O consumo nos lares brasileiros avançou 4,56% em agosto de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Na comparação com julho deste ano, o crescimento foi de 2,08%. No acumulado do ano, o indicador apresenta alta de 2,68%.

Fatores conjunturais e renda
A expansão foi influenciada pela melhora do emprego e da renda. A taxa de desocupação recuou para 5,6%, o menor patamar da série iniciada em 2012. No trimestre encerrado em julho, houve aumento da população ocupada.
A renda também foi reforçada por medidas de transferência e restituição, como o terceiro lote do Imposto de Renda, que destinou R$ 10 bilhões a 7,2 milhões de contribuintes, o pagamento do PIS/Pasep, o Bolsa Família no valor de R$ 12,86 bilhões, o Auxílio Gás e a devolução de R$ 1,29 bilhão a aposentados e pensionistas do INSS por descontos indevidos.
Inflação e alimentos
O IPCA registrou queda de 0,11% em agosto. Em alimentos e bebidas houve a terceira retração consecutiva, de 0,46%. O Abrasmercado, que acompanha o preço de 35 produtos de largo consumo, caiu 1,06%, de R$ 813,44 em julho para R$ 804,85 em agosto, com retração de 6% no período.
As carnes foram as principais responsáveis pela queda, com redução em frango congelado e cortes bovinos dianteiro e traseiro. Já pernil e ovos registraram altas de 0,76% e 1,66%, respectivamente. No hortifrúti, tomate, cebola e batata tiveram recuo de 13,39%.
Por regiões, o Nordeste registrou a maior queda mensal, de 1,72%, com a cesta caindo de R$ 728 para R$ 715. O Norte recuou 1,50%, o Sudeste 1,23%, o Sul 0,67% e o Centro-Oeste 0,66%.
Cesta de alimentos básicos
A cesta de 12 alimentos básicos monitorada pela ABRAS, que inclui itens como arroz, feijão, açúcar, café, leite, massas e óleo, passou de R$ 351,88 em julho para R$ 348,17 em agosto, variação de -1,05%. No acumulado de 12 meses, o aumento foi de 10,75%.
Dados da Nielsen mostram queda no preço médio do feijão, de R$ 7,01 para R$ 5,95, e do arroz, de R$ 6,01 para R$ 4,35, entre agosto de 2024 e agosto de 2025. O café, no entanto, segue em alta.
Perspectivas para o segundo semestre
A ABRAS projeta que o consumo deve ser impulsionado por datas sazonais como Dia das Crianças, Dia do Supermercado (12 de novembro), Black Friday, Natal e Ano-Novo. Em setembro, frutas e verduras ficaram 5,46% mais baratas no país, com maior variação no Norte, de -7,56%.
Entre os fatores de reforço de renda previstos estão a continuidade da restituição do Imposto de Renda, a transferência do programa Gás do Povo, o saque de R$ 114 milhões do PIS/Pasep para 90 mil trabalhadores e o pagamento do 13º salário aos empregados formais.
Impacto externo
Márcio Milan, vice-presidente da ABRAS, destacou o efeito das tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Segundo ele, o movimento tem contribuído para a queda dos preços internos em alguns itens básicos.
“Vemos em agosto uma terceira retração dos preços. A produção nacional de grãos bateu recorde, e mesmo o café, que vinha em alta, apresentou redução em relação ao ano passado. Esse movimento mostra que o tarifaço está trazendo benefício do recuo de preço, o consumo das famílias tem aumentado e isso contribui para a cadeia”, conclui.