Entre tantos dados que podem fornecer insights importantes para o e-commerce, talvez estudar as preferências de pagamento entre as gerações não seja uma prioridade de quem atua na parte estratégica dos negócios. Mas, acredite, se você nunca tinha pensado nisso antes, vai entender como esse dado pode fornecer informações valiosas, sobretudo para empresas que navegam pelo omnichannel, uma tendência de commerce já declarada que combina as experiências online e presenciais.
Em um amplo estudo conduzido pela FIS Global, algumas preferências de pagamento, hábitos de consumo e comportamentos financeiros de diferentes gerações foram revelados. O estudo contemplou mais de 15 mil pessoas de 15 países, incluindo o Brasil, considerando cinco gerações: geração Z (pessoas de 18 a 23 anos), millennials (pessoas de 24 a 39 anos), geração X (pessoas de 40 a 54 anos), baby boomers (pessoas de 55 a 73 anos) e boomers (pessoas com mais de 74 anos).
Mesmo para quem já possui uma boa visão das preferências de compra e pagamento dos seus clientes, os dados podem surpreender quando são divididos por geração. Por isso, neste artigo, vamos dissecar um pouco das semelhanças e diferenças de comportamento relacionadas ao pagamento no e-commerce para as gerações. Acompanhe!
Comportamento de pagamentos e compra das gerações
Segundo dados da FIS Global, 67% das pessoas da geração Z nos EUA preferem efetuar pagamentos através de cartões com microchip. A nível mundial, o microchip – em vez dos pagamentos por aproximação, por exemplo – também é o preferido dos baby boomers na Argentina (10%) e dos boomers no Canadá (10%).
O Brasil desponta no estudo como um país de pagamentos mais digitalizados para todas as gerações. Endossando uma tendência já anunciada, no país, as carteiras digitais possuem alta adesão como método de pagamento preferido em quase todas as gerações estudadas: millennials (46%), geração X (40%), geração Z (37%) e baby boomers (35%).
Na Colômbia, as carteiras digitais também são populares, sobretudo entre gerações X (48%), geração Z (36%) e baby boomers (23%).
Novas tecnologias de pagamento e as gerações
Sabemos que os métodos de pagamento contactless ganharam espaço por conta da pandemia de Covid-19, mas o estudo aponta que 47% dos consumidores dos EUA disseram que a pandemia não afetou a forma de pagamento que eles já utilizavam anteriormente. Mas o mesmo público afirma que, como hábitos que perduram desde então, 58% pedem mais comida para viagem e 42% compram com empresas locais e independentes.
Entretanto, dados a nível global apontam que mais de 60% dos consumidores entendem que os meios de pagamento contactless são mais fáceis e convenientes na hora da compra. Millennials (64%) são os mais abertos a esses novos métodos. A geração X, por outro lado, demonstra maior preocupação com segurança, e 57% esperam que as lojas ofereçam um processo seguro de pagamento ao usar o contactless ou carteiras digitais.
Em relação às mais novas tecnologias de pagamento, como os dispositivos ativados por voz ou através de dispositivos inteligentes, 82% dos brasileiros se dizem interessados em utilizar esses métodos, sendo o público mais aberto do mundo à digitalização. Na Austrália, esse percentual foi de apenas 44%.
Sobre algumas tecnologias de pagamento, o estudo avaliou o quanto as gerações estão familiarizadas e interessadas em utilizá-las. Para o Brasil, os resultados foram: processo de checkout tecnológico (49%), autenticação biométrica (50%), pagamentos com criptomoedas (43%), armazenamento de dados de pagamento online – tecnologia one click buy – (33%), integração de meios de pagamento em automóvel (53%), comando de pagamento a um dispositivo inteligente (43%), experiências de compra em realidade virtual e aumentada (43%).
Embora o uso efetivo de tais tecnologias ainda seja mínimo, sobretudo os públicos do Brasil e de Cingapura se dizem interessados em experimentá-las. E ainda que as gerações mais jovens sejam as mais propensas, em comparação com países como Reino Unido, EUA e Austrália, todas as faixas etárias no Brasil são mais abertas ao uso de dados biométricos e criptomoedas, por exemplo.
Brasileiros são os mais interessados em BNPL
Tudo o que envolve tecnologia de pagamentos coloca o consumidor brasileiro como grande interessado e entusiasta. Quando falamos sobre Buy Now, Pay Later (BNPL), 37% dos consumidores a nível mundial disseram que pagariam utilizando a modalidade para compras de mais de US$ 1.000, 40% afirmaram que a utilizariam para compras entre US$ 250 e US$ 1.000.
Em relação ao maior receio apontado sobre o BNPL, a possibilidade de gastos excessivos são a preocupação de 55% dos consumidores globais, mas altas taxas associadas a pagamentos perdidos e risco de endividamento também apareceram como objeções associadas.
Entre os países mais abertos ao uso do BNPL, novamente o Brasil apareceu em primeiro lugar com consumidores mais propensos a aderirem a essa tecnologia de pagamentos.
O ranking das gerações que mais utilizariam o BNPL a nível global é: millennials, geração X, geração Z e o uso cairia drasticamente entre os baby boomers e boomers.
Social commerce entre as gerações
Sobre os hábitos de consumo através de mídias sociais, 37% dos consumidores disseram ter efetuado alguma compra através das mídias sociais nos últimos 12 meses. 21% disseram que não efetuaram compras, mas estariam abertos à possibilidade, e outros 37% afirmaram não ter interesse em fazer compras através das redes sociais.
Entre os principais motivos para não comprar através das mídias sociais, foram mencionados: falta de confiança no vendedor e sentir-se inseguro em compartilhar dados de pagamento. Em relação a anúncios, 68% afirmaram que viram anúncios sobre itens de interesse para a compra.
Entre as gerações, os boomers ficaram significativamente para trás em relação às compras através de mídias sociais. Em contrapartida, os millennials foram os mais propensos a comprar através desses canais. A geração Z teve a maior quantidade de pessoas interessadas em comprar por meio das redes sociais, embora ainda não tenha feito isso.
As diferenças entre as gerações também se traduziu no uso das plataformas preferidas de cada uma. Entre as gerações mais velhas, o Facebook foi a plataforma preferida para compras online. Para a geração Z, as compras aconteceram mais através do Tik Tok, Snapchat e Instagram.
Entre a geração Z, 62% dos que fizeram compras através das mídias sociais fizeram pelo Instagram – esse percentual foi de apenas 17% para os boomers. Já em relação ao Tik Tok, 28% das compras efetuadas da geração Z foram através da plataforma, contra apenas 6% dos boomers.
O estudo aponta, ainda, que as vendas através das mídias sociais não têm muita adesão na Austrália, sendo um canal preferido por apenas 22% da geração Z. Nos EUA, os principais consumidores que adquirem através das mídias sociais se localizam entre as gerações Z e millennials.
Millennials adoram programas de fidelidade
Um insight bastante curioso sobre o comportamento de compra que afeta diretamente o e-commerce brasileiro é o fato de que 90% dos millennials brasileiros e 90% da mesma geração na Argentina dizem se sentir mais atraídos a comprar quando a loja oferece um programa de fidelidade. No México, esse percentual é de 95% e nos EUA os baby boomers são os mais interessados em programas de fidelidade.
Quando perguntados sobre as categorias de compras em que gostariam de ter acesso a programas de fidelidade, alimentação ficou com 75%, em seguida saúde e bem-estar com 57%, e viagens, férias e outras experiências ficaram com 56%. Porém, setores como restaurantes e bares, eletrônicos e vestuário, conteúdos digitais e serviços de streaming tiveram mais de 50% sobre programas de fidelidade.
Sobre o comportamento relacionado, embora os boomers sejam o grupo geracional menos interessado em programas de fidelidade, são também os mais exigentes em relação às condições desses programas. Entre as características que mais valorizam estão: facilidade de uso, prazo de validade dos pontos e recompensas automáticas.
Para as gerações Z e millennials, as preferências não são tão rigorosas, mas quando se trata do público brasileiro, em especial, os consumidores se disseram duas vezes mais interessados em programas de fidelidade atrelados a condições exclusivas, como pré-lançamentos e produtos limitados.