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Entre o hype e o resultado: como escolher as inovações ideais para o e-commerce?

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Por: Renato Avelar

sócio e Co-CEO da A&EIGHT

Com formação em administração de empresas, construiu uma sólida carreira em companhias reconhecidas de tecnologia, marketing e e-commerce como Montify e B8one, destacando-se na área de transformação digital e desenvolvimento de novos negócios.

O e-commerce nunca teve acesso a tantas ferramentas como agora. Inteligência artificial, automação de marketing, análise de dados em tempo real, chatbots, logística inteligente… A lista é extensa e cada vez mais sofisticada. Impulsionado pela transformação tecnológica das compras e pelo poder de personalização que dita os novos rumos da expansão do setor, o mercado digital deve movimentar US$ 9 trilhões até 2027, segundo projeção da GlobalData. Logo, surge aquela famosa dúvida: quais tecnologias devo aplicar no meu negócio?

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Imagem: Freepik.

Mas diante de um cenário global de capital caro, é importante que CMO, CIO ou até mesmo CTOs adotem uma postura mais conservadora em relação às tecnologias. A prioridade de uma operação deve ser o bottom line (aquela famosa última linha que mostra a margem de lucro da companhia). Sendo assim, é fundamental cortar o que não funciona e só manter o que, comprovadamente, mexe no ponteiro do negócio.

Evite ferramentas que não entregam resultado

Diversos casos práticos mostram que empresas que eliminam ferramentas desnecessárias não apenas reduzem despesas, mas também aumentam receita, muitas vezes por melhorias operacionais simples, como o ganho de performance no carregamento do site.

Além disso, há um problema recorrente: ferramentas mal implementadas ou que sequer fazem sentido para o contexto do cliente. A régua deve ser objetiva: qualquer tecnologia contratada precisa demonstrar com clareza sua contribuição em métricas como redução de CAC, aumento de LTV, melhoria na conversão de vendas ou diminuição de churn. Se não entregar esses resultados de forma comprovada, a melhor decisão é não contratar.

Segundo um estudo da Martech, cerca de 60% dos varejistas online enfrentam dificuldades na integração de novas tecnologias justamente por conta da falta de compatibilidade entre sistemas. O resultado disso é que o investimento para o uso de novas tecnologias acaba resultando em processos travados, dados descentralizados e um time sobrecarregado tentando entender como tudo funciona.

Cresça com estratégia e foco no que importa

Até por isso, escalar aos poucos, de forma mais estratégica, parece ser o caminho mais eficiente, sobretudo para marcas de pequeno e médio porte. Adotar uma tecnologia por vez, com foco em resolver dores reais do negócio, permite acompanhar o seu verdadeiro impacto e ajustar rotas se necessário. Esse crescimento mais controlado favorece o retorno sobre o investimento (ROI) e evita o desperdício de recursos no curto prazo.

Mesmo porque, no contexto brasileiro, é comum vermos empresas sendo penalizadas por contratações de soluções globais indicadas ou impostas pelo time de TI internacional. Muitas dessas ferramentas, apesar de consolidadas globalmente, simplesmente não se adequam ao cenário local – seja por falta de aderência aos processos, seja por incompatibilidade com as especificidades regulatórias e operacionais do país. O resultado? Um custo elevado em dólar registrado no DRE, sem qualquer benefício real ou retorno tangível. É o gestor local que precisa lidar com esse impacto, muitas vezes sem autonomia para mudar o jogo.

Portanto, cabe ao gestor brasileiro se posicionar com clareza diante dos departamentos internacionais e mostrar que o Brasil tem particularidades que não podem ser ignoradas. Em diversas situações, ferramentas de empresas locais são mais acessíveis, mais ágeis e resolvem problemas críticos com muito mais eficiência e por uma fração do custo.

Tecnologia é aliada, não fardo

Sabemos que existe um vício comum na TI corporativa: a escolha de gigantes do setor como forma de autoproteção, mesmo que isso penalize a companhia com custos altíssimos e decisões pouco estratégicas. No entanto, é preciso coragem para romper com esse ciclo e focar, de forma genuína, em eficiência e resultado.

Isso, porém, não significa resistir à inovação, mas sim fazer escolhas inteligentes. Chatbots, por exemplo, estão entre as soluções mais populares e eficazes ao reduzir em até 30% os custos de atendimento. No entanto, apenas a implementação por si só pode ser perigosa. É preciso cuidado, por exemplo, para o uso exagerado e sem sentido da ferramenta, abrindo espaço para a desumanização excessiva do atendimento.

Outro fator essencial é a maturidade digital da empresa. Claro que o conceito de aplicações combinadas (ou composable) é, sem dúvida, poderoso e promissor, pois permite que empresas combinem o melhor de diferentes soluções para atender às suas necessidades específicas. Ainda assim, sua eficiência é garantida quando esse modelo é aplicado também de forma planejada.

Muitas organizações caem na armadilha de contratar diversas ferramentas com a intenção de extrair o melhor de cada uma, mas acabam enfrentando dificuldades para negociar o pagamento apenas pelos módulos efetivamente utilizados. O resultado é uma complexa teia de fornecedores, com altos custos de gestão e integração, além de ineficiências operacionais e um valor total elevado pelas soluções contratadas. Nesse contexto, o ideal é buscar sempre cobrir o máximo de cenários possíveis com cada contratação.

Aliado a isso, é fundamental ter a compreensão do efeito esperado para cada tipo de recurso a ser adicionado. Soluções ligadas à experiência do cliente, como automação de marketing e personalização, tendem a gerar retorno mais rápido. Já ferramentas mais robustas de logística ou análise preditiva podem ser implantadas em fases posteriores, à medida que o negócio evolui.

No fim das contas, a tecnologia precisa ser sentida como uma aliada do crescimento, não um peso. O desafio está em reconhecer os melhores caminhos a fim de equilibrar inovação com eficiência. Nem toda solução disponível no mercado precisa ser implementada de forma imediata, assim como nem todo o negócio necessariamente precisa adotar todos os recursos de forma igualitária. O segredo, então, está em entender a realidade da empresa, identificar a melhor estratégia e crescer com as vendas.

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