Moda é a categoria de produtos que mais cresce no e-commerce brasileiro em 2021, segundo dados levantados pelo Melhor Envio, empresa do Grupo Locaweb.
A pesquisa analisou mais de 9 milhões de transações feitas na plataforma do Melhor Envio entre os meses de janeiro e novembro de 2020.
Entre as análises, o setor de moda mostrou ser o segmento com o maior número de produtos vendidos. Totalizou 1,8 milhão de itens vendidos no período, quase o dobro do comercializado pela segunda categoria mais vendida. Esta foi a de joias e relógios, com pouco mais de 887 mil itens. Além disso, é o segmento com a maior quantidade de vendas de itens por pessoa entre todas as indústrias do país durante a pandemia.
O setor de moda cresceu no online devido à pandemia
O aumento de vendas de produtos da categoria moda apresentou um crescimento expressivo nos meses com restrições rígidas de contato presencial devido à pandemia. No e-commerce, em abril, houve 50 mil itens vendidos. Já no mês seguinte, a quantidade aumentou para mais de 100 mil produtos comercializados no Melhor Envio.
Infelizmente, acredito que para muitos empreendedores as restrições que a pandemia impôs fecharam as portas de muitas lojas físicas. Em contrapartida, muitas dessas empresas puderam encontrar uma segunda chance em manter ou expandir o faturamento com as vendas online.
Nesses casos, o isolamento social acabou sendo um acelerador para diversas tendências e movimentos de mercado. Pois a moda precisou praticar em um curto período as mudanças e estratégias que, em um cenário normal e seguro sem pandemia, demorariam anos para serem realizadas pela maior parte das marcas.
Com o comércio físico fechado, vi muitas empresas se obrigando a amadurecer digitalmente, seja melhorando o e-commerce que já tinham ou ingressando em marketplaces.
O que levou a categoria de moda a se destacar tanto no comércio eletrônico
Além do impulsionamento digital ocasionado pela pandemia, acredito que tiveram outros fatores, estratégias e movimentos de mercado que ajudaram o crescimento do segmento de moda no online.
Redução dos valores de frete
Uma das razões que pode ter ajudado a conquistar ainda mais o consumidor de moda no e-commerce é a redução nos valores de frete e melhoria das condições de envio. Em 2021, foi possível perceber a “corrida do frete” entre as principais lojas virtuais e marketplaces do Brasil. Tudo para ver quem tem o frete mais barato.
Ainda segundo os apontamentos da pesquisa do Melhor Envio, com o aumento da demanda de pedidos e o avanço da tecnologia na logística, a média do frete caiu de R$ 30,11 para R$ 27,23 em 2020.
Melhoria das condições de troca e devolução
Um dos maiores medos do consumidor de moda online é comprar um produto e precisar trocar ou devolver. Além de precisar enfrentar burocracias com a loja, tem a frustração em não ter o item desejado no tempo esperado. Para driblar esse desafio, notei que muitas marcas flexibilizaram o prazo para que o consumidor solicitasse a devolução de produtos.
Por exemplo, o Código do Consumidor determina que o prazo para devolução por arrependimento de uma compra online seja de sete dias para o cliente solicitar a troca. A Amaro, empresa que começou e cresceu no setor de moda (em 2020, se transformou em uma marca de lifestyle brasileira vendendo produtos de diversos setores), ampliou o prazo normal de 7 dias para 30 dias. A estratégia é fazer com que o cliente se sinta mais à vontade para provar as roupas e levar a encomenda em uma agência dos Correios sem pressa.
Mídias sociais
As mídias sociais sempre desempenharam um papel muito importante nas estratégias de marketing e branding para as marcas do setor de moda. E, durante a pandemia, não foi diferente, principalmente com a popularização do Tiktok no Brasil.
Quem trabalha com marketing ou é um usuário ativo do Tiktok pode concordar comigo que há um forte movimento de moda na rede social do momento com as famosas “trends”. Trata-se das tendências de tipos de conteúdos dentro do aplicativo.
Por exemplo, um grande movimento que impactou fortemente as vendas de grandes lojas no Brasil em 2021 foi uma categoria de vídeos. Nela, os usuários da rede social mostravam as roupas que conseguiram comprar no período de promoção e queima de estoque da gigante rede de lojas Zara. Essa tendência as roupas em promoção da empresa a esgotarem em pouco tempo no e-commerce e nas lojas físicas, a ponto de gerar filas gigantes nas lojas presenciais.
Todos esses movimentos nas mídias sociais sempre incentivaram e continuam promovendo ainda mais o consumo de moda no Brasil e no mundo.
A moda nos marketplaces
O grande crescimento dos marketplaces em 2020 também influenciou e ajudou o crescimento do setor de moda na Internet.
Os principais marketplaces do Brasil permitem que os sellers da categoria de moda comercializem seus produtos em suas plataformas. Além disso, existem marketplaces de moda, como é o caso da Zattini e da Dafiti.
O auxílio dessas grandes empresas com certeza foi fundamental para muitos empreendedores que precisaram ingressar no digital rapidamente. Pois os marketplaces já tinham toda uma estrutura e marca estabelecida no mercado. Além disso, permitem que os sellers vendam nessas plataformas sem muito investimento. Precisam apenas pagar uma pequena taxa de comissão a cada venda, na maioria dos casos.
Além de fornecer a plataforma, marketing e uma boa credibilidade para os vendedores, alguns marketplaces disponibilizaram excelentes condições de frete tanto para os vendedores como para os clientes.
O Magalu Marketplace, por exemplo, possui o Magalu Entregas, em que o vendedor não arca com os custos do frete e o cliente paga um preço baixo pelo envio, pois o Magalu possui acordos vantajosos com os Correios devido à alta demanda de pedidos na plataforma.
O que o segmento de moda pode esperar do futuro no online?
Mesmo com a retomada gradual do comércio presencial, acredito que o setor de moda continuará muito forte no e-commerce.
Segundo o estudo realizado pelo IDC e pela Infobip, em média, 82% das pessoas na América Latina compraram online desde o início da pandemia. O Brasil está no topo do ranking, com 88% das pessoas comprando online em 2021.
Até o final do ano, as previsões do estudo chamado “Comunicação e acompanhamento fazem a diferença na experiência de compra do cliente” apontam que 65% das empresas mudarão para o Digital First, justamente por conseguirem espaço no ambiente digital e estabelecerem bons relacionamentos com os consumidores do e-commerce.