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O que o fim dos filtros do Instagram tem a ver com seu e-commerce?

Por: Gabriela Tanuri

Profissional de comunicação e marketing há mais de 15 anos, apaixonada por moda e marketing, já ajudou mais de 200 empresas a criarem estratégicas de comunicação online e offline. Especialista em Fashion Media pela London College of Fashion e mestre em Jornalismo pela University of Westminster.

Se você não sabe do que eu estou falando, deixe-me fazer um breve resumo: a Meta anunciou há alguns dias que, a partir de janeiro de 2025, os filtros criados por terceiros não serão mais permitidos no Instagram.

Isso significa dizer que os filtros estéticos, de frases e afins deixarão de existir na plataforma. Mas o que isso tem a ver com o seu e-commerce?!

Na verdade, a decisão da Meta faz parte de um movimento maior, uma mudança de comportamento, de consumo e de conteúdo e que. sim, vai impactar o seu negócio.

Descubra como as mudanças nos filtros do Instagram e as novas tendências de consumo podem impactar o seu e-commerce e a forma como você produz conteúdo para as redes sociais.

As últimas pesquisas da WGSN, empresa líder global em tendências de moda e comportamento, dão conta de que os consumidores do futuro, de 2025 e 2026, buscam por honestidade, autenticidade e conexão.

Não é por acaso que conteúdos denominados lo-fi ou low fidelity, que são aqueles conteúdos mais “amadores”, com aparência menos polida, produção mais natural e qualidade inferior quando comparados às produções profissionais, têm tido maiores taxas de alcance e engajamento nas redes sociais.

Aliado a isso, estéticas de moda e beleza como clean girl e quite luxury, que pregam a beleza simples, natural e o minimalismo, ganharam espaço entre as mais variadas gerações.

Quem não se lembra da ação da Dove em 2023 ao contratar influenciadoras e atrizes como Paolla Oliveira para a sua campanha “O custo da beleza”, na qual a premissa era que elas não usassem filtros ou edições em suas fotos publicadas online?

De acordo com a empresa, a campanha foi criada depois dos resultados de uma pesquisa que mostrou que 74% dos jovens de 10 a 17 anos entrevistados dizem ter sido expostos a conteúdos tóxicos de beleza nas redes, com incentivo a mudanças na aparência ou perda de peso.

Os movimentos de de-influencing (ou desinfluenciar compras) e desafios de moda sem comprar que se espalharam pelo TikTok também nos mostram um comportamento de consumo que questiona a compra impulsiva e a busca por uma estética impecável.

Para as marcas, isso significa se readaptar e focar em experiências de compra desenvolvidas especialmente para cada consumidor, buscando propostas que se adequem a cada comunidade em particular.

E aí, mais uma vez a sua pergunta deve ser: o que tudo isso tem a ver comigo e o meu negócio? Bom, a começar pelo conteúdo produzido nas suas redes sociais, existe uma tendência à produção não só mais natural como também mais humanizada. A vida real, os vlogs, os conteúdos simples ganham espaço porque transmitem confiança, honestidade e autenticidade.

E falando de e-commerce, nós sabemos da importância de uma rede social ativa e engajada para auxiliar no tráfego e nas vendas. Conteúdos autênticos geram engajamento, engajamento cria comunidade, comunidade dá origens a fãs que não só compram de você como divulgam a sua marca de graça.

De volta às origens

Quando o assunto é Instagram, qual alternativa que podemos adotar para aqueles que não dispensam um filtro na hora de criar os conteúdos dos stories?

Bom, a minha primeira sugestão é: supere! Aposte em conteúdos mais naturais, autênticos. Isso não significa falar em conteúdos feios ou mal produzidos. Os filtros de beleza podem ser substituídos por uma boa maquiagem. Os filtros que melhoram a qualidade da imagem podem ser conseguidos com um bom equipamento e uma boa iluminação. Se você, como empresário, não se sente confiante em aparecer na frente das câmeras sem filtros, existe a opção de contratar influenciadores ou criadores de conteúdo UGC para te substituir nesse momento. Alternativamente, sabemos que conteúdos com fotos – que são mais fáceis de manipular -, texto e voz também podem trazer excelentes resultados de alcance e engajamento.

O conteúdo lo-fi, que como eu disse é aquele que contém pouca ou nenhuma edição, geralmente feito com o próprio telefone, e que mostra com maior veracidade e honestidade a realidade de um produto ou empresa, pode ser visto por muitos como um risco, mas, acredite, o risco compensa!

Para marcas mais estabelecidas no mercado, o conteúdo com jeitinho amador deve ser encarado como uma saída da zona de conforto do marketing. Feito da maneira certa, ele pode não só aumenta o seu ROI como também o seu reconhecimento de marca. Ao encontrar o equilíbrio certo entre um conteúdo casual e relevante, esse tipo de post pode humanizar sua marca, favorecer o compartilhamento e ser motivo de um buzz orgânico.

Mas como criar esse tipo de conteúdo? O primeiro passo é: escute sua audiência. Embora o conteúdo lo-fi não exiga uma pós-produção ou até uma produção de alto calibre, isso não exclui um bom planejamento desse tipo de conteúdo. Ao escutar a sua audiência e compreender os seus gostos e desejos, você consegue compreender melhor que tipo de conteúdo eles esperam e, com isso, seu planejamento e suas produções se tornam mais eficazes.

Em segundo lugar, lembre-se bem do que te difere da concorrência – o que vale e o que não
vale destacar sobre o seu produto ou negócio e em qual trend vale ou não apostar. Embora
o lo-fi seja uma tendência, ele também tem suas particularidades e nem sempre a estratégia
utilizada pelo seu concorrente é valida para você.

A terceira dica é contar com a ajuda de influenciadores que fazem esse tipo de conteúdo mais autêntico. Esse, inclusive pode ser o primeiro passo para marcas que tenham dificuldade em se “desapegar” das super produções. Ao fazer parcerias com influencers que já representam essa estética, você consegue avaliar a receptividade do seu público e medir resultados. Além disso, esse tipo de parceria pode ainda servir de fonte de inspiração para futuros conteúdos autorais.

Por fim, não tenha medo de ser real. Marcas mais autênticas e verdadeiras transmitem mais confiança e saem ns frente no quesito credibilidade. Uma marca autêntica entende e abraça sua história e seus valores, e consequentemente ganha o coração e a preferência dos consumidores.

Vale lembrar também que a Meta deixou claro que os filtros de terceiros não farão mais parte da plataforma, mas não falou nada sobre os filtros criados pela própria empresa. Apesar de não investir muito nessa tecnologia, a Meta sabe como os filtros podem ser importantes para os usuários da plataforma, e embora estejamos caminhando para um comportamento de consumo em que a realidade se torna mais apreciada, sabemos que existe toda uma geração que, sim, ainda busca por esse tipo de ferramenta.

Implicações no UX e design

Trazendo um pouco dessa nova realidade para o design de e-commerce e falando de UX, o grande destaque é o minimalismo funcional, que tem ganhado espaço no campo. O design que aplica a metodologia do “menos é mais” prega uma estética mais simples para promover uma experiência de compra mais eficaz e agradável. Aqui, fica nítida a correlação entre esse novo momento de consumo de conteúdo e o caminho que esse mercado vem tomando.

O minimalismo funcional pode ser traduzido em páginas mais limpas, espaços em branco bem aproveitados, tipografia mais legível e cores mais agradáveis esteticamente. Alinhado a isso, designs responsivos cada vez mais funcionais têm se mostrado cada vez mais eficazes. O foco mais uma vez fica na experiência do usuário. O objetivo é eliminar ruídos que possam atrapalhar a navegação e facilitar a conversão do cliente.