Os projetos ainda estão em fase de desenvolvimento, mas já existem boas pistas do que vem por aí no metaverso.
Para começar, estamos falando sobre a criação de uma dimensão ampliada e sem barreiras para a prática do consumo. Refletindo sobre o e-commerce, podemos dizer que ele deverá materializar, finalmente, a convergência entre o físico e o digital.
O que está em jogo agora é o consumo baseado em experiências e emoções – num ambiente, o metaverso, que não depende dos lastros materiais.
E não estamos nos referindo à integração da tecnologia. Isso até tem caminhado muito bem a partir da evolução das plataformas vendas.
O que está em jogo agora é o consumo baseado nas experiências e nas emoções – num ambiente que nem mesmo depende dos lastros materiais.
Por que pensar no metaverso agora?
É um erro acreditar que, por conta dos muitos desafios que temos pela frente para viabilizar o metaverso, seja possível adiar os aprendizados necessários sobre o assunto.
As condições tecnológicas têm evoluído rapidamente, tanto que já temos algumas experiências sendo realizadas com sucesso.
Como se trata de um campo extremamente importante para as marcas, saber como se posicionar nesse ambiente pode fazer muita diferença nos resultados.
Vale lembrar, ainda, que essa dimensão mais interativa e imersiva não é exatamente uma novidade para as novas gerações.
Elas têm lidado com esse ambiente há um bom tempo no mundo dos games. Criação de avatar, compras de ativos virtuais e interação com outras pessoas fazem parte do seu repertório.
É claro que, no caso dos jogos, a proposta está baseada na simulação virtual, e se espera muito mais do metaverso, como a integração dos diversos ecossistemas e o desenvolvimento de sensores mais potentes para se explorar todos os sentidos, e não apenas os visuais.
O importante, neste momento, contudo, é entender essa movimentação, até para planejar as inovações que serão necessárias no modelo de negócio das empresas para que elas estejam aptas a aproveitar todo o potencial desses recursos.
O futuro chegou
Mesmo no Brasil, com todas as limitações em termos de acesso de qualidade para a maioria da população, a adesão ao metaverso evolui rapidamente.
Levantamento realizado pela Kantar indica que 6% dos brasileiros que usam a Internet já transitam por alguma versão do metaverso, considerando ambientes virtualizados como Second Life ou World of Warcraft.
E, como se pode imaginar, esse grupo tem hábitos de consumo bem diferentes do total da população, e está bem familiarizado com os avanços da tecnologia:
- 29% dos usuários de ambientes virtuais possuem dispositivos de realidade virtual (Oculus, Samsung Gear VR etc).
- 42% têm smartwatch;
- 24% têm dispositivos inteligentes ativados por voz (iluminação, smartspeaker etc.).
Para as marcas interessadas em explorar melhor esse ambiente para a publicidade, um alerta: esse público é mais exigente no que diz respeito à forma como são abordados.
Para se ter ideia, 78% dos usuários de ambientes virtuais preferem ver anúncios relacionados com o conteúdo dos sites que visitam. Considerando o total da população, esse percentual cai para 55%.
Experiência do cliente
Ao se analisar a situação do e-commerce nesse ambiente mais imersivo e interativo, estamos nos referindo à entrada das empresas num próximo nível das compras online.
Tanto é que já tem até uma nova denominação, o metacommerce ou altcommerce, como preferem alguns.
Mais do que a terminologia, o que nos interessa neste momento é o que está por trás dessa história: a necessidade de as marcas responderem à fragmentação dos atuais modelos de negócio online. Ou seja, o que se vislumbra nesse ambiente é a convergência do social selling, do live streaming e das diversas formas de compra fora das lojas físicas ou mesmo do e-commerce.
É nesse sentido que têm sido os investimentos das empresas em suas primeiras experiências. A Nike já criou peças para o metaverso, incentivando os seus clientes a experimentarem as novidades antes de elas chegarem às lojas.
Na Nikeland, plataforma de jogos da fabricante, os avatares dos clientes podem praticar esportes no espaço virtual. A ideia é que, em breve, eles possam comprar tênis especiais para essas ocasiões.
O termo metaverso representa algo como “além do universo”. Portanto, o desafio para as empresas é como fazer parte dessa história, considerando que o modelo deve se manter descentralizado, podendo ser acessado em diferentes plataformas.
Para o e-commerce, um dos focos de interesse é justamente a possibilidade de quebra de barreiras entre o físico e o digital, assegurando a conveniência do digital, com toda a experiência da loja física.
E não estamos nos referindo a uma simples simulação, mas sim a uma experiência sensorial capaz de estimular, com o emprego de hard e softwares adequados, vários sentidos do consumidor.
Contando ainda com todos os recursos de inteligência artificial, o próprio uso dos dados dos clientes deve evoluir de forma significativa, com a perspectiva de se atuar no campo das “sensações”.
Teremos nos próximos anos muitos debates a respeito das implicações dessas mudanças, mas é fato que elas vão acontecer, transformando as relações de consumo.
Refletindo sobre o apreço que os brasileiros têm pelas redes sociais, parece não haver dúvidas de que as marcas terão uma excelente base para atuar.
A chegada do 5G, que deve ser efetivada em dois anos, é vista como um ponto de virada dessa história. Afinal, precisamos de conexão de qualidade para trafegar por esse ambiente imersivo e interativo.
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