A internet facilitou a execução de uma série de ações, como obter informações sobre um assunto, fazer pagamentos e comprar um produto. Atualmente, o ambiente digital é o principal meio para fazer muitas tarefas do cotidiano e interagir com pessoas a qualquer instante. Apesar disso, uma grande parcela da população brasileira não consegue utilizar os recursos digitais da melhor forma, devido à falta de acessibilidade.
De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui aproximadamente 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. Assim como a acessibilidade é um assunto discutido no mundo físico, em universidades e sistemas de transporte, por exemplo, a discussão e as preocupações se estenderam para o universo digital.
Essas barreiras afetam a experiência do usuário com deficiência, que não consegue utilizar o e-commerce da melhor maneira possível como outro usuário. Com isso, a empresa pode perder clientes e ficar conhecida como uma marca que não se preocupa com a acessibilidade, afetando a credibilidade do negócio e perdendo força competitiva no mercado.
Testes de acessibilidade
Para garantir que o e-commerce seja acessível para todos os públicos e evitar uma possível queda nas vendas, é necessário desenvolver o site pensando na acessibilidade dos elementos e conteúdos que serão implementados. Assim como em outras áreas da programação, a aplicação de testes é uma prática essencial durante esse processo.
Além disso, os programadores devem pensar nas ferramentas utilizadas por PCDs para acessar conteúdo digital, como leitores de tela. Essa dinâmica também influencia o trabalho dos profissionais de user experience (UX) e customer experience (CX), pois determinados layouts, designs, fontes de texto e cores podem inviabilizar a navegação de algumas pessoas.
Confira a seguir algumas práticas e ferramentas que podem ser aplicadas em testes para otimizar o desempenho do site e verificar seu grau de acessibilidade:
Testes visuais
Uma das limitações mais comuns ao acessar conteúdos na internet está relacionada à questão visual, ainda mais se o público-alvo da empresa possui pessoas com deficiência na visão. Por isso, a preocupação com aspectos de cores, fontes de texto e se o site está adaptado aos diferentes tipos de zoom é importante para garantir acessibilidade.
Há diversos programas que podem ser utilizados para verificar esses fatores. Entre eles, destaca-se o Colorblind page filter, focado nos diferentes tipos de daltonismo, e o LowVision, que faz modificações no design do site para melhorar a visibilidade.
Atributo alt text
Outro ponto ligado à visão é o atributo alt text, que atua junto de ferramentas de leitura de tela a fim de auxiliar pessoas com deficiência visual na compreensão do conteúdo. O alt representa a descrição de uma imagem, que será lida apenas pelos softwares de leitura, para que a pessoa com deficiência saiba do que a imagem se trata.
Esse recurso também otimiza o SEO da página, fazendo com que ela fique mais bem ranqueada nos mecanismos de busca, como o Google. Logo, é necessário verificar se o alt text está disponível em todas as imagens do site.
Lighthouse
Essa ferramenta analisa vários aspectos de um site, entre eles a acessibilidade. O Lighthouse realiza testes automatizados para medir o desempenho e mostrar quais pontos podem ser melhorados para tornar o e-commerce mais acessível.
Vale ressaltar que a análise é feita com base no WCAG 2.0 (Web Content Accessibility Guideline), um guia com recomendações de acessibilidade para web divulgado pela Web Accessibility Initiative.
Testes de código
Além dos elementos de layout e design, o código utilizado para desenvolver o site deve ser submetido a testes de acessibilidade. Algumas pessoas com deficiência motora ou intelectual não utilizam o mouse para navegar na internet, apenas o teclado, exigindo adaptação por parte dos sites.
Para examinar se o código HTML do site é acessível, a equipe de programação pode utilizar as ferramentas AChecker e Hera. Elas avaliam o site e apontam possíveis problemas, permitindo que o e-commerce realize mudanças ainda na fase de programação, antes da entrega final ou do lançamento do projeto.
Portanto, garantir que o e-commerce seja acessível contribui para a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente digital, ampliando o acesso delas aos recursos e conteúdos digitais. Dessa maneira, o e-commerce atinge mais público e aumenta seu reconhecimento no mercado.