Não é mais novidade que o varejo sofreu diversas mudanças desde o começo da pandemia da Covid-19 e nunca voltará a ser o que era antes. Com a reclusão do mundo em quarentena, pessoas que nunca tinham comprado online passaram a ser consumidoras fiéis do e-commerce por questões de necessidade, resultando em uma forte aceleração do varejo digital. Consequentemente, recursos tecnológicos foram testados e aprimorados para melhorar a jornada do cliente, e prevaleceu quem usou a criatividade e inovação para cativar o público. Assim, o comportamento do consumidor mudou! A experiência agora se estende por todo processo de compra, não se limitando mais apenas ao produto ou serviço final. Foi nesse contexto que o Live Shopping começou a virar uma tendência no mundo ocidental.
Esse modelo de compra que parece ser novo, na verdade, nasceu há alguns anos na China. O sucesso é tanto que ele representou 10% do GMV total do e-commerce chinês em 2020 e as apostas são de que chegue a uma representatividade de até 20% em 2022, segundo estimativas da HSBC e Qianhai Securities. Para ter uma noção do poder do live shopping chinês, pode-se destacar o caso do Li Jiaqi, também conhecido como Rei do Batom (King of Lipstick), que vendeu 15 mil batons em apenas 5 minutos em uma live do site chinês Taobao.
Já no Brasil os usuários vem aos poucos modificando os hábitos e buscando também uma experiência mais interativa no comércio digital. Observamos em 2020 o número de lives em redes sociais de marcas aumentarem significativamente. Porém, esse movimento ainda não poderia ser considerado live shopping em sua totalidade, já que os consumidores são direcionados a outra plataforma para finalizar a compra. Confira abaixo o que de fato é o live shopping e porque ele veio para ficar!
Como funciona o Live Shopping?
Live Shopping é exatamente o que o nome propõe: uma combinação do e-commerce com o live streaming. Ou seja, um processo de compra ao vivo. Resumidamente, as transmissões possuem um apresentador que fornece um conteúdo explicativo sobre os produtos pré-selecionados para o público e responde perguntas ao vivo. Ao contrário do fluxo padrão de compra em que o consumidor tem uma demanda e ativamente procura pelos produtos, este modelo inverte a lógica: a partir da recomendação e exibição do produto na live surge a necessidade da compra.
Esse modelo pode ser apresentado por pessoas comuns ou até celebridades, dependendo de quanto você está disposto a investir na live. Na China, inclusive, essa tendência abriu um novo mercado de empregos: os KOLs (Key Opinion Leader). Neste caso, são especialistas que possuem autoridade em um tema específico, similar a um influenciador digital. Muitas vezes o KOL possui uma comissão tão alta para apresentar a live que o lojista perde dinheiro no primeiro momento. Porém, essa prática é muito utilizada como estratégia de atração de visualizações e investimento a longo prazo, pois ela gera tráfego mesmo dias após a live.
Houve também em 2020 um movimento de maior valorização dos chamados KOCs (Key Opinion Consumers), similar ao “micro influenciador” no Brasil. São consumidores comuns, mas que possuem poder de influência no processo de compra de outros consumidores. Isso se dá graças à publicação de conteúdo sobre os produtos, como avaliações. Vale ressaltar que seus conteúdos não são patrocinados, por isso tem mais autenticidade do que o de um KOL, apesar de terem menos seguidores.
Os principais benefícios
As principais vantagens do live shopping podem ser simplificadas a dois pilares: taxa de conversão mais alta e maior exposição da marca. Por fornecer um conteúdo explicativo e demonstrativo sobre os produtos, o processo de escolha acaba sendo simplificado e os consumidores mais qualificados. Por isso, os usuários finalizam a compra com mais certeza e frequência, pois sentem mais segurança em relação ao produto.
Além disso, esse modelo é o mais próximo que chegamos digitalmente ao processo de compra presencial. Ter alguém para tirar dúvidas e fazer comentários sobre o produto torna a experiência interativa e recreativa, além de ser uma escolha menos solitária para fazer compras durante uma quarentena. Assim, o consumidor, muitas vezes, acaba unindo o momento de compra ao de entretenimento – o que gera um maior fluxo de pessoas e faz com que os usuários passem mais tempo nessas plataformas, resultando em uma maior probabilidade de conversão do que um aplicativo de compras tradicional.
Toda essa exposição ajuda a construir consciência de marca, consolidando autoridade no nicho em que ela se propõe a atuar. Ademais, possuir esse reconhecimento influencia no processo de decisão e no comportamento de compra dos consumidores, gerando mais tráfego e fidelizando os clientes.
Por outro lado, esse é um modelo que precisa de muita organização e planejamento, pois entrar ao vivo pode ser imprevisível. Por isso, prestar atenção aos menores detalhes é indispensável, já que não existe edição durante a transmissão. Além disso, é preciso estar alerta à disponibilidade do estoque para garantir que a experiência do cliente não será impactada durante o processo de compra. É essencial estar atento a formas de envolver os usuários. Aqui, vale utilizar durante a live técnicas de comportamento e engajamento de forma eficiente. Recomendo, por exemplo, ferramentas para adicionar produtos ao carrinho, propor enquetes, disponibilizar chat e cupons exclusivos. Mantenha sempre em mente que a proposta principal do Live Shopping é oferecer uma experiência real para pessoas reais.