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IA e criatividade: por que o futuro da criação de conteúdo é a parceria

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Por: Bruno Brito

CEO da Empreender

Co-fundador da Empreender, empresa que desenvolveu o Dropi (maior plataforma de dropshipping da América Latina) e mais de 20 apps como SAK, Rastreio.net, Lily Reviews e Landing Page.

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Nas reuniões de marketing, ainda tem quem torça o nariz quando o assunto é inteligência artificial na criação de conteúdo. “Vai tirar o brilho do criativo”, dizem uns. “Tudo vai ficar genérico”, dizem outros.

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Imagem: Reprodução.

Mas enquanto o medo do novo trava muitas equipes, o mercado segue avançando com a IA não substituindo, mas impulsionando a criatividade humana. Já em uso na maioria das empresas mundo afora, o domínio da inteligência artificial se faz urgente.

A criatividade não está ameaçada. Está evoluindo.

Desde que os primeiros geradores de texto e imagem ganharam os holofotes, muita gente correu para decretar: “acabou-se a criatividade, agora é tudo robô”. Mas essa visão ignora um ponto fundamental: criatividade não é apenas ter ideias. É conectar pontos improváveis, resolver problemas reais, contar boas histórias e emocionar pessoas. E, convenhamos, isso ainda está longe de ser automatizado.

O que a IA faz não é criar no lugar das pessoas. É dar mais tempo e ferramentas para criar melhor. Ela pode até escrever uma frase. Mas quem dá contexto, emoção e propósito para ela continuar fazendo sentido é o criativo.

Em vez de partir do zero, times criativos agora podem usar IA generativa para gerar rascunhos, testar variações, adaptar formatos, identificar tendências e até desbloquear o famoso “branco criativo”.

Segundo um levantamento, 80% dos profissionais de marketing que já utilizam IA generativa relatam um ganho de eficiência nas atividades do dia a dia, e 68% notaram uma melhora na velocidade dos processos cotidianos.. O tempo que antes era gasto em tarefas repetitivas agora pode ser dedicado ao que realmente importa: pensar diferente.

“Mas fica tudo igual…”

Nem sempre. Na verdade, o que fica igual é o conteúdo feito sem direção criativa. Com IA ou sem IA, criar sem estratégia dá no mesmo: tempo e recursos gastos, pouco ou nenhum retorno financeiro.

Quando bem usada, a IA amplia o alcance da criatividade, não a substitui. Ferramentas como Midjourney, ChatGPT e Runway já são capazes de gerar variações visuais e textuais com base em conceitos, dados e intenções criativas fornecidas pelo ser humano.

Ou seja, a IA executa, mas quem direciona continua sendo a pessoa. Quanto melhor elaborado for o prompt, mais as ferramentas tornam viável aquilo que já existe na mente do criativo.

Hoje já existem ferramentas capazes de gerar e editar vídeos de alta qualidade, consertar pequenos ruídos, melhorar a qualidade de imagens e muito mais. Tudo isso feito em uma velocidade impressionante.

O tempo virou ativo criativo

Com a velocidade do marketing digital, muitas empresas simplesmente não têm tempo suficiente para criar e testar conteúdo de forma eficaz. E nesse ponto a inteligência artificial pode atuar como aceleradora de criatividade. Uma campanha com pelo menos cinco variações de criativos têm muito mais chances de serem bem-sucedidas do que aquelas com apenas uma versão.

Num e-commerce, por exemplo, não basta criar uma única peça criativa que funcione. É preciso criar dezenas, às vezes centenas, testando variações para públicos diferentes, canais distintos e fases variadas da jornada do cliente. Tentar fazer isso manualmente é lutar contra o relógio e perder.

A IA não cria sozinha, mas multiplica a capacidade de um time criativo. Sugere variações, adapta formatos, gera alternativas. Isso significa que aquela ideia que levou horas para nascer pode se transformar, em minutos, em uma campanha multiformato para redes sociais, landing pages, e-mails e vídeos.

Criatividade orientada por dados (e não por achismo)

A IA também muda a lógica de criação porque permite que a intuição seja acompanhada por análise. Com base em dados de comportamento, preferências e contexto, criativos podem ser ajustados em tempo real.

Ferramentas baseadas em IA já conseguem identificar padrões de engajamento, testar variações de copy e imagem em tempo real e até prever qual tipo de criativo tende a performar melhor de acordo com o perfil do usuário.

Um estudo da BCG com o Google mostrou que abordagens criativas orientadas por IA aumentam a taxa de conversão em até 20%. Ou seja, não é sobre abrir mão da ideia. É sobre testá-la com agilidade e escalar o que funciona.

O mercado já entendeu – e está se mexendo

Segundo dados da McKinsey, 72% das empresas globais já usam IA em pelo menos uma função de negócios. No e-commerce, o crescimento é ainda mais rápido. A Precedence Research estima que o mercado de IA generativa aplicada ao setor foi avaliado em US$ 833 milhões em 2024, com projeção de chegar a US$ 3,52 bilhões até 2034.

Se antes o domínio do Photoshop, da câmera ou da caneta definia o talento criativo, hoje surge uma nova competência: saber brifar, ajustar e iterar com inteligência artificial.

Escrever prompts, interpretar resultados, refinar saídas e usar esses insumos para criar algo realmente original – essa é a nova arte. Os melhores criadores do futuro não serão os que ignoram a IA, mas os que sabem usá-la como instrumento de amplificação.

No fim das contas, embora uma parte do mercado ainda resista, a inteligência artificial já está sendo amplamente utilizada e gerando bons frutos para quem sabe aproveitá-la. Não é mais sobre se a IA será usada na criação. É sobre quem vai saber usá-la melhor e quem vai ficar para trás.