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Por que a indústria não pode mais adiar sua entrada no e-commerce

Por: Eduardo Fregonesi

Antes de co-fundar a Synapcom, Eduardo também participou da fundação do Shop2gether, onde foi diretor comercial. Formado em administração pela Universidade de São Paulo, possui especialização em Business Administration pela London School of Economics and Political Science (LSE). À frente da empresa, conquistou prêmios de diferentes entidades do setor: Melhor Operação em E-commerce pelo E-commerce Brasil e Melhor Gestão de E-commerce pelo E-awards.

A indústria fabrica e o comércio vende ao consumidor final, certo? Nem sempre. O avanço da Covid-19 desde março acelerou a adoção de um conceito que já estava em evidência há alguns anos: a modalidade D2C (venda direta ao consumidor, na sigla inglesa). Por meio dessa proposta, pouco a pouco, alguns fabricantes passaram a investir em canais digitais para vender e se relacionar com o consumidor.

A questão é que, se antes tratava-se de um diferencial, agora tornou-se fundamental por conta das medidas de quarentena e isolamento social. Assim, chegou a hora de a indústria acelerar sua transformação digital e, finalmente, explorar as vantagens do comércio eletrônico.

Curiosamente, no início da pandemia, em março, houve alta procura das marcas de chocolates por soluções digitais. Afinal, estávamos a poucas semanas da Páscoa, e o varejo físico com restrições. Por isso, muitas empresas do segmento recorreram aos canais digitais para atenderem seus clientes — ainda que, devido à urgência e ao curto prazo, poucas conseguiram vender online a tempo. A procura pela adoção do e-commerce se intensificou desde então e não se limitou à categoria de chocolates. Setores como “beleza e cuidados pessoais”, “moda”, “tech” e “home” estão aderindo de forma significativa ao e-commerce.

É a hora de a indústria entrar no e-commerce

A transformação digital da indústria, de forma geral, já tinha ganhado tração no Brasil e acabou se acelerando com a chegada da pandemia. Apesar do cenário cheio de incertezas, não restam dúvidas sobre a importância de estratégias online e a necessidade de implementá-las. Por isso, os negócios de quem ainda hesita em vender pela Internet não estão apenas em situação desvantajosa no mercado; eles correm riscos de sobrevivência.

Há indícios de que esse movimento veio para ficar. Mesmo depois da reabertura do comércio físico em grande parte do país com a flexibilização da quarentena, as vendas online continuam em ascensão — e há grande expectativa para a Black Friday deste ano. Vale lembrar que a pandemia intensificou a aproximação das indústrias com o consumidor final, abrindo novas oportunidades de negócios aos fabricantes. Esse relacionamento direto com os consumidores permite maior entendimento de diferentes comportamentos e o mapeamento de tendências que guiam a jornada de compra — que leva à melhoria dos produtos existentes e ao desenvolvimento de novidades.

Mesmo com a curva de crescimento do online, especialmente do segmento de bens de consumo, ainda observamos grande resistência a mudanças e receio em relação às estratégias das marcas no e-commerce. Em contraste a esse posicionamento, indústrias mais dinâmicas e com visão consolidada de futuro contam com parceiros para construir suas operações voltadas ao mercado digital. Dessa forma, têm ampliado a participação e faturando até mais do que seus concorrentes.

Conclusão

Portanto, os fabricantes não devem ter mais dúvidas se é o momento ou não de investir em canais digitais. As vendas online foram a principal alternativa do setor para manter a operação ativa, atendendo às demandas do consumidor em casa por conta do isolamento social. Por esse motivo e com a consolidação da Internet na jornada de compra, esse modelo não pode mais ser considerado coadjuvante na estratégia de negócio de qualquer indústria. Os canais digitais devem ser os protagonistas das marcas que desejam crescer nos próximos anos.