Qual a única coisa que todas as pessoas, de todos os lugares, de todos os jeitos têm em comum? A vida. Convidado ao segundo dia do Fórum E-Commerce Brasil, quarta-feira (26), Clóvis de Barros Filho, professor de ética, falou sobre “a vida que vale a pena ser vivida”.
O fato de estarmos vivos foi o centro da palestra do professor. Abordando cincos valores da vida, a palestra foi aberta com um questionamento:
“Em momentos de desespero, alguém questiona: por que resistir tanto? O que você tem para me oferecer? Porque eu cansei de sofrer”.
O desejo
Começando pelo desejo, o professor explica que o desejo é aquilo que nos acompanha o tempo todo, é uma constância na vida. A energia que mobilizamos, nossa potência, o apetite de viver. Quando resistimos estamos vivendo, quando lutamos por recursos, tudo isso caracteriza o desejo.
“Todas as forças para continuar de pé são desejo”, afirma Barros. O desejo em si se confunde com a própria vida, portanto, somente quando o desejo acabar de verdade vai significar que a vida acabou de verdade.
Prazeres
O segundo valor é o prazer. Todas as pessoas buscam pelo prazer, ele é patrocinador de momentos agradáveis. Porém, para que haja prazer é necessário que uma carência seja suprida, portanto, significa que haverá sofrimento em um primeiro momento.
Como exemplo prático, o professor elucida: um gole d’água será o mais prazeroso quando estivermos morrendo de sede. As pessoas são capazes dos sentimentos de maior prazer quando existe a falta, para vivermos o máximo prazer precisamos antes sofrer.
O mesmo conceito é aplicado em diferentes áreas, o conhecimento, a filosofia, o comércio. Quanto maior a busca maior será o prazer com as respostas. “Quando há prazer, a vida é melhor do que quando há dor”.
Ademais, o explicador esclarece ser preciso tomar cuidado para não exceder os prazeres do amanhã. A sabedoria se encontra nos prazeres simples, pois é mais fácil e provável que você tenha a simplicidade à disposição.
“A grande sabedoria não está no prazer, mas na capacidade de ter prazer nas coisas óbvias”, finaliza o filósofo.
A natureza
As células e os cromossomos compõem o terceiro valor, a natureza. Nossa composição física é um grande patrimônio, ela permite a realização de determinadas atividades e processos. A natureza se traduz em talentos, aptidões especiais para cada um de nós, sendo que todos já nos pertencem.
O filósofo se questiona, porque quase ninguém segue sua natureza? A maioria das pessoas acredita que a sociedade premia, remunera, aquilo que consideram relevante. Portanto, segundo Barros: “se você diz que a sociedade premia só o importante, podemos concluir que colocar uma bola dentro do gol é fundamental, mas explicar não vale de nada”.
É possível saber quais talentos e habilidades as pessoas possuem, porém, para que as pessoas explorem o que elas possuem de melhor, é necessário coragem, não se curvar diante da imposição dos outros.
“Mudaram de ideia, a sociedade vai mudar de ideia. As pessoas devem apostar em si mesmas, são pessoas merecedoras de aplausos”, enfatiza o professor.
Buscando a excelência
Como quarto valor da vida, a excelência assume o posto. Clóvis defende que é necessário tirar o máximo de si, ir atrás do melhor de si que seja possível.
A palavra da vez é aretê. Originária do grego, o termo faz referência ao conceito de excelência ligado ao cumprimento de um propósito individual para cada um.
Além disso, o professor completa, “é imprescindível que, quando você se olhe no espelho, você se alegre; precisamos ter o hábito de nos dar nota alta”.
Barros instrui: “Ninguém conhece você melhor do que você mesmo, existe uma dignidade que somente nós podemos conferir nós conferir”.
O poder de servir
O quinto valor é o serviço ao outro. Ao entregar, proporcionar, ajudar, oferecer algo para o outro a geração de valor está acontecendo. E o valor reside na circulação, o que as pessoas fazem não deve ser somente para elas e é dessa maneira que os indivíduos são capazes de contribuir com uma humanidade melhor.
“Um dia você faz as pessoas sorrirem, promovendo uma lucidez que sem aquela pessoa não seria possível”, termina o professor.
Para encerrar sua palestra Clóvis traz um ponto crucial, a felicidade. Nossa potência aumenta, a vontade de viver vai para cima, mas como as pessoas conseguem entender se são felizes?
Para o professor é simples, “somos felizes quando lamentamos que algo acabe; a felicidade é buscar algo que já acabou”