O entendimento de que trabalhar mídias sociais é imprescindível para atingir o consumidor começa, aos poucos, a atingir marcas. Seja no varejo físico ou e-commerce, planejamentos voltados ao social commerce são cada vez mais aplicados e bem vistos no mercado. Este foi um dos assuntos trazidos no BuzzSummit, evento promovido pela Buzzmonitor nas últimas semanas.
Com executivos atuantes nos segmentos de varejo, tecnologia e publicidade, a Buzzmonitor debateu uma série de assuntos. Em relacionamento mais direto com o e-commerce, estão o social commerce como estratégia importante nos dias atuais e a aplicação da Inteligência Artifical (IA) como auxiliar cotidiana.
O funcionamento do Social Commerce
A experiência de compra não é, há certo tempo, somente expôr produtos e esperar que o consumidor convença a si mesmo da compra. O surgimento das mídias sociais é um dos pontos responsáveis por alterar ainda mais esse panorama.
Neste aspecto, estratégias de social commerce são cada vez mais incorporadas ao dia-a-dia de marcas, mesmo que já consolidadas em seus segmentos há anos. É o caso da RiHappy, que compreendeu o entretenimento que esse tipo de abordagem necessita e o retorno positivo que poderia ter com ela.
“Queremos encantar os clientes, entregando o que eles querem e buscando essa informação diretamente. Para isso, a realização de transmissões ao vivo (lives) e ações nas mídias sociais acabam fidelizando essa base”, afirma Renata Barreiro, gerente de Negócios Digitais da RiHappy.
A executiva acredita que essa dinâmica cria laços mais fortes com os consumidores e cria verdadeiros parceiros da marca. Aquele canal, portanto, fica responsável por uma conversão ainda mais personalizada.
Já em outro segmento, como fica esse tipo de estratégia? De acordo com Ana Cecília de Paula, head de Marketing da Petz, a compreensão sobre o alto valor do social commerce é a mesma. Isso acontece pela mudança do consumidor em seu comportamento e na relação com as marcas.
No caso específico da Petz, os animais de estimação ganharam ainda mais espaço na vida dos tutores nos últimos anos. As mídias sociais também estão envolvidas neste processo.
“O social commerce, na prática, ajuda clientes que não tem tempo de irem à loja física ou visitar o e-commerce, mas estão conectados em outros canais. Essa é uma estratégia que fura a bolha e nos ajuda a ir de encontro com estes clientes. Ainda há fricção e muitas camadas na jornada de compra, então podemos melhorar muito mais”, salienta a executiva.
A conversa também tem em seu rumo o uso de dados, situação curiosa e que atualmente ganhou um capítulo de mais restrição com a Lei de Proteção Geral de Dados (LGPD). A “coleta” de informação dos usuários, por assim dizer, ficou mais burocrática.
A visão de Marcio Garcez, diretor de Negócios da Meta, é exatamente essa. A restrição de dados, segundo ele, reforçam um momento de inflexão e mudança do paradigma social. Os questionamentos sobre o compartilhamento aumentaram e o social commerce ganhou um desafio.
“Ter os dados e com a devida permissão dos clientes é o primeiro passo. Os ganhos com personalização e impacto por meio de mensagens e vídeos são ações práticas que o social commerce aplica com base na coleta destas informações”, diz.
IA como aliada?
Para Bruno Braga, diretor de Novos Negócios & Marketing da Buzzmonitor, as discussões promovidas pelo evento são importantes dada a proximidade com datas comerciais importantes pela frente. Com isso em mente, sobre IA, o executivo comenta como sua aplicação pode ajudar o e-commerce brasileiro.
“Para a Black Friday deste ano, por exemplo, acredito que é possível buscar ferramentas que a utilizem. A ideia é tornar mais simples a análise de informações e monitoramento. Com devido direcionamento específico, cada marca pode extrair dados ainda mais relevantes para si e alcançar objetivos de maneira mais rápida”, explicou à reportagem do E-Commerce Brasil.
Durante o painel que abordou o assunto, mediado por Braga, a ferramenta foi tratada como possível “amplificador” da produtividade. De acordo com Babi Tonhela, senior manager da Nuvemshop Brasil, a IA já está entrelaçada com seu cotidiano em ações mais repetitivas.
Para ela, todas as empresas devem cogitar investir em novas tecnologias do tipo, pensando em acompanhar a evolução e aprender durante o processo.
“Estudar e se especializar mais nas formas de usar a IA contribui não só para produção, mas também na extração de respostas melhores. A tecnologia torna o profissional ainda mais capacitado”, afirma.
Na mesma linha de pensamento, Valter Andrade, diretor de Análise & Dados da Visa, complementa com o que acredita ser a principais possibilidades fornecidas pela Inteligência Artificial.
“Personalização, gestão de produtos e segmentação são setores que a IA pode influenciar positivamente em marcas. Para isso, é necessário também seguir com um pensamento data-driven, ou seja, baseado em dados. É assim que caminhos mais assertivos são traçados dado o momento de cada empresa”, comenta.
Por fim, Gui Rios, fundador e diretor executivo da SA 365, reforça que implantar a IA em processos não é o mesmo que substituir papéis e funções ocupadas por profissionais. Como Babi e Andrade, o executivo acredita em fornecer mais agilidade, mas sendo necessário tempo para isso.
“A mão de obra precisa se adaptar e isso é um dos principais desafios com a IA. Além disso, compreendê-la é importante para destinar ferramentas precisas para cada problema ou necessidade. Isso economiza tempo e torna o investimento tecnológico mais certeiro”, pontua.