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TikTok Shop: a nova era do e-commerce

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Por: Rodrigo Cursi de Carvalho

Co-CEO e CXO na FRN³

Rodrigo Cursi é Co-CEO, CXO (Chief Experience Officer) e co-fundador da FRN³, empresa especializada em desenvolvimento digital. Com formação em Design de Games e Gráfico e Pós-graduação em Design: Conceito e Aplicação, possui 15 anos de experiência nas áreas de User Interface (UI), User Experience (UX), branding, e-commerce e aplicativos. Ao longo de sua trajetória, atuou como Diretor de Arte e Criação, liderando projetos de diversos segmentos e tamanhos, com foco em soluções criativas e de alto impacto. Seu trabalho se destaca pelo gerenciamento de equipes criativas e squads especializados em mídia e desenvolvimento de projetos digitais. Atualmente, é especialista em UX e UI, com um portfólio robusto de mais de 500 projetos realizados.

Se tem uma coisa que a gente aprende trabalhando com marcas todos os dias, é que o comportamento do consumidor não para. E o TikTok está fazendo exatamente isso: transformando scrolls em compras.

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Imagem: Reprodução.

A proposta aqui não é fazer um texto que você já viu em mil blogs por aí, mas sim trazer a visão de quem respira e-commerce de verdade. Vamos direto ao ponto: o TikTok Shop já é uma revolução, e o Brasil está na linha de frente do que vem por aí.

O que está acontecendo lá fora?

Nos Estados Unidos, o TikTok Shop saiu de um tímido GMV de US$ 1,2 bilhão em 2022 para mais de US$ 16 bilhões em 2024. Um crescimento de mais de 1200% em dois anos!

Além disso, os usuários ativos globais passaram de 500 milhões em 2022 para mais de 1,2 bilhão em 2024. Isso significa que as pessoas não só estão assistindo, como estão comprando e voltando pra comprar de novo.

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Mais do que números expressivos, o que vemos é uma evolução do comportamento de compra: o consumidor atual está mais disposto a confiar em recomendações em tempo real, priorizando autenticidade em vez de comunicação publicitária tradicional. As compras ocorrem durante momentos de entretenimento, e não mais apenas em sites ou aplicativos de compra estruturados.

Casos de sucesso incríveis

– Made by Mitchell (UK): vendeu mais de 2 milhões de libras em produtos de maquiagem em menos de um ano usando apenas TikTok Shop + lives.

– Trendyol (Turquia): aumentou em 60% o ticket médio com recomendações de influenciadores em tempo real.

– O-la-la Beauty (Tailândia): converteu 7x mais que no Instagram com vídeos curtos demonstrando seus produtos em uso.

O segredo? O conteúdo não parece uma venda. Ele entretém, informa e conecta. Essa é a alma do novo e-commerce.

Nos três exemplos acima, há um padrão claro de comportamento: fusão entre conteúdo e conversão. Esse modelo reduz o atrito da jornada de compra ao eliminar etapas intermediárias (como clique em link, redirecionamento e login), trazendo a conversão para dentro da própria experiência de consumo de mídia. Esse encurtamento da jornada, com retenção de atenção máxima, é o novo campo de batalha.

Taxa de conversão real

A média global de conversão no TikTok Shop está entre 2% e 5%, mas, com influenciadores certos e conteúdo orgânico bem feito, esse número pode chegar a 10% – algo surreal comparado ao padrão de mercado.

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E vale ressaltar: não se trata apenas de conversão, mas de taxa de recompra, tempo médio de sessão e incremento de CAC otimizado. Isso porque o TikTok Shop tem camadas integradas de análise comportamental, recomendação por IA e gamificação, que tornam o processo de descoberta de produtos algo quase viciante. Para players de e-commerce maduros, isso representa uma janela real de incremento de LTV (lifetime value).

E o Brasil?

O Brasil é, historicamente, um dos maiores mercados do TikTok. E com o e-commerce em alta (R$ 160 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2024), a chegada oficial do TikTok Shop por aqui é só questão de tempo. E quando vier, vai ser barulhento.

Com um público engajado, apaixonado por vídeo e por experiências, o TikTok Shop no Brasil pode virar o novo shopping da galera.

Além disso, o ecossistema nacional já demonstra sinais de maturidade para absorver o modelo de shoppertainment. Plataformas de pagamento digital integradas, logística descentralizada, redes de afiliados e microinfluencers com nichos altamente segmentados criam o ambiente perfeito para a explosão do formato no país. A tendência é que players de marketplaces e D2C acelerem seus testes com criadores e apostem em modelos híbridos de live commerce e promoções exclusivas em vídeo.

O que esperar?

Como alguém que trabalha com performance, UX e dados há mais de 15 anos, posso te dizer: quem entender primeiro como integrar conteúdo com jornada de compra vai sair na frente. Live commerce, microinfluencers e recomendações espontâneas vão moldar o novo jogo.

Vale a reflexão: não se trata de migrar para o TikTok como um novo canal de mídia. O desafio é reconfigurar o mindset para operar dentro de uma lógica em que o conteúdo é a loja. Ou seja, sair do modelo push de campanhas para o pull de atenção. O futuro do e-commerce está, literalmente, na timeline do seu consumidor. E ele está a apenas um scroll da próxima compra.

Se você tem marca, produto ou loja virtual, essa é a hora de pensar: como sua estratégia se conecta com entretenimento?