As estratégias em torno do e-commerce estão sempre em movimento. Você já parou para observar? Nossos hábitos de consumo são constantemente afetados por inúmeros fatores, entre eles as mudanças nas redes sociais. A internet é um grande organismo vivo que é, diariamente, modificado pelo uso das pessoas. As redes sociais, por sua vez, tentam acompanhar esses movimentos — e, mais do que isso, se antecipar a eles.
Um recurso novo que dá certo em uma rede social afeta também as demais, cujo efeito em cascata atinge os usuários de outras plataformas. Com o tempo, uma funcionalidade de sucesso é replicada em todas as redes sociais e um novo hábito de consumir conteúdo na internet é formulado. Espelhando-se no recurso de vídeos curtos e fotografias do Snapchat, por exemplo, o Instagram criou o story — hoje presente na maioria das redes sociais.
No e-commerce, acompanhar tendências faz parte do nosso dia a dia. Não é à toa que existem serviços e páginas como o Google Trends, o Think with Google (Pesquisas de mercado) e o Mercado Livre Tendências, só para listar alguns exemplos. Os efeitos do entretenimento e conteúdo também repercutem na forma como nós, vendedores, trabalhamos com os nossos estoques e com as nossas estratégias de venda.
Os efeitos do entretenimento e do conteúdo no e-commerce
Vejamos os Jogos Olímpicos de Tóquio. São mais de duas semanas com o esporte tomando conta da televisão, dos jornais e, claro, da internet. Os vendedores que trabalham diretamente com o esporte vivem dias especiais em períodos como esse. Quer um exemplo? Após a medalha de prata no skate conquistada pela brasileira Rayssa Leal, de apenas 13 anos, as pesquisas em torno do esporte explodiram no Google, especialmente no dia 26 de julho.
O conteúdo de uma produção audiovisual também pode impactar na forma como nos relacionamos com o que foi abordado. Cito, por exemplo, a série Arremesso Final que conta a história de Michael Jordan, o maior jogador de basquete de todos os tempos, na franquia Chicago Bulls. A Netshoes registrou um crescimento de 650% nas vendas de produtos relacionados ao Jordan e ao Bulls, especialmente camisas, bermudas e meias.
Essas situações são oportunidades. O Marketing de Conteúdo pode e deve entrar com muita força em momentos como esse. As lojas esportivas podem usar os jogos olímpicos para nutrir as suas estratégias de entretenimento e conteúdo, seja na Copa do Mundo, nos Jogos Olímpicos ou em outros momentos relevantes. As forças do entretenimento e do conteúdo não podem — e não estão — sendo desprezadas.
O que os grandes varejistas estão fazendo a respeito?
Grandes marketplaces estão atentos e investindo neste momento para aumentar suas vendas com auxílio do entretenimento e das estratégias de conteúdo. E tudo gira em torno da audiência e do tráfego. A Magalu, além do investimento em publicidade e da presença nas redes sociais (entre elas o atualmente muito popular Tiktok), adquiriu recentemente três empresas que criam conteúdo: Canaltech e Jovem Nerd, focados em tecnologia e games, e Steal the Look, voltado à moda e decoração.
Outra que está investindo para ser uma grande potência de mídia, mais do que “apenas” varejista, é a Amazon. Além da presença de marca reforçada com outros produtos, como o Prime Vídeo (que concorre com a Netflix) e a Twitch (canal voltado sobretudo a games), a varejista americana investe até em um estúdio para a criação de jogos, como a Amazon Games.
Essas ações não estão nada distantes dos conceitos de Live Commerce (e seus números estrondosos oriundos da China) e Social Commerce, sobre os quais já escrevi em minha coluna por aqui. Assim como nós, usuários, o comércio eletrônico está cada vez mais inserido nas redes sociais, as quais também estão e serão mais usadas para vender daqui para frente. Todos esses movimentos de entretenimento e conteúdo estão acontecendo e ficarão mais visíveis para todos em breve.