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O avanço dos pagamentos digitais

Por: Fernanda Magalhães

Consultor Sênior de Tecnologia CX na SAP Brasil

Especialista em sistemas financeiros com mais de 13 anos de experiência no mundo banking, meios de pagamento e fintechs. Nos últimos anos, atua com plataformas de e-commerce e marketing, nas quais o pagamento é parte da jornada. Apaixonada por varejo e por tudo que envolve a experiência do cliente de ponta a ponta. Atualmente, é consultora do time de CX da SAP Brasil.

Quando surgiram os primeiros e-commerces no Brasil, ainda na década de 90, surgiu também uma necessidade: como pagar pelos produtos adquiridos? Se já havia a possibilidade de comprar produtos a partir de um computador e receber em casa, deveria haver uma possibilidade igualmente prática para pagar por eles.

Confira um panorama da evolução dos pagamentos digitais no Brasil.

Por nascerem quase ao mesmo tempo, as histórias do e-commerce e dos meios de pagamento no Brasil caminham juntas. Durante o fim da década de 90 e os anos 2000, diversas formas de pagamento foram utilizadas. Pagamento na entrega ou transferência entre bancos eram a escolha antes de existir os pagamentos digitais.

Cartões, boletos e fraudes

Com o surgimento dos primeiros gateways de pagamento digitais e a utilização de boletos e cartões de crédito, a experiência de pagar se tornou tão simples quanto comprar. Mas com os novos meios de pagamento, vieram novos problemas. As fraudes geraram um mercado à parte, hoje com empresas especializadas apenas em prevenir isso.

A febre dos cartões próprios, de cada loja, nascida no varejo físico do início dos anos 90, tinha chegado ao e-commerce e provocava uma guerra pela preferência dos clientes. E havia um meio de pagamento que era rápido, fácil e virou logo a preferência nacional: o boleto. Pagar com boleto era simples, você enchia o carrinho, preenchia os dados e um boleto com o valor da compra era gerado, em geral com vencimento para os próximos três dias. Uma vez confirmado o pagamento, a mercadoria poderia ser enviada à casa do comprador.

Mas essa aparente facilidade gerou um problema operacional enorme: um boleto era uma compra que poderia nunca ser paga. E de fato metade não era. Isso era um verdadeiro pesadelo logístico para os e-commerces. Uma venda com pagamento no boleto exige a reserva da mercadoria por dia, até que o pagamento se concretize, se isso ocorrer. Exige as integrações bancárias sistêmicas que verificam e notificam se esse boleto foi pago. E, apesar de ser um meio de pagamento com taxas menores para o varejista do que os cartões, sempre foi algo que parecia estar ali por não existir algo ainda melhor.

Fintechs e Pix

O jogo começou a virar após 2010, com o surgimento de mais formas de pagamento digitais e aos primeiros intermediadores de pagamento que dariam origem às fintechs. Foi a era do Paypal, do início do MercadoPago e do PagSeguro e da guerra entre as bandeiras de cartão pela fidelidade do consumidor. Mas nada disso foi capaz de matar o boleto.

Até que em outubro de 2020 chegou algo que enfim poderia mudar os rumos de como pagamos, dentro ou fora dos e-commerces. Nascia o Pix, o sistema de pagamento instantâneo, que unia bancos e fintechs, e que permitia pagar e receber de forma rápida e acessível. Porém, foi somente em 2022 que o Pix começou a aparecer mais forte nos e-commerces, e ele veio para ficar!

Lembra os três dias para pagar o boleto? Eles não precisam existir mais. Assim como não precisa mais reservar a mercadoria e acabar perdendo a venda para outra pessoa. Com o Pix, são apenas alguns segundos até que o pagamento e o recebimento ocorram, eliminando uma série de problemas pelo caminho. E o Pix está evoluindo para permitir ainda mais – no início, o Pix só permitia que o valor da compra fosse debitado integralmente da conta do pagador.

Em um país onde tudo se compra parcelado e a prazo, ainda é pequena a parcela da população que pode comprar algo de um valor mais elevado dessa forma. Portanto os cartões ainda continuam reinando em absoluto. Agora existem outras formas.

Um exemplo é o Pix Parcelado, uma evolução criada pelas próprias instituições de pagamento enquanto o Banco Central não regulamenta a prática (que será chamada de Pix Garantido). Funciona como o cartão de crédito, porém com um intermediário, como um banco ou fintech, que garante que os lojistas recebem o valor parcelado corretamente e essa instituição realiza a cobrança ao cliente final. Menos taxas para o cliente, menos taxas para o varejista, instantaneidade e benefícios para todos.

E a agenda do Pix continua, com previsão até de Pix Internacional, segundo o Bacen, o que pode também virar o jogo para as compras em e-commerces estrangeiros. É necessário aos varejistas acompanharem todas essas mudanças e se adaptarem.

Em 2022, os pagamentos via Pix foram uma tendência, com grandes redes inclusive oferecendo descontos agressivos a quem aderisse a essa forma de pagar. E tudo indica que 2023 seguirá no mesmo caminho.