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Três maneiras como empresas ligadas ao varejo estão usando ChatGPT e IA generativa

Por: Elcio Santos

É CEO da Always On Ciência e Engenharia de Dados. Tem mais de 20 anos de experiência em posições de liderança estratégica tanto em grandes empresas como em startups do mercado digital. Trabalhou no desenvolvimento e na implantação de algumas das principais ferramentas de martech no Brasil, sendo hoje parceiro certificado da Oracle (CX) Responsys. Tem reconhecida autoridade em transformação digital, ajudando empresas a obterem resultados financeiros expressivos por meio de estratégias em dados, CRM, vendas (on e offline) e integração multicanal.

Se há uma coisa que sabemos com certeza ao olhar para este 2023, é que as organizações que estão preparadas para enfrentar a incerteza – das condições de mercado à agitação geopolítica e tudo mais – serão as mais adequadas para atender clientes, funcionários e acionistas.

E se há um campo da tecnologia em que essas organizações estão apostando forte é o da inteligência artificial. Estou falando, como verão a seguir, de pesos-pesados, como Coca-Cola, Instacart, Google, Amazon…

Veja como essas empresas estão utilizando a IA para geração de conteúdo, chatbots, plug-ins e renderização de imagem.

Os números falam alto.

De acordo com um estudo da International Data Corporation, os investimentos em sistemas centrados em IA em todo o mundo saltarão de US$ 121 bilhões no ano passado para US$ 154 bilhões em 2023. Esse crescimento incrível vem sendo a tônica nos últimos cinco anos porque essa tecnologia fornece novos recursos para mitigar a incerteza, aproveitando os dados para responder rapidamente a ambientes em mudança tão rapidamente quanto novos dados chegam.

Recapitulando…

… a inteligência artificial busca criar máquinas inteligentes ou – mais precisamente – programas inteligentes de computador. Há basicamente dois tipos de IA:

1 – IA restrita, que é treinada para fazer tarefas específicas.
2 – IA geral.

A Siri, da Apple, a Alexa, da Amazon, o IBM Watson e os carros sem motorista são exemplos da IA restrita. Já a IA geral é o que está vindo por aí, com sistemas de aprendizado de máquina que utilizam algoritmos e modelos estatísticos para analisar e criar inferências a partir dos padrões que identificam nos dados – exatamente o que a inteligência humana faz!

Vindo? Ou será que já está aqui, de fato?

Se você não passou os últimos meses em Marte, sabe que estou falando do ChatGPT, do Google Bard e de outras ferramentas que usam IA generativa, a evolução mais recente nessa área que tem fascinado as pessoas com sua capacidade de criar textos, áudios, vídeos, códigos, simulações etc., realmente originais e com grau surpreendente de criatividade.

Vamos a alguns casos de uso.

1. Geração de conteúdo

Segundo Carina Perkins, analista da eMarketer, este é um dos casos de uso mais promissores: as redes de varejo estão “usando IA generativa para criar descrições de produtos, textos de marketing, blogs e postagens de mídia social. Você pode até traduzir a cópia do seu site para uma ampla variedade de idiomas”.

Temos, portanto, que encarar a IA generativa como uma fantástica oportunidade nessa direção. Sua empresa pode gerar grandes eficiências automatizando tarefas manuais e, assim, liberar seus funcionários humanos para realizarem tarefas potencialmente mais criativas.

O exemplo da Coca-Cola

Através de uma parceria com a consultoria Bain, a Coca-Cola está explorando o uso do ChatGPT e do gerador de imagens DALL-E para reformular seu marketing, impulsionando experiências mais personalizadas de consumidores e redes de varejo parceiras.

A analista da eMarketer comentou que esse é um exemplo muito bom de uma marca que procura aumentar a eficiência e gerar escala.

Mas há alguns riscos envolvidos, alerta outro analista da mesma consultoria, Yoram Wurmser.
No estágio atual da tecnologia, temos que tomar muito cuidado para que a ferramenta não gere conteúdos plagiados ou gerados pelo que os técnicos chamam de “alucinação” – a tendência potencial de criar conteúdos não adequados, como afirmações preconceituosas ou simplesmente mentirosas.

2. Chatbots e plug-ins

No futuro, acreditam os analistas da eMarketer, a tecnologia permitirá que surjam verdadeiros assistentes de compras personalizados para os sites de varejo. Mas atualmente já existe a OpenAI, que criou o ChatGPT e já desenvolveu parcerias com algumas empresas, como Instacart, Klarna e Expedia, para garantir um atendimento ao cliente mais eficaz através de plug-ins.

O novo recurso da Instacart, apelidado de “Ask Instacart”, permitirá que os usuários façam perguntas que os ajudarão a criar e a refinar listas de compras. Em um vídeo de demonstração, um usuário invisível digita a palavra “almoço” na caixa de bate-papo que fica na parte superior da interface do usuário do aplicativo. Um menu de perguntas possíveis aparece abaixo da caixa, incluindo “Quais são algumas ideias de almoço vegetariano e vegano?” e “O que é um almoço saudável para meus filhos?”, O usuário seleciona a pergunta, e o aplicativo responde gerando listas de ingredientes para almoços simples e nutritivos, bem como sugerindo algumas outras perguntas relevantes.

Qual o benefício do plug-in?

A marca está posicionando o novo recurso como um mecanismo que pode ajudar os clientes a economizar tempo e energia. “As compras de supermercado podem exigir uma grande carga mental, com muitos fatores em jogo, como orçamento, saúde e nutrição, gostos pessoais, sazonalidade, habilidades culinárias, tempo de preparação e inspiração de receitas”, disse JJ Zhuang, arquiteto-chefe da Instacart em um comunicado.

Wurmser mais uma vez envia seus alertas. Segundo ele, devemos ter cuidado porque uma ferramenta de IA no atendimento ao cliente pode não ser tão sensível ao tom das consultas quanto um representante humano. Aqui, as diretrizes de uso da marca são particularmente importantes.

3. Renderização de imagem

Existem várias ferramentas de IA generativa para criar imagens e que podem ser muito úteis para as redes de varejo, como o DALL-E 2, da OpenAI, mesma empresa que criou o ChatGPT, o Stable Diffusion e o Midjourney. Mas o próximo passo é mais ousado.

O que se busca é a criação de ferramentas que transformem imagens de vestuário 2D em renderizações 3D. A ideia é dar mais interatividade às listas de produtos ou criar uma imagem mais aprimorada, que melhora as conversões e as compras.

Interessante é que nessa área quem está na frente não é a OpenAI, mas sim o Google AI e seu sistema Dreamfusion, que usa como base o Imagen, modelo de difusão texto-para-imagem em 2D que realiza a síntese em 3D.

Em testes realizados com sapatos e outros produtos na Google Store, foi relatado que os usuários se envolvem com imagens 3D 50% mais do que com imagens estáticas.

E lá vem Wurmser de novo…

Ele informa que Google, Amazon e outros continuam experimentando essa tecnologia, mas a adoção ainda é bastante baixa. Eventualmente, as renderizações em 3D e os testes virtuais podem substituir as compras na loja, mas, por enquanto, o 3D não deve ser a maior área de foco para a maioria das marcas.

O que marcas e os varejistas devem fazer agora?

“Familiarizar-se com a IA generativa e seus recursos”, disse Perkins.

As marcas que experimentam a IA generativa enfrentam um campo de jogo aberto, no qual a maioria dos adotantes ainda é novata na tecnologia. “Encontre pessoas que realmente gostem e estejam dispostas a experimentar e aprender com isso. E essas são as pessoas em quem você deseja confiar ”, disse Wurmser.

O exemplo mais recente é o da Amazon. Em 15/05, a Bloomberg publicou uma matéria revelando que a Amazon vai entrar na disputa de inteligências artificiais ao incorporar um recurso estilo ChatGPT nas buscas da loja online. A novidade foi divulgada pelo Bloomberg, que descobriu a novidade ao analisar uma lista de novas vagas para trabalhar na empresa.

A descrição das vagas informa que os novos funcionários ajudarão a “reimaginar o Amazon Search”, através de uma nova experiência de conversação interativa que vai auxiliar o usuário a comparar produtos, obter respostas mais detalhadas e receber sugestões de acordo com suas preferências.
Além de “revolucionária”, informa a Amazon, a novidade deve chegar muito em breve aos consumidores.

Quanto a você, o que pode fazer é enviar um email para mim, elcio@aodigital.com.br, com suas dúvidas. Prometo respondê-las.