No último ano, a compra e venda de veículos seminovos teve um aumento expressivo entre consumidores e concessionárias. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), em 2021, foram comercializadas 15.106.724 unidades, representando um resultado 17,8% superior ao obtido em 2020. O levantamento também mostra que esse crescimento é o mais proeminente na trajetória do segmento – em média, o aumento é de 3% a 4% ao ano.
Sem dúvidas, esse é um dos efeitos que a pandemia trouxe para o setor automotivo. Com a falta de matéria-prima, como chips semicondutores que colocaram a montagem de 1,3 milhão de automóveis e vans em risco globalmente de acordo com a consultoria IHS Markit, as fábricas e montadoras tiveram que parar a produção de veículos novos, fazendo com que o mercado de seminovos e usados ganhasse maior destaque. Por sua vez, a escassez de insumos aumentou a demanda de pedidos. Esse fato acabou exigindo um tempo maior do que mais de seis meses para a entrega de veículos às concessionárias. Isso afetou as vendas para o consumidor final, que se viu em filas de espera.
O fato é que vender carros usados se tornou uma saída para as concessionárias manterem suas vendas e receitas. Principalmente por diferentes canais online, como sites com showroom, redes sociais, aplicativos de mensagens, e-mail marketing, entre outros meios. O ambiente digital oferece possibilidades como facilidade para anunciar para uma base maior de pessoas, melhor visibilidade dos veículos, conexão com o comprador certo, além do aumento de faturamento e redução de custos, já que é uma operação que requer menor estrutura.
Embora a previsão para que a produção de veículos zero quilômetro se normalize apenas no segundo semestre deste ano – ainda com a falta de chips e insumos se prolongando até 2023 -, a boa notícia é que o modelo de vendas de veículos online veio para ficar. E a tendência é de que ele cresça ainda mais, porém, é preciso ter um equilíbrio na oferta dos preços dos seminovos e buscar novas fontes para venda.
Um bom exemplo disso é o famoso modelo de repasse. Normalmente, quando uma pessoa adquire um veículo novo, deixa seu usado como entrada. Antes, esses veículos de troca eram repassados rapidamente para lojistas. No entanto, devido à alta demanda e escassez de produtos, esse estoque virou parte das ofertas principais das concessionárias. Uma alternativa diante do cenário atual foi incentivar as pessoas a venderem seus carros para empresas revendedoras que oferecem maior segurança, praticidade, agilidade na documentação, pagamento e avaliação do veículo.
Com a normalização da transformação digital das concessionárias e revendedoras, ficou muito mais fácil atrair tanto o cliente-vendedor quanto o consumidor, que hoje podem contar com showrooms digitais de marcas conhecidas para iniciar uma transação de compra e venda com processos de avaliação, precificação e pagamento muito mais personalizados e seguros.
Hoje, há no mercado diversos modelos de negócios que profetizam a venda de veículos nos meios digitais e facilitam ainda mais a vida das pessoas compradoras e vendedoras de carros, motos e afins. A Kantam, por exemplo, é um marketplace de compra e venda de veículos recém-lançado que tem esse papel. Com alguns poucos cliques, o cliente-vendedor consegue realizar uma simulação e iniciar o processo de venda de seu veículo 100% online.
Isso, de certa forma, dará mais fôlego às concessionárias e aos clientes que estão aguardando há meses seus veículos novos. Sobretudo, esse é um cenário que está para mudar com o retorno da produção de veículos pelas principais montadoras do país. É o caso da Stellantis e da General Motors (GM). O mercado irá se regularizar e, consequentemente, a demanda por veículos usados se estabilizará em relação ao valor. Mas não dá para negar que, com o surgimento de novos modelos de venda online, o mercado automotivo ganhou uma nova roupagem e ampliou suas possibilidades de se aproximar de potenciais consumidores.
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