Em meio às transformações que marcaram o dia a dia das empresas em 2020 e 2021, a área de logística foi uma das mais impactadas.
Primeiro, porque as operações foram obrigadas a rever os seus processos, até para garantir uma experiência mais adequada aos clientes, mesmo diante do aumento no volume de entregas.
A digitalização dos negócios que, em muitos casos, aconteceu de forma “emergencial”, exigiu mais atenção não apenas com a forma de entrega das mercadorias, mas em toda a cadeia.
Pensamos aqui, por exemplo, na necessidade de se trabalhar com a chamada vitrine infinita, ou seja, conseguir disponibilizar os produtos da loja física no e-commerce e vice-versa.
No pós-pandemia, o desafio para as empresas é tornar as iniciativas emergenciais em permanentes, uma vez que o consumidor deve manter suas compras online no mesmo patamar.
Para as empresas, o principal é explorar todo o potencial da digitalização, aproveitando os benefícios conquistados em termos de eficiência e mesmo de custos.
Vivemos agora um período de forte expansão do e-commerce, mas ela depende dos investimentos em logística. Afinal, não há como garantir boas experiências para o consumidor se não assegurarmos entregas rápidas, seguras e sustentáveis!
O que é logística sustentável?
Refletindo sobre as tendências do varejo para 2022, é preciso olhar com atenção para a necessidade de se rever os processos de armazenagem e distribuição dos produtos, visando também a questão da sustentabilidade.
A reestruturação das operações, dentro do conceito omnichannel, deve levar em consideração essa urgência de se buscar alternativas que ajudem a reduzir os impactos sobre o meio ambiente.
Logística reversa
Podemos começar, neste caso, pela questão mais básica, a logística reversa. Parece simples, mas num momento em que se precisa otimizar recursos, não faz o menor sentido que as operações não aproveitem a entrega de mercadoria para fazer também a coleta.
Isso deve ser usado no caso de trocas e devoluções, mas funciona também para outras situações. Um exemplo clássico é o da coleta de resíduos. Muitas empresas têm incentivado essa prática entre seus clientes.
São iniciativas como as das empresas de telefonia que, até para atender à legislação, têm procurado estimular o descarte correto dos aparelhos celulares e outros acessórios, como baterias e chips.
Neutralização das emissões de carbono
Pela facilidade de adesão aos projetos, a neutralização das emissões de carbono é uma das medidas que deve ser adotada rapidamente.
Ou seja, neste caso, não se trata de tendência e sim de uma pendência para as empresas. No segmento de e-commerce, vale enfatizar, esta é uma demanda que deve ser atendida por todo o ecossistema, e não apenas por quem faz o transporte das mercadorias.
Pesa neste caso, além da importância de as empresas contribuírem para a causa, o fato de que as novas gerações de consumidores têm essa questão como prioritária na sua tomada de decisão.
Estudos sobre a Geração Z têm confirmado que este grupo preocupa-se mais com a questão da sustentabilidade e busca informações sobre isso antes de efetuar suas compras.
Otimização dos recursos
A logística sustentável deve considerar não apenas a questão ambiental, mas cuidar de tudo o que acontece durante o ciclo de vida do produto.
Neste sentido, a otimização das rotas de entrega, por exemplo, deve considerar todas as medidas que possam ser adotadas para minimizar os impactos ambientais e sociais.
A ideia é que uma rota mais bem planejada interfere em toda a cadeia, uma vez que permite uma distribuição mais eficiente — mais entregas, em menos tempo.
Isso não se traduz apenas em uma quantidade menor de emissão de carbono, mas também em economia de combustível e mesmo na manutenção dos veículos.
A propósito dos impactos sociais, a recomendação é pensar cada vez mais na importância da economia colaborativa. Isso envolve desde a abertura de vagas que privilegiam a comunidade local, como em acordos com outras empresas da cadeia para reduzir o emprego dos recursos naturais.
O que vem por aí?
Sob o ponto de vista da automatização dos processos, logística é um dos setores que deve ser bastante impactado pelos avanços, por exemplo, no campo da Internet das Coisas.
Muitas soluções estão em uso, como os sistemas que permitem identificar remotamente entradas e saídas de mercadorias.
Ainda em testes, existem outras iniciativas importantes, como os mecanismos que permitem separar os produtos do estoque, com base na análise do comportamento dos clientes.
A Amazon tem mantido projetos nessa linha, tomando como referência os padrões de consumo, num emprego sofisticado das chamadas análises preditivas.
A proposta é que o cliente seja surpreendido não apenas com a oferta de determinado item, mas com uma previsão de entrega que o encante.
É como se a empresa tivesse “lido” o seu pensamento e conseguido preparar a entrega do produto que ele usa de forma recorrente, antes mesmo que a pessoa se dê conta de que precisa do item.
Nessa mesma direção, os especialistas estão de olho nas impressões 3D. Elas devem representar a descentralização da produção, além de ampliar as possibilidades em termos de customização dos produtos.
Essa possibilidade de produção sob demanda, é uma das iniciativas que também favorecem o meio ambiente. Elimina-se a necessidade de deslocamento em longas distâncias e economizam-se recursos naturais necessários, por exemplo, para a manutenção dos estoques.
Fique atento: a adoção da logística sustentável exige a adoção de metas. Então, é importante que haja um planejamento visando os avanços que serão feitos ao longo de determinado período.
Como sempre orientamos nesses casos, o importante é que os projetos sejam iniciados com urgência, ainda que em modelos mais simples, e possam ir evoluindo com o tempo.
Assim, os investimentos necessários não precisam ser feitos de forma intempestiva, vão acontecer de maneira gradual, sem prejudicar o caixa.