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Ouse mudar: por que o varejo precisa se reestruturar para acompanhar um consumidor exigente

Por: Alessandro Gil

VP de Enterprise Solutions da Locaweb Company

VP de Enterprise Solutions da Locaweb Company e da Wake (uma empresa Locaweb), Alessandro Gil tem mais de 20 anos de carreira, com extensa experiência em e-commerce e estratégia de expansão de negócios. É formado em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), com MBA em Marketing. Antes de liderar a Wake, passou por empresas como Linx, VTEX, Rakuten Brasil e Ikeda.

Nos últimos anos, o varejo tem enfrentado uma transformação sem precedentes, impulsionada pelo avanço das tecnologias e pelo comportamento em rápida evolução dos consumidores. O que antes era visto como uma escolha estratégica – a modernização de plataformas, a adaptação de estratégias de comunicação, a incorporação de novas tecnologias – agora se apresenta como uma necessidade urgente para crescer. Embora muitos varejistas reconheçam essa urgência, vários ainda se encontram paralisados pela hesitação em realizar mudanças fundamentais. Nesse contexto, a coragem para inovar e se adaptar se torna um dos ativos mais valiosos para marcas que buscam prosperar.

Descubra por que a coragem para inovar é essencial para o varejo prosperar na era digital.

Mudar implica assumir riscos. Reestruturar processos, trocar plataformas ou adotar novas estratégias exige investimentos, esforços de integração e um nível de vulnerabilidade. No entanto, não é mais uma questão de querer ou não; a coragem para transformar o negócio de maneira radical e bem pensada é hoje uma necessidade. Marcas que não ousam em suas abordagens, que insistem em manter uma estrutura rígida e antiquada, correm o risco de se tornarem irrelevantes para um consumidor que, além de conectado, é exigente e seletivo.

Em eventos recentes como o Wake Summit, a importância do unified commerce ou do uso de estratégias headless foi amplamente debatido. Essas tecnologias não são apenas inovações, mas operações fundamentais para atender o cliente que exige consistência em todos os pontos de contato com a marca, além de um atendimento rápido e eficaz. Essa evolução vai além de vender mais: é sobre fortalecer relações, consolidar relevância e oferecer uma experiência integrada.

A importância da comunicação adaptável

E essa transformação precisa ser refletida também na forma como as marcas se comunicam. Hoje, as empresas têm uma voz mais influente do que nunca, e sua comunicação deixou de ser um monólogo para se tornar um diálogo aberto com consumidores atentos a valores e autenticidade. Ao comunicar-se com clareza e adaptabilidade, as marcas transmitem confiança e comprometimento. Essa percepção é especialmente importante para conquistar a geração Z, um público crescente e influente que valoriza experiências que falam diretamente com seus princípios. Quando uma empresa mostra disposição para mudar, ouvir seu público e refletir essa transformação na comunicação, ela não está apenas conquistando clientes, mas construindo um vínculo que transcende o produto.

Além disso, a experiência de compra, mais do que um diferencial, é uma expectativa essencial. Consumidores de hoje buscam uma jornada fluida e sem barreiras, na qual qualquer tipo de fricção – seja uma página que demora a carregar, um método de pagamento restrito ou uma dificuldade no atendimento – pode ser suficiente para abandonar uma compra e afastar-se da marca. Em setores altamente competitivos, o tempo entre o desejo e a compra foi reduzido ao máximo, e cabe ao varejo facilitar esse processo, removendo obstáculos e promovendo agilidade em cada etapa. Inovações como a personalização de conteúdo e as recomendações, que eram diferenciais há poucos anos, já são o mínimo esperado, e empresas que não atendem a essas demandas ficam em desvantagem perante os concorrentes mais ágeis.

O valor do erro e a necessidade de evoluir

Ainda assim, mudar não significa acertar sempre, e aqui reside outro ponto crucial: o valor do erro. As empresas que conseguem evoluir são aquelas que não temem falhar, mas sim temem a estagnação. Muitas vezes, os acertos vêm de uma mentalidade que aceita o erro como parte do aprendizado e se ajusta rapidamente. Marcas que falham, aprendem e se ajustam criam estruturas mais resilientes, capazes de responder à complexidade e à velocidade das demandas atuais.

Em um mundo onde o consumidor dita o ritmo e espera que as marcas se adaptem a ele, o varejo precisa ter coragem para questionar suas práticas, reinventar suas estruturas e investir em tecnologias que melhorem a experiência de compra. Empresas que ousam se transformar, que repensam suas estratégias, sua tecnologia e sua comunicação, não estão apenas acompanhando o mercado, elas estão ativamente construindo um futuro mais conectado e relevante para os consumidores.