A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) tem intensificado sua atuação para além do agronegócio e reforçado a presença de produtos e serviços brasileiros no mercado chinês. Um dos destaques dessa estratégia é a estreia do filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional, na China. A produção brasileira chega ao país neste sábado (26) com ingressos esgotados, figurando entre as 34 obras audiovisuais estrangeiras liberadas anualmente pelo governo chinês.

A ação é resultado do trabalho conjunto entre a ApexBrasil e a Embaixada do Brasil em Pequim. “A Apex tem atuado de forma proativa para ir além do setor agro, que já é consolidado na China. Trabalhamos em parceria com a Embaixada para promover o audiovisual brasileiro. Após muito empenho, conseguimos viabilizar a estreia do filme, que teve os ingressos esgotados em duas horas”, afirmou Victor Queiroz, chefe do escritório da agência no país asiático.
Durante o painel “Investir no Brasil”, realizado no Summit Valor Econômico Brazil-China 2025 em Xangai, Queiroz reforçou que a meta é ampliar o escopo de exportações brasileiras, apostando em setores como pescados, frutas, couro e produtos manufaturados. Ele antecipou que uma nova liberação para o setor de pescados está prevista, embora os detalhes ainda não possam ser divulgados.
Diversificar para crescer
Apesar da relevância do mercado chinês — responsável por 28% do valor total exportado e 41,4% do superávit comercial brasileiro em 2024 — as vendas seguem concentradas em commodities. Soja, petróleo bruto e minério de ferro representam 75,6% do volume total exportado à China, segundo a Apex.
Para mudar esse cenário, a agência tem direcionado esforços para a inserção de produtos de maior valor agregado, com destaque para o e-commerce e a indústria. Entre as ações programadas, está uma missão de startups brasileiras à China no segundo semestre.
“A Apex não está focada apenas no agro. Estamos desenvolvendo ações em tecnologia, indústria e inovação. Teremos muitas iniciativas envolvendo startups brasileiras”, diz Queiroz.
Já Rui Gomes, presidente da Invest São Paulo, ressalta que a guerra tarifária entre Estados Unidos e China cria uma janela de oportunidade para o Brasil. Segundo ele, o país pode atrair capital chinês com segurança jurídica e projetos estruturantes.
“Há grande interesse em setores como indústria automotiva, mobilidade urbana e geração de energia. Já há players chineses de olho em projetos como o trem intermunicipal e o túnel imerso Santos-Guarujá”, afirma.
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