Falar sobre o crescimento do consumo digital ao longo dos últimos meses é, mais uma vez, constatar tudo que vimos ser diretamente impactado pela pandemia e pelo distanciamento social. A mudança de comportamento do consumidor para um mundo quase que integralmente online; a grande demanda gerada pelos e-commerces e os desafios logísticos. Tudo isso deixou profundas marcas nesse cenário — e, certamente farão parte do cotidiano da nossa cultura mercadológica daqui para frente.
Ao passar de 2020, vivenciamos diferentes fases e incertezas. Quando nos enxergamos socialmente afastados e postos diante de uma realidade antes desconhecida, tudo foi colocado à prova. Nessa fase inicial, experimentamos a especulação sobre o recuo da globalização. A pandemia possibilitou que muitos críticos da conectividade global acreditassem que sofreríamos uma crise sem precedentes, com a formação de blocos econômicos rivais, a volta da produção nacional, a criação de cadeias de suprimentos mais curtas e a expansão das indústrias nacionais essenciais.
Contudo, como grande ensinamento, tornou-se quase palpável que a globalização está mais viva do que nunca. O consumo digital global, o comércio e a logística funcional ganharam forma! Eles foram as grandes forças locomotoras desse período que ainda vivenciamos. Com base nesse entendimento macro, esmiuçar as mudanças de hábitos do consumidor digital e a chegada permanente do alto número de compras online torna-se viável e necessário.
Aprendizados no período
O crescimento da utilização dos e-commerces é um fato, e a curva do aprendizado logístico nesse curto período é positivamente notória. Isso prova, mais uma vez, a tremenda força da globalização. Além disso, o comércio digital estimulou também o e-commerce cross-border. Sendo assim, o que antes tratava-se de uma tendência, hoje podemos chamar de realidade.
O consumo eletrônico superou as barreiras transfronteiriças no Brasil. Para se ter uma ideia, ao final do último ano o País fechou sua balança comercial com um superávit de US$ 50,9 bilhões. Circunstância essa possibilitada por:
- estudos dos cenários econômicos globais;
- a preparação de plataformas para o recebimento das novas demandas;
- e à escolha de melhores operadores logísticos pelos comerciantes.
O last mile e a fidelidade do cliente
Ou seja, a cadeia logística integrada tornou-se fundamental nesse processo. Além disso, a “entrega de última milha”, também conhecida como last mile, ganhou uma notoriedade ainda maior. Com a centralização de poder nas mãos do consumidor — outra tendência que agora se encontra como realidade de mercado —, essa etapa passou a fazer parte determinante na rotina das lojas e dos consumidores online. Lembrando que o last mile consiste no trajeto entre os centros de distribuição dos vendedores até a entrega final na porta do cliente. Essa parte do processo pode ser considerada como uma barreira no processo logístico brasileiro. Isso porque qualquer possível problema na “entrega de última milha” pode impactar diretamente o relacionamento — ou seja, na satisfação e fidelidade do consumidor com a marca.
Assim, ressalto mais uma vez que, para evitar transtornos, perda de lucros e clientes, o planejamento logístico é o diferencial. Pesquisar, analisar, comparar valores e tempo de trânsito… Tudo se tornou parte essencial do processo de vendas. Vale também estar alinhado com todas as alternativas que apareceram no mercado exclusivamente para essa etapa “de última milha”. Motocicletas, bicicletas, drive-thrus, drones, e-boxes e pick-up stores são algumas das possibilidades que ganharam destaque no ano passado.
Logística reversa
Esse cuidado na relação com o consumidor, com suas demandas no centro das operações, fez com que, além da atenção reforçada à last mile, outra necessidade surgisse: a preocupação com a logística reversa. Segundo pesquisa do Conselho de Logística Reversa Brasileira, mais de 75% dos compradores pesquisam os detalhes de como o retorno do produto poderá ser realizado, caso haja necessidade de devolução ou troca. Todo esse processo passou a demandar proporcionalmente mais agilidade e eficiência de qualquer plano logístico já existente antes de a realidade ser impactada pela pandemia.
Com isso, datas de altos picos de vendas, como a Black Friday e o Natal, também tiveram destaque em 2020. De acordo com o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA), no feriado religioso, por exemplo, o e-commerce cresceu 15,5%, em comparação ao mesmo período de 2019. Consequentemente — com o mercado já fortemente aquecido, devido ao distanciamento social e ao crescimento do consumo digital —, foi possível acompanhar o fortalecimento das novas tendências que passarão a ser vistas além de 2020.
“Esquenta” para os períodos de alta no e-commerce; necessidade de preparação logística com mais antecedência, para suprir todas as demandas dos clientes; automatização de processos e políticas de envio de remessas; mercado cada vez mais competitivo… Esses são apenas alguns dos pontos que foram trazidos como aprendizado nos últimos meses — e que, agora, tornaram-se parte integrante da cadeia de consumo. Assim, é possível dizer que, apesar das dificuldades, a passagem do último ano foi de extremo crescimento para o setor. Por fim, evidencio mais uma vez que contar com um parceiro logístico com experiência e qualidade na entrega nacional e internacional tornou-se um pré-requisito para um ótimo desempenho ao longo deste e dos próximos anos.