Os diversos “booms” do Bitcoin (BTC) desde a sua criação em 2009, que culminaram em valorizações astronômicas de lá para cá, tais como os 323% em 2020, com certeza chamaram a atenção de quem nunca havia parado para pensar ou discutir sobre criptomoedas ou moedas virtuais.
Apesar do conceito de criptomoedas existir há mais de duas décadas, as moedas virtuais podem soar como ficção científica para muitas pessoas – ou pelo menos algo ainda muito distante do nosso dia a dia. Além de ser totalmente virtual, ela não é emitida por governos, como o Real ou o Dólar, por exemplo.
É bem verdade que uma parcela ainda pequena da humanidade utiliza atualmente moedas virtuais. De acordo com o relatório da exchange Crypto.com, o número de usuários saltou para 106 milhões em janeiro de 2021 (contra os pouco mais de 66 milhões em 2020), impulsionado sobretudo pela valorização do Bitcoin.
Por tudo isso surge uma pergunta natural: será que as moedas virtuais vão chegar massivamente ao e-commerce? É difícil cravar uma resposta, mas para tentar chegar a ela, listei abaixo algumas das últimas movimentações do mercado em relação às criptomoedas.
Bitcoin é a maior moeda virtual?
É a maior e mais popular criptomoeda, cuja capitalização no fim de abril de 2021 era de R$ 5,7 trilhões, conforme os dados da CoinMarketCap. O Bitcoin começou a rodar no mercado financeiro em 2009, tendo sido criado por um usuário misterioso chamado Satoshi Nakamoto.
Apesar do Bitcoin já ter sido, inclusive, comparado a uma versão digital do ouro, por seu valor, escassez e ser um ativo seguro, está longe de ser a única criptomoeda no mercado. Estima-se que hoje, de acordo com o Coinlib, existam mais de 6 mil criptomoedas.
Além do Bitcoin, outras moedas também são muito relevantes e ganham destaque, tais como a Ethereum (ETH), Binance Coin (BNB), Ripple (XRP), Tether (USDT), Cardano (ADA) e Dogecoin (DOGE).
Como armazenar essas moedas?
É preciso ter uma carteira, que naturalmente pode ser online ou até mesmo offline. As mais comuns são as digitais, afinal estamos falando de moedas virtuais, e estão disponíveis em versões web, mobile e desktop. Elas também podem ser usadas para verificar o saldo da conta e transferir moedas.
Porém, para quem busca “desconectar” essas moedas, existem as “carteiras de papel”, que não usam software ou hardware para armazená-las. São geradores de chaves privadas que podem ser impressas.
O que as ações do mercado sugerem para o futuro, envolvendo inclusive o e-commerce?
A palavra que pode resumir as minhas apostas para o futuro é demanda. É a demanda (ou a ausência dela) que vai definir os próximos passos no que tange moedas virtuais e e-commerce. Um exemplo é a Uber que, por meio de seu CEO, Dara Khosrowshahi, já se manifestou sobre aceitar Bitcoin e outras criptomoedas como forma de pagamento, desde que haja demanda.
Outras movimentações também favorecem a popularização das criptomoedas. A carteira digital PayPal, que abriu sua plataforma para moedas digitais em outubro de 2020, comunicou que planeja permitir que seus usuários transfiram essas moedas para outras carteiras. Um importante passo para fomentar esse tipo de pagamento.
Outro exemplo interessante vem da Argentina por meio do Mercado Livre, que passou a ofertar as criptomoedas (inicialmente Bitcoin) como meio de pagamento para imóveis. Por lá, as pessoas poderão comprar apartamentos, casas, lotes e terrenos em Buenos Aires, Santa Fé e Córdoba com moedas virtuais.
E o e-commerce no Brasil?
Ainda é preciso gerar demanda, tanto para quem vende quanto para quem compra, mas é possível apontar rapidamente algumas vantagens de usar moeda virtual – especialmente relacionadas à burocracia e às taxas de meios de pagamento, principalmente com cartão de crédito.
O Bitcoin, hoje, é uma linguagem universal, segura e veloz que facilita as compras internacionais. No entanto, o que indica que as moedas virtuais podem se popularizar no futuro é a mudança de hábito das pessoas. Somos cada vez mais digitais, desejando velocidade, praticidade e segurança.
O maior desafio para isso acontecer está na forma como hoje a moeda virtual é utilizada pela maioria dos usuários. O Bitcoin, que é o maior exemplo, é visto como um investimento, um ativo em si mesmo. Também por seu valor astronômico (agora em junho, 1 BTC vale mais de R$ 185 mil), é difícil imaginar que o Bitcoin seja usado como moeda de troca.
Por fim, no entanto, vale uma reflexão. Apenas três invenções estão nos bolsos de quase todo mundo: a chave, a carteira e o smartphone – e o último está matando as outras duas. É nesse contexto que as moedas virtuais estão inseridas e por isso vieram para ficar. Nos resta saber quando serão mais do que uma tendência, transformando-se em uma realidade até para as transações mais “banais” do nosso dia a dia.