Encerrado o primeiro semestre do ano, as atenções se voltam para os projetos que devem ser implementados na reta final de 2023. As expectativas são promissoras, até porque, tradicionalmente, trata-se de um período mais aquecido para as vendas do varejo.
Pensando nas datas comemorativas, importantes para ativar os negócios, temos pela frente alguns dos eventos mais relevantes do ano, como a Dia das Crianças, Black Friday e Natal.
Contudo, ainda que a tendência seja de crescimento, o cenário exige atenção das empresas. Ou seja, será preciso ter boas estratégias para atrair o público e, principalmente, vencer as eventuais resistências.
Isso porque a cautela por parte do consumidor tem sido uma marca importante de 2023 e deve permanecer no segundo semestre. E esse comportamento justifica-se: o cenário econômico ainda é instável, até em razão dos impactos do período da pandemia, principalmente em relação ao poder aquisitivo da população.
Quais as expectativas para o segundo semestre?
Olhando para o mercado de consumo, há bons indícios da retomada das vendas num ritmo mais forte nos próximos meses.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas – CNDL – mostra que os consumidores estão mais otimistas: 71% dos brasileiros devem gastar mais neste segundo semestre em relação aos primeiros meses deste ano, com destaque para alimentação (66%), saúde (39,8%) e eletrodomésticos (34,9%).
Ao indicar os períodos em que as compras devem ser realizadas, os entrevistados destacaram, justamente, Dia das Crianças, Dia dos Pais, Black Friday e, por último, o Natal, o que confirma a importância das datas comemorativas.
Quanto às prioridades, elas são semelhantes às do primeiro semestre: alimentação (58%), educação (37%) e saúde (34), ou seja, o que está na mira neste momento são os itens básicos.
E, confirmando a questão da cautela, o consumidor deve continuar privilegiando produtos com valores mais acessíveis e promoções (36,5%), seguidos pelo cashback (17,5%) e qualidade (14,8%).
A pesquisa, realizada pela Trigg para avaliar a movimentação do mercado no segundo semestre, também indica que as compras online continuam sendo o canal de vendas de preferência dos consumidores.
Por que o omnichannel deve manter-se entre as prioridades das empresas?
O e-commerce continua com papel de destaque quando as perspectivas para o mercado de consumo são analisadas. Isso se deve, principalmente, à consolidação do comportamento omnichannel do consumidor.
A partir daí, o que se espera é que as pessoas continuem transitando entre os canais e valorizando as vantagens oferecidas pelos diversos pontos de venda.
Olhando para as empresas, no entanto, é importante destacar que a concorrência no digital tornou-se mais acirrada.
Ainda não há dados atualizados sobre 2023, mas em 2022 a Abcomm registrou a abertura de 36 mil lojas virtuais no Brasil, o que levou o mercado à marca de 565.300 sites de comércio eletrônico registrados no país – isso representou um crescimento de 6,82% em relação a 2021.
A boa notícia é que as operações também têm um volume bem maior de consumidores virtuais. De 83,79 milhões em 2022, e a estimativa é de que eles cheguem a mais de 102 milhões em 2027.
Um primeiro aspecto a ser observado sobre o que fazer para sair na frente na disputa pela atenção desse público é a necessidade de analisar com mais atenção o consumo via mobile. Ele já representa 55% de todas as vendas, contra 45% do desktop, e a tendência é de crescimento.
Quais são as estratégias mais assertivas para o segundo semestre?
Ao se analisar as oportunidades para as empresas, alguns pontos devem ser priorizados no desenvolvimento das estratégias:
1. Experiência do cliente
Essa questão tem exigido mais cuidado de todas as operações, uma vez que a experiência do cliente é um fator essencial para a diferenciação entre as marcas.
Um aspecto relevante nesse sentido é planejar ações que garantam o nível de satisfação do cliente em todos os pontos de sua jornada de compra.
Cada estágio depende de iniciativas específicas e, cada vez mais, deve-se priorizar a personalização das experiências.
Olhando para as possibilidades do digital, isso significa saber explorar as oportunidades oferecidas pelas soluções para fazer abordagens mais assertivas.
Com a evolução da tecnologia, temos visto, por exemplo, estratégias bem mais elaboradas a partir do emprego dos dados dos clientes.
Ao aliar o uso dessas informações com a utilização de ferramentas como o WhatsApp, as marcas tendem a aumentar seus resultados de conversão.
Os investimentos nessa frente devem ser priorizados, considerando que, como têm confirmado os estudos, uma boa experiência faz com que os clientes gastem mais.
Segundo estudo da PWC, 86% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por uma ótima experiência do cliente. E quanto mais caro for o item, mais eles estarão dispostos a pagar.
O estudo também confirma que a experiência influencia as compras por impulso – 49% dos compradores fizeram compras por impulso depois de receber uma experiência mais personalizada.
2. Planejamento para as datas comemorativas
Garantida a qualidade da oferta, outro ponto importante é preparar a abordagem do consumidor. Consumidores mais cautelosos exigem que as empresas sejam mais assertivas em suas ações de comunicação.
Além de considerar a diversidade do público e a necessidade de customização, é importante ter um planejamento cuidadoso para as datas comemorativas. Considerando o aumento do tráfego nesses períodos, os eventos devem ser preparados com antecedência.
Essa é a garantia de que a empresa conseguirá ter ofertas diferenciadas, o que demanda prazo para a produção ou para a negociação com os fornecedores, além de cuidar da ambientação de seus pontos de vendas e, claro, organizar as campanhas.
Num período no qual o social commerce ganha relevância, as marcas devem usar a seu favor também a força do compartilhamento das experiências.
Quanto maior a antecedência, mais condições a empresa tem de explorar o potencial das diversas possibilidades que existem no digital.
Na organização do calendário, é importante avaliar as ações para estas datas:
Primavera/verão
Ainda em setembro, vale estudar a possibilidade de fazer ações com foco na virada de estação. A chegada da primavera, no dia 21 de setembro, pode ser usada para ações de aproximação com os clientes.
Esse período de mudança do clima é especialmente importante para o varejo de moda. Se esse é o seu segmento, é provável que já tenha organizado a troca de estoque. Mas está pensando em ações para promover as novidades? O seu e-commerce está devidamente tematizado?
Dia das Crianças
A data é relevante para quem tem produtos voltados para o público infantil, mas também é possível usar o tema para outras categorias de produto.
Além das iniciativas voltadas para as crianças, por que não fazer algo que remeta às lembranças de infância do público?
As redes sociais podem ter ações específicas para a data, afinal, é uma oportunidade de interagir com o público, propor abordagens bem-humoradas.
Trabalhar com elementos lúdicos nessa época é uma opção, até porque as pessoas começam a entrar no clima de brincadeira.
Halloween
Essa mesma linha de raciocínio do Dia das Crianças também vale para os festejos do Halloween.
Principalmente para o público jovem, estamos falando de uma data que atrai a atenção e, se houver alinhamento com o propósito da marca, pode render boas ações.
O que predomina nessa estratégia é o entendimento de quanto mais oportunidades de interagir com o seu cliente, melhor. É uma forma de manter a marca na lembrança.
Black Friday
Principal data para o comércio eletrônico mundial, a Black Friday exige atenção redobrada de todas as áreas.
A oferta de produtos com preços competitivos é regra básica para ter sucesso no período, mas é importante também buscar formas de destacar a marca da concorrência.
E, além de ganhar novos clientes, é importante cuidar daqueles que são fiéis à marca.
Natal
Uma das vantagens do período natalino é que existem boas oportunidades para diversos nichos de produtos. Além dos presentes e dos gastos com a arrumação da casa, é uma época na qual o consumidor tem mais dinheiro no bolso, por causa da segunda parcela do 13º.
Olhar com mais atenção para essas oportunidades no segundo semestre é uma forma de as empresas recuperarem os níveis de faturamento em 2023.
Apesar das expectativas mais promissoras para o período, como vimos, os resultados vão depender do direcionamento das estratégias.
O e-commerce tem enorme potencial de crescimento no Brasil, mas, para isso, as empresas devem focar na experiência do cliente e em iniciativas que a ajudem a se destacar da concorrência.