No dia 27 de novembro teremos uma das datas mais importantes do ano para o varejo: a black Friday. Em 2019, segundo estimativas do Ebit, foram R$ 3,2 bi de faturamento nessa época do ano.
Em 2019, a Black Friday foi responsável por levar 418 mil brasileiros a comprar pela primeira vez via internet, uma alta de 12% em relação a 2018.
É fato que essa se tornou uma data importante e que os consumidores já esperam promoções e preços agressivos. Mas, será que os pequenos e médios negócios estão preparados para isso neste momento?
Acabamos de passar por um período delicado no mundo com a pandemia. Ele afetou e muito toda cadeia de distribuição, dólar alto, dificuldades de importação, escassez de matéria prima… E tudo isso impactou e muito o preço dos produtos para o consumidor.
O que deve ser levado em conta para entrar na black friday?
Os descontos serão reais?
A primeira decisão que precisa ser tomada é: meu negócio está preparado para oferecer descontos reais nos produtos? Meu negócio tem margem suficiente para sofrer esses reajustes? Minha cadeia de produção está com os custos reduzidos para refletir diretamente no meu consumidor final?
Ao oferecer condições comerciais atrativas aos clientes, pequenos e médios negócios não pode trabalhar só. Desde a matéria prima, fabricantes e distribuidores, todos devem ter seus custos reduzidos em comparação ao volume maior que será comercializado nessa época. Entretanto, acredito que esse ano será difícil essa colaboração.
Profundidade de estoque ou produtos encalhados?
Conversando com alguns pequenos varejistas, entendi que muitos deles dividiram os desafios em repor estoque com velocidade. Eles afirmam que muitos fabricantes e indústrias estão com dificuldades de atender aos pedidos na velocidade necessária e no volume que precisam.
Acredito que a Black Friday desse ano fará mais sentido para os pequenos negócios que estiverem com seus estoques cheios — devido à uma possível queda de vendas na pandemia. Ou, ainda aos que querem recuperar seus caixas com um estoque cheio de produtos encalhados e de menor giro.
Atrair novos clientes
Em 2019 foram 418 mil brasileiros que compraram pela primeira vez na semana da Black Friday. Isso prova que a data sempre foi uma excelente ferramenta de crescimento da base de clientes no ambiente digital.
Em um cenário de alta competição — com a entrada de centenas de milhares de novas marcas no mundo digital —, acredito que o custo por aquisição de cliente, tendo em vista a centralização dos canais de mídia online, irá aumentar e muito.
Com o alto custo de aquisição e margens baixas, será que essa será uma estratégia viável de crescimento de base para os pequenos negócios?
Provavelmente não. Digo isso porque com margens menores e para fechar no azul, devido ao baixo volume de vendas, os pequenos varejistas têm um limite muito maior quanto ao custo de aquisição nas mídias pagas.
Em resumo, acredito que a Black Friday esse ano não será para todos, principalmente aos pequenos varejistas. Afinal, com um menor poder de negociação com seus fornecedores, terão que fazer muita conta para não dar um tiro no próprio pé.
Por maior que sejam os volumes de compras neste período, antes de tudo, os negócios precisam ser lucrativos.