenário econômico desafiador, com diversas nuances desfavoráveis, o bom momento do e-commerce representa um porto mais seguro para as empresas. Porém, é preciso entender as dinâmicas desse mercado para diferenciar-se e ofertar soluções inovadoras. Identificar as novas maneiras para manter-se relevante é imperativo nesse contexto.
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