Respiro e-commerce todas as horas e chego à conclusão de que, mais do que um ano de recordes nesse setor, 2020 foi tempo de repensar canais — e isso vai se refletir nos próximos passos do varejo. Esse ano, o e-commerce precisará ainda mais estar integrado a outros canais dentro da estratégia corporativa. A quarentena inaugurou uma era de procura por novas formas de venda, nacionalmente e também direcionada ao exterior. O fim da pandemia manterá essa busca, dando às empresas liberdade muito maior para alternar digital, físico e híbrido. O consumidor que experimenta a marca em múltiplos canais aumenta tíquete médio, retorna mais vezes e recomenda um produto com mais frequência.
A primeira tendência do e-commerce para 2021, portanto, é que nem só de e-commerce será feito o futuro. A segunda é que os gringos estão contratando brasileiros para lançar novas tecnologias relacionadas ao e-commerce e isso tende a crescer. Compartilho essas e outras tendências a seguir:
1 – Desapegar do canal, oferecer possibilidades
Quem escolhe o canal é o cliente, não o presidente da empresa, o diretor de marketing ou logística. O cliente escolhe se quer comprar via aplicativo da marca ou aplicativo de delivery, marketplace, loja, site, WhatsApp, redes sociais, quiosques, etc.
2 – Um país além da soja: exportador de tecnologia
Em setembro, a multinacional brasileira de tecnologia com foco em cloud commerce VTEX alcançou a marca de US$ 1,7 bilhão em valor de mercado, com mais de 3 mil clientes e negócios em 42 países. O case do novo unicórnio mostra o potencial do Brasil para fornecer tecnologia de ponta. A própria alta do dólar torna o mercado brasileiro mais atraente, mas o empresário também precisa ampliar sua visão local. Estamos na vitrine, o que deve trazer desafios interessantes para os players nacionais.
3 – Cross-border: empresas brasileiras serão empoderadas para vender lá fora
Com o caminho aberto para startups brasileiras de tecnologia no exterior, o movimento favorece o varejo no país. Já existem sistemas prontos e outros em criação que ajudam marcas nacionais a aproveitarem o potencial de consumo em diferentes países, facilitando a estratégia cross-border como jamais visto no Brasil.
4 – E-commerce será visto como diferencial competitivo
O e-commerce já foi visto como uma opção de comprar sem sair de casa. Hoje é muito mais. Ao automatizar e agilizar processos complexos, é essencial para manter uma empresa competitiva em controles, logística, prazos… Em 2021, fará ainda mais diferença na velocidade das vendas e no relacionamento com clientes e fornecedores.
5 – A visão do especialista terá maior valor e complexidade
Com mais empresas buscando o e-commerce, esses canais serão aperfeiçoados e se tornarão mais complexos. Muitas empresas que já contam com executivos focados nessa área tenderão a buscar a consultoria de especialistas em vendas online para superar a concorrência e seus próprios limites. 2020 foi o ano das vendas online. 2021 será o ano para se descolar do óbvio no setor.
6 – Precisaremos falar para consumidores com diferentes níveis de experiência
Muitos consumidores fizeram seu primeiro pedido de delivery de comida, assistiram à primeira live ou realizaram a primeira compra online em 2020. As plataformas precisam ser atraentes e intuitivas, para conversar com consumidores em diferentes níveis de familiaridade com a tecnologia.
7 – Ser líder no mundo offline não significará ser líder no online
Claro que ajuda muito, mas se não houver logo um esforço para melhorar a experiência digital, é bem possível que a marca perca espaço e vendas em 2021.
8 – Live commerce e outras tecnologias
Lembra os programas de venda na TV? A tendência é que assumam uma nova roupagem com o live commerce. Trata-se de transmissões ao vivo e superinterativas, que reúnem dados e impulsiona a performance, tal qual ocorre na na China. No Brasil ele vem chegando aos poucos. Uma marca de chocolates pioneira na modalidade registrou aumento de 120% no faturamento do e-commerce com o novo canal. A lista de novas tecnologias e possibilidades é grande.